Nos últimos dois meses, 42% dos coelhos da Austrália morreram vítimas de um vírus tão letal como o Ébola e tão contagioso como a gripe. Soa apocalíptico, mas é produto de uma ação intencionada do governo australiano. Era isso ou a extinção de até 300 espécies autóctones. Ainda que em outros países achamos que são adoráveis, na Austrália os coelhos são uma verdadeira praga, um problema muito grave iniciado pela mão do homem, lógico. |
Em 1859, o colono britânico Thomas Austin introduziu 24 coelhos europeus na Austrália. Hoje calcula-se que há 150 milhões. Sem predadores naturais que controlem suas populações, os coelhos se reproduziram a tal ritmo que ameaçam a sobrevivência de até 300 espécies de animais e plantas. 24 dessas espécies estão em situação crítica. Isso por não mencionar danos à agricultura que chegam a 200 milhões de dólares ao ano.
Incapazes de controlar a superpopulação com armadilhas, cercas ou caçadores, as autoridades australianas optaram pela guerra biológica. Em 1951, introduziram a mixomatose -uma doença mortal dos coelhos descoberta no Uruguai- e conseguiram reduzir muito a população. Lamentavelmente, alguns exemplares sobreviveram e se tornaram imunes ao patogênico e seu número voltou a disparar.
Em março deste ano, o Departamento de Indústrias Primárias de Nova Gales do Sul (o equivalente ao nosso Ministério da Agricultura) libertou um vírus chamado RHDV1 K5 em 600 pontos da Austrália. O K5 é uma variante de um patogênico hemorrágico descoberto na Coreia do Sul. Só afeta os coelhos, mas é letal. Os animais morrem em 48 horas e sua taxa de mortalidade é próxima a 90%.
Coelhos bebendo em um charco na Austrália em 1938. Via: Rewilding Austrália
Os dados preliminares depois de quase dois meses de atividade do patogênico sugerem que morrido já 42% dos coelhos nas zonas tratadas com o vírus K5.
A medida parece funcionar bem, mas os biólogos fora da Austrália observam a dispersão do K5 com crescente preocupação. O vírus não afeta os seres humanos, mas é letal para os coelhos e o resto do mundo não tem o mesmo problema com estes animais.
Na Europa, por exemplo, a propagação de um patogênico dessas características seria desastrosa para os coelhos silvestres. Ainda que estes pequenos mamíferos não estejam em perigo de extinção, muitas outras espécies que se alimentam deles como o lince ibérico seriam seriamente afetados por um súbito decréscimo do número de presas.
A superpopulação e coelhos provoca sérios danos na vegetação. Via: Rabbitfree Australia
Que possibilidades há de que o K5 saia de Austrália? O problema é que patogênicos não entendem essa coisa de fronteiras e o usado na Austrália é capaz de sobreviver meses no meio ambiente. Qualquer australiano poderia levá-lo para a Rússia, Estados Unidos e inclusive para o Brasil, colocando em risco o nosso bravo tapiti (Sylvilagus brasiliensis).
Só para que se tenha uma ideia, em 1952, um médico aposentado francês, chamado Paul-Félix Armand-Delille, não teve melhor ideia do que inocular dois coelhos com mixomatose em suas terras para se livrar dos coelhos e lebres, após ver o sucesso na Austrália. O vírus estendeu-se por toda a Europa e chegou a aniquilar 99% dos coelhos silvestres de algumas regiões. E se isso já não fosse o bastante, alguns biólogos temem que o vírus K5 possa mutar em variantes ainda mais letais para os coelhos.
Fonte: Northern Daily.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
A prova que não querem solução para a fome. Imagina! Mataria a fome na África! E lá tem bastante predador!
Acho dificil uma doença que ataque so uma especie. Deve atacar outro animal silvestre. ou pode ter mutação e atacar ate humanos.
Vai dar merca, vai dar merca, vai dar merca, vai dar merca, vai.
Vai dar merca, vai...
Vai dar merca, vai dar merca.
O ser humano consegue ser de uma estupidez atroz, só sabe resolver tudo a matar e chegámos ao ponto de matar animais com vírus propositadamente! Em vez de controlarem a população de coelhos através de contraceptivos e/ou esterilização, não vamos lançar uns virusitos e matà-los de uma só vez mesmo que isso implique uma morte DOLOROSA E AGONIZANTE! Bestas de merda.E isto num país desenvolvido. Pois, parece que também já andam a fazer o mesmo com as pessoas! Quando não houver nada nem ninguém ao cimo da terra ficam felizes! E ninguém faz nada!!!!