A lei do fratricídio imposta por Maomé II, o Conquistador, sultão do Império Otomano, tentava evitar as guerras civis, como já havia ocorrido a seu avô Mehmed I, entre os possíveis herdeiros ao título de Sultão. Só para que tenham uma ideia, por esta lei, quando um novo Sultão era nomeado, todos seus irmãos sobreviventes eram estrangulados com uma corda de seda pra não machucar muito o pescoço. |
A maior matança aconteceu na sucessão de Mehmed III, quando 19 de seus irmãos foram assassinados. Mas esta prática foi abandonada no século XVII por Ahmed I e substituída pela prisão na Kafes (jaula), um conjunto de habitações no palácio de Topkapi (Istambul) onde os possíveis sucessores ao trono eram mantidos sob detenção e em constante vigilância.
E se faziam isto com os membros da própria família, imaginem só o que não fariam com seus inimigos… Em tempos de Selim, apelidado o Severo, em um período de oito anos ordenou a morte de sete vizires e outras 30.000 execuções menores. De modo que, o lógico pela alta demanda de trabalho, teria sido criar um corpo específico de verdugos, mas já tinham um que se dedicava a "podar e arrancar as ervas daninhas": os Bostanji ("jardineiros"), corpo composto por aproximadamente 5.000 homens que tinham três funções: guarda pessoal do Sultão, carrascos e a manutenção dos jardins do palácio.
A sentença era comunicada ao réu mediante um curioso ritual: o bostanji entregava-lhe um sorvete, se fosse branco sua vida era perdoada, mas se fosse vermelho, era executado rapidamente (normalmente por decapitação). Se o réu fosse um servidor público de alto nível (vizir, eunuco, etc), devia ser tratado diretamente pelo Bostanji-Bashi (chefe dos jardineiros) e, ademais, ainda que o sorvete fosse vermelho ainda tinha uma oportunidade para salvar a vida: uma corrida de vida ou morte.
O condenado a morte e o Bostanji-Bashi deviam competir em uma corrida de 300 metros, desde os jardins de palácio até a portão do mercado de peixes, na zona Sul do palácio de Topkapi. Se o condenado ganhasse, comutavam a morte pelo desterro. Se, por outro lado, o Bostanji-Bashi fosse o vencedor, ali mesmo era executado e seu corpo jogado ao mar.
Há de se lembrar que os Bostanji-Bashi eram escolhidos por, em geral, serem ótimos corredores. O último homem que salvou sua vida, ao ganhar esta corrida de vida ou morte, foi o grande vizir Hacı Salih Pasha em novembro de 1822.
Fonte: Mike Dash.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
É essa mania de fazer o 'limpa' quando alguém era empossado em situações assim era comum mesmo na idade antiga e média.
Exemplo: Entre os povos normandos, quando um rei estava prestes a morrer seus filhos disputavam entre si quem seria o novo rei. Era um tal de irmão matar e sacanear irmão como nunca se viu. De emboscadas até duelos. Mas só sobrava um.
No Japão medieval a coisa tinha mais classe. Quem era escolhido como sucessor, logo que era empossado tinha duas opções, ou eliminava a concorrencia - dos irmãos até os primos, e de quebra também matava cachorros, galinhas e baratas - ou esperava pra ver quem tentava envenena-lo, encurrala-lo ou forjar um ato que fosse contra o Shogun a fim de ser indicado ao Seppulku.
Isso também existiu na Grécia antiga e na Africa. O que não me falta é referência. :lol:
Me pergunto se o Sultão morre sem sucessor e com os membros da família mortos, a dinastia toda ia pro saco
Certamente que os Bostanji, ou Bosta para os íntimos, eram escolhidos a dedo pelo Bostanji-Bashi. Já o Bostanji-Bashi, além de ótimo corredor, deveria ter muitas outras habilidades apreciadas pelo Severo.
sorvete vermelho?? Nunca vi, deve ser de sangue!!!
Podiam montar uma sorveteria destas no Planalto... quem sabe não mudamos o gosto daqueles que somente gostam de pizza?
Muito interessante, nossa, cada coisa heim!
Já pensou se a moda pega, e é entregue um sorvete vermelho para cada político corrupto? :twisted: :twisted: :twisted:
Corram para as colinas !
Pernas pra que te quero! hahahaha
eu li 30.000 execuções de menores, eita! tinha tanta criança, depois prestei mais atenção. :twisted:
Pois é, Ratinho, bons tempos aqueles. :roll: Em breve os trarei de volta. :twisted:
A humanidade realmente chegou longe demais, com esse tipo de atitudes já deveríamos ter acabado faz tempo.
"'em um período de oito anos ordenou a morte de sete vizires e outras 30.000 execuções menores."
Gostaria de ter sido um imperador naquela época... superaria esse cara mole mole... :roll: :twisted:
Achei interessante.
Quantas medidas ridículas.