As cinquenta palavras proibidas para menores

"Querida, cheguei!" Quem é que não se lembra deste bordão da família dinossauro? Apesar das crianças adorarem, agora é proibido citlar a palavra "dinossauro", pois se refere à idéia de evolução, e qualquer coisa sobre este assunto enfurece os criacionistas de plantão, como Rick Santorum, apontado para a Casa Branca. A palavra "dança" também está proibida por ser muito sexy e licenciosa. Proibiram até mesmo a terrível palavra "aniversário" pois pode ofender as sensibilidades das Testemunhas de Jeová que não comemoram a data.

O mundo está realmente ficando muito chato. Bem-vindo ao mundo politicamente correto, onde há rios de salamaleques que visam não tocar os melindres de qualquer pessoa, algo que chega no limiar do ridículo. Dezenas de palavras são proibidas nos testes educacionais pelo Departamento de Educação do Estado de Nova Iorque, que buscam não "ofender" determinados setores da sociedade.

A lista de palavras proibidas é a última moda. Você não pode usar a palavra "pobreza" porque ameaça constranger o aluno cujo pai encontra-se desempregado: infelizmente condição comum de 8,3% dos norte-americanos.

É proibido usar a palavra "divórcio" porque as crianças poderiam reviver um trauma de família. Você não pode usar nem a palavra "escravidão" porque pode ofender as sensibilidades dos jovens afro-americanos. E não há lugar até para o pobre e simpático ET: a palavra "extraterrestre" pode perturbar a fantasia dos mais sensíveis. Coisas, de fato, de um outro mundo.

Estas são as diretrizes que o Departamento de Educação enviou aos editores dos testes realizados várias vezes por ano para avaliar os progressos (e retrocessos) de jovens alunos do ensino fundamental.

O motivo? O pessoal do departamento acredita que isto seja necessário para permitir que os alunos completem o teste sem distrações. De acordo com o New York Post, que levantou o caso das 50 palavras banidas das escolas da Big Apple, isto não é nada, outros estados proíbem até o dobro de palavras.

Pelo amor de Darwin! O politicamente correto está se tornando uma obsessão dessa civilização baseada em uma incrível mistura de etnias e convertendo tudo em uma guerra cultural ridícula entre esquerda e direita, os vermelhos contra os azuis.

Os garis se tornaram operadores ecológicos, cegos são deficientes visuais, gordos devem ser chamados de cidadãos fora de forma, viados agora são homoafetivos... toda uma sorte de eufemismos onde o conceito difuso invadiu a palavra e se apropriou dela, ou seja, as pessoas na atualidade são obrigadas a criar novas palavras mais suaves para referenciar coletivos ou situações cujo conceito é, para o senso comum, negativo. E isso não leva a nada pois cedo ou mais tarde o circulo vicioso volta a se repetir. Agora, as crianças devem ser constrangidas a pagar por um erro da linguagem e do comportamento dos grandões?

Desta forma, é proibido também pronunciar a música rap, porque é vulgar. Não se pode sequer mencionar as palavras "jogo" e "televisão" porque não rimam com educação. Mas será que isso não tira a oportunidade das crianças de discutirem melhor se isto é contraproducente ou não? Deanna Kuhn do Teachers College da Universidade de Columbia acha que:

- "Se o objetivo do teste for determinar a capacidade de organização do pensamento, então seus termos mais controversos são exatamente aqueles em que os alunos devem ser testados", Diz Deanna. Tadeu Russell, autor do livro A Renegade History of the United States também reacendeu o debate sobre correção política:

- "Se as crianças forem impedidas de discutir questões importantes, tais como pobreza, religião, divórcio e desenvolvimento social, então nunca serão capazes de pensar de forma diferente do status quo". Em suma: esta correção política só proporciona basicamente um (pré) conceito negativo com as próprias palavras e isso devia ser evitado a qualquer custo já que não adianta nada evitar, mudar ou criar uma palavra nova para se adequar ao mundo quando o certo é aprender a aceitar e respeitar o que esta palavra significa.

Fonte: La Repubblica.