Juba, o fantasma iraquiano.

Seria ele o novo Vasily Zaitsev? É como se fosse uma sombra, nunca ninguém o viu. Quem ouviu-no é porquê já era tarde demais: um disparo e outro soldado do exército dos EUA cai, as vezes ferido, quase sempre morto. Nunca se ouve um segundo disparo, nunca os soldados tem a oportunidade de identificar a origem do tiro e caçar ao caçador.

Juba este é o apelido que os soldados amedrontados deram ao franco-atirador insurgente que opera ao sul de Bagdá. Ignoram seu aspecto, sua nacionalidade e seu verdadeiro nome, mas conhecem e temem sua extrema perícia. Já é considerado o segundo melhor atirador de elite de toda a história, com chances de vir a ser o primeiro (se é que já não o é?!?).

- "O cara é foda..." - diz o fuzileiro Travis Burress, também atirador de elite do agrupamento 1-64 acampado em Camp Rustamiyah. - "...cada vez que paramos em algum local e montamos nossas barracas, tenho certeza que todo mundo pensa nele. É uma séria ameaça para qualquer um de nós."

Os números são desencontrados, desde fevereiro último atribui-se a Juba a morte de vários homens de diferentes destacamentos e de alguns poucos feridos que tiveram sorte grande para contar história. Alguns soldados britânicos atribuem a ele a morte de pelo menos uns 40 homens enquanto a versão também extra oficial de iraquianos conta centenas de soldados prostrados sob o olhar deste fantasma.

Em um vídeo de duvidosa procedência publicado no Youtube pode ser vista uma reportagem antiga na qual o tal Juba pessoalmente assegura ter dado fim a vida de quase uma centena de soldados da coalizão.

Numa guerra marcada por bombas sectárias e baixas civis, Juba é figura ímpar por somente apontar os soldados da coalizão, um alvo difícil que se move protegido por tanques, blindagem corporal e capacetes. Juba espera pacientemente que algum soldado desça de algum tanque e mira nas partes frágeis dos uniformes protegidos dos soldados, geralmente na parte baixa da coluna vertebral ou acima do peito próximo a garganta, ou ainda na cabeça quando algum dá a bobeira de tirar o capacete.

Alguns membros da força militar pedem que se coloquem franco-atiradores nos telhados que dominam as rotas de abastecimento que constituem os pontos de caça de Juba para que possam pegá-lo. O problema é que Os franco-atiradores da força trabalham ao menos em duplas, um atirador e um localizador; este último deve possuir mais experiência já que tem que utilizar complicadas fórmulas para calcular fatores tais como força do vento e coeficientes de resistência. E foi assim que Juba já pegou pelo menos 4 deles.

Alguns temem que Juba esteja se convertendo num herói da resistência, aclamado por aqueles iraquianos que distinguem entre "bons" insurgentes, que atacam somente soldados inimigos, e "maus" insurgentes que podem machucar civis. Uma estação de rádio ilegal rebelde celebra um incidente que teve lugar no passado mês de julho quando quatro membros de uma equipe exploradora de soldados norte-americanos foram abatidos em Ramadi com disparos na cabeça.

Um fuzileiro, de nacionalidade mexicana, servindo no exército dos EUA que não quer se identificar diz:
- "A diferença está em que raramente chegamos a disparar, usamos equipamentos de visão noturna e de reconhecimento térmico para vigiar o terreno. Quando detectamos alguma atividade suspeita, chamamos helicópteros e o pessoal da infantaria. Somos profissionais e não podemos sair por aí atirando a 'torto e a direito'. Agora deles, sinceramente, não sei o que falar... talvez que estejam em sua própria terra. termina entre meio que perdido e cabisbaixo...

A grande maioria das baixas da força de coalizão ainda é o de explosões de bombas a beiras de estradas. Só que cada vez mais estas bombas passam a ser de fabricação caseira devido ao forte apelo nacionalista criado pelo solitário Juba que já tem até um roteiro aprovado para Hollywood, mas que pelo menos por enquanto não deve sair do papel por motivos óbvios.

P.S.:
Vasily Zaitsev era o nome de um franco-atirador soviético que matou 149 alemães durante a batalha de Stalingrado e a 400 durante toda a guerra. Sua perícia como atirador e sua pontaria eram tais que acabava com seus objetivos com um só disparo. O regime soviético elevou-o à categoria de herói nacional para levantar a moral dos combatentes soviéticos. O filme de Jean-Jacques Annaud "Inimigo muito próximo" (2000) recria sua história de forma semi-ficcional.

Fontes : Guardian Unlimited e Analitica.com