Francis Galton, um sujeito meio estranho

Pensa em um cara estranho! Francis Galton era um tipo estranhíssimo. Estranho e rebelde. Apesar de que este cientista vitoriano tenha sido um polímata, antropólogo, geógrafo, explorador, inventor, meteorologista, estatístico e psicólogo, também realizou estudos verdadeiramente estrambóticos tanto para a sua, quanto para a atual época.

Ele determinou de forma objetiva o quanto eram chatas as conferências de seus colegas ao medir sub-repticiamente o nível de impaciência em suas audiências, e criou um "mapa da beleza" da Grã-Bretanha vitoriana caminhando pelas principais ruas das grandes cidades com um contador em seu bolso, registrando em segredo se as pessoas que passavam a seu lado eram belas, normais ou feias - Londres foi catalogada como a melhor, Aberdeen, a pior-.

Galton tinha um intelecto avantajado com um QI estimado de 200. Foi na obra de seu primo mais famoso, Darwin, que Galton se inspirou para criar o conceito de "Eugenia" -melhoria da espécie através da seleção artificial-, inclusive incentivava o nascimento de indivíduos mais notáveis ou mais aptos na sociedade e desencorajava o nascimento dos inaptos. Foi o primeiro a desenvolver testes de inteligência que visavam a seleção de homens e mulheres brilhantes, destinados à reprodução seletiva.

Nesse sentido e de forma injusta, Galton foi, por diversas vezes, chamado de reacionário e anti-humanista, apesar de que suas teorias tenham sido mal interpretadas, já que, segundo seus historiadores, nunca teve a pretensão de criar uma elite, senão que estudava e incentivava a melhoria da capacidade inata da população como um todo e não somente de um determinado grupo.

Em suma, seu olho perspicaz e heteróclito fez de Galton o pioneiro em um monte de coisas na história, mas um dos trabalhos de Galton que mais polêmica causou foi o estudo da eficácia da oração a Deus. Dado que os membros do clero, geralmente se entregassem com mais frequência às orações, segundo Galton bastaria então analisar se isso correspondia com uma expectativa de vida mais prolongada.

O que ele fez? Decidiu analisar uma extensa lista de definições em dicionários biográficos da época e após meses de estudo chegou à conclusão de que os padres em realidade tendiam a morrer bem antes que os advogados e médicos, obrigando desta forma Galton, profundamente religioso até então, a questionar o poder da oração, e assim como seu primo, a deixar de professar a religião.

Fonte: Quirkology de Richard Wiseman.