Certo preconceito com pretensos fundamentos evolucionistas e sócio-biológicos assegura que as mulheres são monogâmicas "por natureza", que enquanto o homem busca espalhar sua semente tanto quanto possa por um impulso natural, este mesmo impulso é expressado nas mulheres como a busca da estabilidade de um único parceiro sexual. |
No entanto isto não passa de ser uma suposição que pouco a pouco vai sendo refutado, em boa medida pelos mesmos procedimentos sócio-científicos que alguma vez a alimentaram. O grande problema dos estudos sócio-científicos posteriores é que geralmente estavam atrelados a um determinado período e que eram quase sempre baseados em perguntas e respostas. Assim se perguntássemos as preferências sexuais de uma mulher de 20... 10 anos atrás, é bem provável que faltaria com a verdade para estar inserida socialmente, algo que mudou consideravelmente nos últimos anos.
Recentemente Daniel Bergner, colaborador do New York Times, publicou um artigo a propósito de alguns estudos que sugerem a ideia contrária: que em realidade as mulheres acham que a monogamia é bem chata e com maior facilidade e prontidão perdem o interesse em seus parceiros sexuais (o que não resulta necessariamente em infidelidade).
Entre outras pesquisas, Bergner cita uma que analisa a resposta das mulheres às fantasias pornográficas e outro sobre seu maior grau de excitação quando imaginam que sustentam uma relação sexual com um estranho (em comparação com amigos ou conhecidos).
Há quem questione a validade dos resultados destes novos estudos, mas há que se levar em conta que enquanto os estudos anteriores eram baseados em opiniões, os recentes são realizados com ressonância magnética, de forma que ainda que exista a possibilidade de uma voluntária -condicionada pela opinião social- expressar sentimento de negatividade, o cérebro pode indicar o inverso.
Culturalmente esta aparente contradição entre os instintos (ou o desejo) e as normas sociais, é resolvida por meio da "novidade" e a forma que esta é feita em uma relação de casal, o desejo mútuo de romper com a monotonia que, ao que parece, é inerente à monogamia.
O paradoxo da situação é que conquanto esta pode ser interessante em si mesma, ao descobrir circunstâncias da sexualidade feminina que eram consideradas desde outra perspectiva, na prática a resposta dominante. vai em sentido oposto: desenvolver um medicamento que recalibre o desejo sexual das mulheres e o volte para seu casal, responsabilizando-as tacitamente da falta de desejo em uma relação. Dito remédio já existe e pelo momento, com o nome de Lybrido, está à espera de ser aprovado para sua comercialização pela Federação de Drogas dos Estados Unidos (FDA).
Sem dúvida o movimento é, em certo modo, um pouco perverso: ainda que as pesquisas científicas demonstrem que a monogamia não é mais o comportamento "natural" das mulheres, pela via artificial tentam reverter o fenômeno, torná-las monogâmicas químicas ao serviço de seu parceiro da vez.
Talvez uma estratégia conservadora disfarçada de progressismo tecnológico: a perpetuação do status quo sexual que não é mais que a derivação do status quo que domina outros âmbitos da vida.
Fonte: Slate.
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Comentários
Eu acredito que o fato da mulher buscar estabilidade em seus parceiros era válido, quando em tal circunstancia a mulher não tinha dependência social e financeira. Ou seja, seu sustento e de seus filhos eram advindo de cônjuges, por este fator as mulheres se reprimiam mais fisicamente e psicologicamente, pois ao trair ou procurar relacionamentos fora de seus casamentos, elas poderiam perder este sustento. Mas acredito que hoje, com o inicio da ascensão da mulher esses paradigmas de que traição é algo corriqueiro de homens, está sendo questionado. Já que agora as mulheres mais independentes ao perder seu interesse no relacionamento, trocam se parceiro com mais facilidade.
É mentira... :D, eu não busco isso, apesar de ter crescido em uma familia estruturada, eu estudei, mas não optei por fazer faculdade (porque não me interessei de verdade por qualquer uma), para mim ser autodidata é a melhor forma de se obter conhecimento, e não considero muitos empregos dignos, eu bem penso que as pessoas devem trabalhar minimamente para se sustentar, mas para além disso depende da ambição pessoal de cada um, se eu tivesse uma renda passiva (construída com meu trabalho ou não, (herança?) não trabalharia diariamente, pelo menos não por dinheiro. Com relação a filhos, ainda estou considerando se realmente é chegada a hora, e se realmente os quero ter "e criar", com relação a homosexualidade, eu acho que é direito de cada um gostar do que bem entende, eu sou heterosexual, e sinceramente não me agrada a idéia de um homem agarrando outro acho bizarro, já duas mulheres... enfim acho que isso não é "obra" do capitalísmo apenas e passa muito longe de ser "obra" do coisa ruim, para mim isso é obra principalmente da falta de conhecimento e auto-conhecimento das pessoas, principalmente das que se ocupam boa parte do tempo livre com a televisão e outras porcarias do gênero (tv aberta), e das pessoas serem volúveis ou seja irem com a maré. Eu concordo também em parte com alguns outros comentarios abaixo, acho que traição seria mais o ato de você ter um compromisso sério com alguém e fazer as coisas as escondidas, no melhor do "jeitinho brasileiro" que no final acaba sempre terminando como nosso querido Brasil... A gente apesar de tudo ainda é um animal, afinal pouca coisa me diferencia dos outros animais, e essas poucas geralmente são para pior, ser racional me faz segurar minha onda, e meus instintos, mas isso nunca quer dizer que eu não tenha instintos ou impulsos...e finalizando para os que tiveram paciência de ler, espero não ter sido mal-educado, apenas quis expressar minha opinião pessoal, não considero "errado" quem pensa diferente, é direito de cada um, e apesar de fazer parte do todo não penso nem busco o que "todo" mundo busca.
O que todo mundo busca: crescer em uma familia estruturada, estudar, fazer faculdade, trabalhar em um emprego digno, casar com uma mulher direita, e ter seus filhos, em uma familia estruturada como seus pais foram. A receita de felicidade tá ai, e todos correm atras disso, seja consciente ou não! essa parada de viado e mulher dando pra todo mundo, é coisa do capitalismo, que precisa desestruturar as familias pra poder vender!!! alguem diga o contrario, que é mentira!!
essas pesquisas só mostram uma coisa, mulher mente pra baralho!! pensa mais em sexo durante o dia do que o proprio homem, e que são mais pervertidas que a machaiada do mundo todo junta!!
uma amiga disse uma vez q não tinha "sangue de barata"...mas não acho q ter autocontrole é ter sangue de barata. Da mesma forma, todo mundo tem impulso sexual. Mas tirando algum tipo de transtorno, como ninfomania por ex, cada um deveria ser capaz de controlar seus instintos sexuais, o mesmo vale para comer, beber, fumar..etc. O que a pesquisa diz acho q sempre foi assim, mas agora as mulheres, estão aos poucos, provando da mesma liberdade q os homens sempre tiveram. O meio com certeza tem influência nisso tb, mas no fim sempre vai depender do indivíduo a ação final. Nesse ponto vem a questão financeira. O homem como provedor tinha mais direitos, a mulher tinha q q ser submissa.... engraçado q nisso o dinheiro acabou igualando as coisas. Não acho a pesquisa machista, mas ela não tem foco em traição, mas sim poligamia. Traição seriam outros quinhentos....
Concordo bastante com sua colocação a respeito do que é ou não traição. Tem ficado cada vez mais difícil definir, realmente. Mas será que um casal teria esse canal de abertura para definir o que tolera e o que não, no início do relacionamento? Acho que já seria algo encarado como uma desconfiança, ou crença na possibilidade de infidelidade do outro em algum momento. E começar uma relação com esses ares pode desanimar um dos lados. Mas por outro lado, ter alguns hábitos que você considera comuns sendo criticados devido à visão diferente do outro pode ser um incômodo. Talvez a solução seja conhecer muito bem a pessoa com quem você quer algo mais sólido e ter bom senso.
Com o passar do tempo, definir o que pode ser considerado ou não traição tornou-se uma tarefa bastante complexa, dados os diferentes tipos de relacionamento que foram surgindo. Muitas mulheres não consideram traição saber que seu casal assiste com prazer a filmes pornográficos; contudo, se levarmos em consideração o envolvimento emocional – mencionado por você –, a coisa muda de figura, quando o ato de assistir é acompanhado por um desejo de ter e possuir determinada atriz de algum desses filmes (não há sexo ou qualquer outro contato físico, mas o simples ato de desejar outra pessoa já o suficiente para causar algum incômodo). Não é uma generalização, mas, numa pesquisa que li, homens e mulheres costumam assumir uma postura diferente em relação ao que consideram traição: homens são mais afetados por "traições de sexo" e toleram mais facilmente "traições emocionais"; com as mulheres ocorre o inverso.
A fim de evitar (ou, então, minimizar) dissabores, eu sou a favor de que as regras da relação sejam definidas logo no começo da mesma: o que pode e o que não pode e o tipo de relacionamento em questão. Afinal, você pode criar determinadas expectativas quanto ao seu casal e ao relacionamento, mas as dele podem divergir bastante das suas.
Bom, creio que a partir do momento que nos autodeclaramos seres "racionais", passamos a, não negar, mas ser capazes de dominar nossos instintos. Daí, tudo torna-se opcional, desde casar até trair (incluindo outras escolhas que não são o tema agora). Então essa desculpa pra mim não vale, a menos que você aceite ser irracional e, consequentemente, não humano. Se há vontade de trair, o sentimento enfraqueceu; se o sentimento enfraqueceu, o mais digno é abrir o jogo. Fica bem mais bonito do que pular a cerca ou tomar "Lybrido".
É?
Não sei, mas eu acho que não é legal essa poligamia.
Eu pelo menos, não admitiria.
PH, dormir com mais de uma pessoa, ou mesmo relacionar-se com mais de uma pessoa não é algo que eu condene. Cada um é dono do próprio corpo, só interessa aos envolvidos o que é feito.
O que não consigo aceitar, nem imaginar concebível, é a traição. Na traição, tem alguém envolvido emocionalmente contigo. E, teoricamente, você está envolvido emocionalmente com ela. Ambos esperam a fidelidade, confiam que não haverá um terceiro... e, neste caso, dormir com outra pessoa é abominável.
"Sexo não precisa de relação duradoura."
É o que penso. Cada relação é única, com objetivos próprios, e muitas delas visam mais ao deleite dos prazeres propiciados pelo sexo. Relações abertas, envolvendo poligamia, são bastante comuns, hoje em dia. Aliás, até mesmo em alguns casamentos sólidos, sexo com alguém de fora acontece – com o consentimento dos envolvidos –, como forma de manter o relacionamento. Obviamente, há quem condene, mas é uma prática que tornar-se-á cada vez mais comum, na sociedade.
Se esse remédio fosse voltado a ambos, homens e mulheres, faria mais sentido, e seria BEM menos machista.
Até porque, de modo geral, as mulheres, mesmo sentido desejo, no geral traem menos. No geral, veja bem, é certo que existem várias exceções, tanto de homens quanto de mulheres.
Afinal, é bem comum nós pensarmos exatamente o que a Izabela falou... não é porque temos desejos que precisamos sucumbir a eles.
Izabela não precisa ser com qualquer um, a qualquer hora e a todo momento.
A motivação de algumas "pesquisas". V
Então tudo isso é uma tentativa de vender remédio.
sexo sexo sexo!
Mulheres gostam de sexo... sexo não precisa de relação duradoura.
Masoq?
Que bobagem.