A dieta genética funciona?

Tão logo vai se aproximando o verão, chega com ele um código e uma característica indumentária, digamos, indiscreta. Indiscreta para nossos pneuzinhos, quero dizer. Por conseguinte, com o verão também chegam as inscrições em massa nas academias de ginástica e as dietas milagrosas. Disparatadas dietas hipocalóricas endossadas através dos meios de comunicação que sobressaem por seu aparente caráter científico: a dieta genética. Realmente serve para alguma coisa?

A dieta genética baseia-se em uma análise das necessidades nutricionais de cada pessoa de acordo com seu genoma. Já existem diversas empresas oferecendo esta classe de serviços a um preço exorbitante, prometendo que a dieta personalizada não só melhorará o estado de saúde senão que prevenirá doenças.

Por exemplo, nos EUA, uma empresa chamada Genelex, cobra 700 reais por cada uma destas análises.

Ao que parece, a análise se baseia em 19 genes em particular. No entanto, ainda não existe nenhuma evidência de que exista uma relação direta entre saúde, genes e nutrição. Os estudos feitos a respeito são escassos e só sugerem timidamente que pode, existir algumas interações.

O campo da genômica nutricional é tão recente que, ano após ano, as conclusões que aparecem nos artigos mais relevantes podem ser refutadas por novas pesquisas. O genoma humano consta de 30 mil genes que controlam proximadamente 100 mil proteínas diferentes. Cada gene, de fato, pode estar relacionado com mais de uma proteína e vice-versa, do qual se desprende um conjunto de interações químicas de grande complexidade cujos detalhes se conhece muito pouco ou quase nada.

De modo que devemos dar às dietas genéticas o mesmo crédito outorgado às dietas milagrosas: uma atividade comercial -em geral fraudulenta- que proporciona imensos lucros financeiros.