Dias desses vi na casa de um compadre aquela experiência de criar uma planta dentro de um vidro de forma que ali é criado o seu próprio ecossistema auto sustentável. Pensando a respeito, imaginei o nosso ecossistema como um vidro da experiência e após buscar informações descobri que realmente é bem parecido. Nossa atmosfera não é infinita; de algum modo é como uma garrafa: tudo o que produzimos nela, aí fica. |
As únicas substâncias que abandonam o planeta Terra em quantidades significativas são os gases mais leves, o hidrogênio e o hélio; e ademais fazem isso muito lentamente. Outras substâncias, como os compostos que contêm chumbo, acabam com o tempo sendo absorvidos pelas rochas, ainda que para isso seja necessário a decorrência de milênios.
Por conseguinte, cada vez que inspiramos através de nossos pulmões -veja que bacana e poético-, estamos aspirando a história de nosso planeta.
No litro de ar que está dentro dos pulmões há pequenas quantidades de tudo o que tem sido enviado ao ar pela respiração dos demais seres humanos, e também tudo aquilo que foi emitido pela as plantas e máquinas ao longo dos séculos.
As cifras anuais de pó que passam a fazer parte da atmosfera são impensáveis pela mente humana: 3 bilhões de toneladas de pó e areia dos desertos. 3.500 toneladas de sal dos oceanos. 1 bilhão de toneladas de compostos químicos orgânicos, que são expelidas pelas árvores e plantas. Um terço disto se converte em diminutas esferas.
Na atmosfera é também lançada a respiração de todas as pessoas. Inclusive, por exemplo, o último suspiro de Julio César. A cada vez que respiramos, pois, estamos respirando também algumas moléculas da última respiração de Julio César, Hitler ou Cleópatra. Mas quanto?
Primeiro devemos saber qual era o volume do último suspiro de Cleópatra, e qual é o volume de ar que contém a atmosfera terrestre que descobrimos multiplicando a superfície da Terra pela altura da atmosfera. A superfície da Terra é de aproximadamente 500 milhões de km2 e ainda que não seja tão simples calcular a densidade da atmosfera, já que a pressão varia dependendo da altitude, vamos aplicar um valor conhecido que equivale à altura do Everest, que é muito próxima aos 10 quilômetros. O resultado será algo em torno de 5.000.000 km3, de maneira que o volume da Terra, medido em litros, é de 5.000.000.000.000.000.000.000.
Se o último suspiro de Cleópatra foi de um litro, uma parte desse ar está dissolvido nessa descomunal cifra anterior. Agora há que dividir esse litro de ar pelos milhões de litros de ar acima expressados.
Ao final os números terminam tendo um aspecto meio aborrecido para aqueles que não gostam de matemática, mas não podemos negar a interessante possibilidade de que neste momento você está respirando uma minúscula partícula do ar respirado por Dom Pedro e que infelizmente deve estar tomando água que também tenha uma minúscula quantidade da urina de Tiradentes.
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Comentários
Tem uma antiga estoria filosofica sobre um navio, que não me lembro o nome do navio.
Se voce tem um navio, e remove uma tabua e coloca outra nova no mesmo navio então voce ainda tem o navio.
Então, se gradualmente voce continuar, tabua por tabua até o navio ter todas tabuas novas, e com as velhas construir outro navio.
Então, qual deles é o original? ambos são o mesmo navio?
Essa é a mesma questão, se cleopatra morreu, então as particulas que eram o corpo dela não são mais o corpo dela. Ja que tudo é feito da mesma coisa, todos os animais. Nada muda entre um corpo morto e um vivo. Quando uma pessoa deixa de ser ela?
Nossos corpos não tem mais que 10 anos de idade, pois todos os atomos são trocados, mais ainda somos a mesma pessoa não somos, com as devidas alterações e mudanças de qualquer sistema.
No japão é comum dizer que algumas construções historicas tem 3000 anos ou mais. Mas é obvio que as pedras e madeiras dessas construções não são as mesmas. Mas isso causa um espanto nos ocidentais. Que acham que o que forma um predio é seus tijolos e não seu uso e forma. Pensando dessa forma, os americanos por exemplo, perdem muito dinheiro mudando uma construção historica de lugar, ao inves de explodi-la e construir outra igual em outro lugar, que vai ter o mesmo objetivo e forma, logo é a mesma construção.
E isso resolve a questão.
Não respiramos ar que era da cleopatra, o ar é do mundo, quando voce pois ele para fora, ele é tão igual quanto qualquer outro ar, tirando os compostos que variam conforme o lugar em que se está.
Mas isso é como a homeopatia, diluido em milhoes de metros cubicos de ar.
Se for para para pensar voce pode estar comendo junto com seu alfaçe parte do corpo do hitler.
E se eu estiver respirando a p@#$% do ar de Cleópatra, Júlio César, Hitler, Dom Pedro, Seu Madruga... que C@#$%¨isso vai mudar em mim???
AAH, esqueceram de mencionar que você também pode estar respirando a FLATULÊNCIA de qualquer um desses miseráveis aí...
Caraio... cuspi minha agua no teclado!!
Inspiremos todos bem fundo pra acabar com um cheirinho que eu soltei uma vez... :sha:
Por que isso me parece homeopatia?
Muito boa a matéria, gostei mesmo.
Eu faço uma pergunta agora: será que toda a atmosfera já foi utilizada? Digo, depois de tanto tempo com seres vivendo na Terra, será que já foi o suficiente para ter sido utilizado todo o ar, de forma que tudo o que respiramos já foi respirado alguma vez?
Hmmm, XEREI TODA A DROGA DO MUNDO ##
ahsaduhasudhasudhasu
axo que 3 sentidos na frase tem
Ca.ra.leo... uehauheae.... Quando li a passagem "urina de Tiradentes" estava bebendo um copo d'água...
Que phoda!
Dá para criar uma planta num vidro?
E... eu sei que tem chumbo na atmosfera... muito nas tintas também
Urina de Tiradentes 8O eu podia dormir sem essa
Ótimo post, bem legal pensar dessa forma...
É legal imaginar que nós estamos aqui interagindo com as mesmas coisas que aqueles que já viraram história...
Putz, tava indo tão bem! O desenlace da matéria é que é phod@!