A vida nas grandes metrópoles vem sendo um dos grandes temas da reflexão intelectual desde o século XIX, quando a irrupção da dinâmica urbana já começava a parecer irreversível, um ritmo oposto quase por completo ao da existência não industrializada que por tanto anos a humanidade perseguiu. |
Uma das diferenças principais entre um e outro modo de vida é, entre várias outras, a falta de espaço habitacional, a redução significativa dos lugares destinados a servir como lar cotidiano. Os apartamentos -essa invenção acertada e ironicamente apelidada de "apertamento"- destinados ao operário e sua família, ao burocrata, ao empregado de rendimentos moderados incapaz de custear algo maior, são a expressão arquitetônica de uma maneira específica de estar no mundo, hábitos e práticas condensados nos metros quadrados de superfície, no número de habitações, no tamanho da cozinha, do banheiro ou do quarto.
Nós já falamos do assunto uma vez, sobre a vida nas celas de cão de Hong Kong, uma das cidades mais ricas da China e do mundo e também com a maior desigualdade social por metro quadrado, onde pessoas vivem em exíguos espaços cercados pro telas de arame.
A ONG ativista de direitos humanos Sociedade de Organização Comunitária (SoCo), com sede na cidade, através de denúncias nos permite um interessante exercício fotográfico desta emblemática e ativa cidade, fazendo retratos de uma perspectiva aérea dos lugares onde reside o honconguês de classe média.
Como é possível ver, são lugares que se destacam por sua superfície mínima, pelo consequente amontoamento de apetrechos e pouca mobília em apartamentos de pouco menos de 4 metros quadrados, nos quais inclusive vivem famílias completas de três ou quatro membros (Consegue imaginar? Muito provavelmente o banheiro de sua casa seja maior do que uma quitinete como essa); um retrato da carência de alguns que ao certo constitui na abundância de alguns poucos.
Imagens, também, que têm algo de paradoxal pelo ângulo escolhido para exibir esta realidade: de cima, como se fosse do céu, um céu inesperadamente próximo ao mundo e suas penúrias.
No site da Soco é possível ver outras fotografias destas jaulas humanas não fotografados diretamente de cima no seguinte link: Photos of Inadequate Housing. No ano passado, o fotógrafo Michael Wolf também apresentou uma série semelhante intitulada 100 x 100, que mostrava 100 diferentes "apertamentos" de Hong Kong que tinham no máximo 100 pés2 (30 m2) de área. O mais triste, como podem notar na seguinte galeria, é que a grande maioria de seus moradores são idosos, que possivelmente batalharam uma vida toda para agora viverem neste espaço diminuto.
Fonte: Lense.
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Comentários
na verdade adorei pra mim, tendo um quarto de 9 metros quadrados, um banheiro minimo e uma cozinha onde so duas pessoas circulam ,é perfeito , da ate tesao um lugar desses!!
Uma sociedade organizada em habitações simples – mas suficientes – solucionaria muitos problemas e evitaria tantos outros, presentes no mundo atual.
A ideia de habitação mínima já é bem antiga e surgiu com a Bauhaus, que pretendia tanto do ponto de vista econômico como construtivo, se constituir na condição básica de uma nova sociedade, onde o coletivo e o público prevaleceriam sobre o individual e o privado.
Claro que não se esperava que chegasse a esse ponto, que foi piorado com a banalização do modernismo (vide Sarcelles).
Com base nos últimos posts sobre o assunto, esse tipo de habitação tornar-se-á cada vez mais comum, não somente no oriente.
E eu achando minha quitinete pequena...
RETIFICANDO ESSAS GAIOLAS SÃO APERTAMENTOS .
A CHINA É UM LIXO !
Claustrofóbicos que não se dão bem num lugar desses
Apavorante.
Acho isso desumano. Imagina essas crianças, crescendo num lugar assim.
que condições ruins....é muito apego à vida.
Repúblicas são bastante confortáveis, perto desses cômodos.
Tenso...mas o espaço já é reduzido e ainda tem tanta tranquera...
Casas grandes dão muito trabalho para limpar. Estas também têm a grande vantagem de ser sempre fácil e rápido encontrar algo que se procura. Como os odores também são mais persistentes, estes apartamentos dão um sentido mais forte à intimidade
Medo, chegar nessa altura da vida e viver assim.... :?
Eu não sei... nunca convivi com isso, não sei o que passa na cabeça dessas pessoas.
É...
As vezes fico pensando... Existem pessoas que parece que só vieram ao mundo para sofrer, desde a sua juventude até a velhice levando uma vida de cão... Sei lá... é triste ver pessoas idosas nessa condição...
Moro numa kit de 28 metros quadrados e acho muito apertado, mas depois destas imagens, vejo que meu cafofo é até grande...
Esses não são aPARtamentos, são verdadeiros aPERtamentos.
Essas imagens do alto chegam a dar vertigem.
Apartamentos são, na verdade, favelas verticais.
É, amigos... As pessoas vivem em cada situação que às vezes custa acreditar... aff...
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