Por que voar quando você pode engatinhar? Este morcego curioso prefere o chão

Os morcegos são os únicos mamíferos na Terra que podem usar seu próprio poder para voar. Claro, existem esquilos voadores, lêmures e até cobras, mas eles de fato plainam. Os morcegos são uma raridade incrível no reino animal, o que torna ainda mais estranho quando alguém decide passar tanto tempo caçando no chão da floresta quanto no céu acima. Conheça o morcego-menor-de-cauda-curta (Mystacina tuberculata), a espécie rara da Nova Zelândia que parece estar aproveitando sua maior vantagem evolutiva para se tornar um dos morcegos mais terrestres do mundo.

O morcego-de-cauda-curta é uma das várias espécies exclusivas da Nova Zelândia que parecem não levar o vôo tão a sério. Mas enquanto o país é conhecido por sua variedade de aves que não voam, como o quiuí e o kakapo, o morcego-menor é um dos apenas dois -possivelmente três- mamíferos silvestres que restam no país.

Há o morcego-de-cauda-longa da Nova Zelândia (Chalinolobus tuberculatus), cuja ecolocalização atinge uma frequência tão baixa que alguns humanos podem até ouvi-lo, e o morcego-de-cauda-curta-maior (Mystacina robusta), que não é avistado desde 1965, e agora é muito provável que esteja extinto.

É uma imagem muito diferente do que o registro fóssil pinta para a antiga Nova Zelândia, onde várias espécies de morcegos viveram, além deste peculiar mamífero, semelhante a um rato.

A falta mais recente de mamíferos nativos na Nova Zelândia é provavelmente o motivo pelo qual o morcego-de-cauda-curta acabou desse jeito, antes que os humanos introduzissem espécies como ratos e cachorros, o solo era tão seguro para esses carinhas quanto o céu.

Morcegos-de-cauda-curtsão extremamente felpudos e pesam cerca de 12 a 15 gramas. Eles são facilmente distinguidos de seus parentes de cauda longa por suas orelhas grandes e pontudas.

Eles se empoleiram em ocos de árvores, sozinhos ou em colônias de mais de 100, e são considerados criadores de lek, um termo que se refere à palavra sueca para "brincar", que descreve grandes grupos de machos se reunindo para realizar danças competitivas e exibições para cortejar as fêmeas.

A versão menor do morcego-de-cauda-curta desse comportamento do lek é o "canto" em grupo. Um estudo recente encontrou evidências de que os machos competem pelos postos de canto tradicionais, onde riem por longos períodos de tempo para atrair uma fêmea.

Eles são apenas uma das duas espécies de morcegos no mundo que se acredita terem um comportamento de acasalamento em lek. Quando não estão cantando com o coração em seus cargos duramente conquistados, os morcegos-de-cauda-curta estão caçando insetos ou procurando frutas, néctar e pólen.

Eles se alimentam à noite e normalmente passam cerca de 40% do tempo se alimentando de plantas, 30% caçando insetos no chão da floresta e 30% caçando insetos no ar. Mas mesmo no ar, eles não tendem a subir mais do que 2 metros.

Para se locomover no chão da floresta, eles dobram suas asas sob uma membrana protetora de couro, transformando seus antebraços em pernas dianteiras improvisadas. Seus polegares terminam em grandes garras, assim como suas patas traseiras, que lhes permitem rastejar no chão e subir em árvores com relativa facilidade.

A triste notícia é que esses pequenos morcegos agora são classificados como vulneráveis, ocupando apenas 30% de seu alcance original. E o que torna os esforços de conservação tão importantes para a espécie é o tempo que ela está se mantendo. Fósseis bizarros de um morcego gigante encontrado perto de Central Otago, na Ilha Sul, em 2015, sugerem que essas criaturas rastejam pelas florestas da Nova Zelândia há pelo menos 16 milhões de anos.