MDdig Sucursal São Paulo – Primeiro encontro

Através de e-mails fui convidado para discutir a possibilidade de eleger um local fixo para os encontros de leitores do Mdig em São Paulo. Naquela noite, senti que poderia levar um cacete de quem me convidava, afinal não sou o que se pode chamar de um sujeito popular entre as classes menos favorecidas intelectualmente, já que me considero um poço de sapiência, com um cérebro acima da média...devo dizer que a modéstia também é um dos meus pontos fortes.

Ao chegar no local, deparo com um estabelecimento em estilo art noveau com pinceladas barrocas, decorado com o melhor da cultura kilt. Um balcão finamente decorado com copos de cachaça, potes de picles e televisão de mosquito, que naquele momento assistiam a última coxinha do dia...desnecessário dizer que a coxinha parecia com tudo, menos com o empanado de bípede empenado.
Sobre a geladeira "Clímax" vermelha, tinha não um...mas uma família inteira de pingüins e dentro da mesma repousava um naco de "mortandela", como depois os próprios fregueses me disseram.
O piso do local era um capítulo à parte. Todo em caquinho vermelho, rejuntado com cimento queimado na mesma cor.
Por toda a parede, que eu não consegui identificar a cor, estavam exibidos cartazes de Tatuzinho, Jurubeba Leão do Norte, Nova Schin e outros engasga gatos menos conhecidos. Por trás do balcão, se erguia uma barriga enorme, e acima da barriga havia uma cabeça...destas cabeças normais que vimos por aí...só que por trás daquele sorriso que se mostrou muito receptivo para ele e não tanto para mim, havia um sujeito de nome Amadeus. Depois de algum tempo vim, a saber, que Amadeus era italiano, mas para mim, tinha uma aparência putaqueparilmente lusitana.
Adentrei ao local e após passar pela ala afronegona da casa, deparei com três sujeitos caquéticos a me bisolhar.
Achei naquele momento que eu havia errado o local e pensei comigo:
"Caralho isto aqui não é um boteco...isto aqui é uma sala de espera de uma clínica geriátrica"...Devo dizer que 2 séculos de porraloquice misturados com vinho barato me observava.
O que estava sentado em uma cadeira de rodas, lembrava a figura do Dr. Smith de "Perdidos no Espaço". Era um sujeito magrelo, com a face rosácea, que parecia que tinham jogado álcool, tacado fogo e apagado a pauladas.
Atrás dele, um indivíduo repousava sua mão direita sobre o seu ombro e com a esquerda tilintava seu mamilo, fazendo com que o Dr. Smith ruborizasse ainda mais e soltasse gemidos agudos quase inaudíveis, porém com uma carga erótica marcante.
O indivíduo que afagava o mamilo alheio era loiro (coleston loiro escandinavo Fator 24) e tinha jogado por sobre o seu ombro uma irritante capa em cetim verde limão e com as pontas unidas por uma correntinha barata da 25 de Março. Vestia também um bustiê de lycra com duas letras maiúsculas entrelaçadas escrito "CZ", uma meia arrastão pink, um par de escarpins de "prástico" tipo melissinha e pra completar esta merda toda... uma cueca cravejada de paetês multicoloridos por cima do conjunto. Ah, não pude deixar de notar também uma coisa amarela riscada logo abaixo de seu nariz, que ele insistia em chamar de bigode. A terceira figura estava recostado no balcão, com o cotovelo molhado de cerveja, uma rodela imensa de suor na região suvacal, pois a sua camisa era de viscose e não tirava o olho do Amadeus. Gargalhava alto e nervosamente, fazendo voar naquinhos de tremoço por cima dos outros fregueses.
Parei a frente deles e perguntei:
- Por acaso, alguém de vocês conhecem o Emílio, vulgo Evil?
O cadeirante respondeu:
- É cobrador???...pois se for, num tem ninguém com este nome aqui!
E antes dele esboçar qualquer reação do tipo "to-por-cima-da-carne-seca-neném"... mandei um caloroso "então-vão-os-tres-tomar-no-cú".
Numa fração de segundos nos entreolhamos e após breve silêncio caímos na gargalhada, nos abraçando efusivamente... nos encoxando languidamente... nos apalpando sofregamente. Uma verdadeira confraria heterossexual!!!
Estávamos ali travando um contato histórico...diria até epistolar, pois se tratava do primeiro encontro de posteiros e comentereiros do MDIG.
Zequinha Cypriano, Evil, Lampa e Capitão Zero...com participação mais que especial de Amadeus...o dono da bodega.

Não percam o próximo e último episódio: "MDig sucursal São Paulo - A Fundação"