Depilar-se ou não depilar-se, eis a questão (4 fotos)

Assim que li um artigo sobre depilação, ou melhor, a falta dela, em um site espanhol, não dei muita atenção, logo depois, no entanto, pensei que alguém deve ter coragem para dar a cara a tapa assim na Rede. É o caso da blogueira Paloma Goñi, de Málaga, que decidiu desabafar em um artigo os motivos pelos quais não vê sentido nesta prática de raspar ou arrancar os pelos do corpo. (Uii!)

Paloma diz que é muito peluda, suas pernas e axilas são verdadeiras matas e, para piorar, tem a pele muito branca e os pelos muito negros e espessos. Mas o caso é que ela odeia depilar-se:

- "Sou uma dessas mulheres que odeia depilação. Não sei se há muitas por aí a fora, mas suspeito que sim. Desde que era adolescente e vi que tinha que me desfazer dos pelos das pernas e axilas, descobri que a depilação é uma tortura. Uma perda de tempo que, ademais, me acarretava sofrimento", lembra Paloma. Seu dilema era que, sendo mulher deveria se depilar para corresponder aos padrões estéticos vigentes, mas será que isso vale mesmo a pena?

- "Durante muito tempo pensava que não, de modo que simplesmente tentei minimizar minhas sessões de sofrimento ao máximo. Optei então por não fazer depilação no inverno. Legal, sempre bem agasalhada ninguém reparava nos meus pelos..."

Foi ai que ela se tocou que se depilava não por que queria senão porque era o que esperavam dela como mulher. Desfrutava de suas pernas peludas durante o inverno e submetia-se a uma tortura quase semanal no verão.

Agora, depois de 7 meses sem depilar-se, chegou enfim o verão e ela volta a usar minissaias e camisetas decotadas. Nesta época do ano ela se debate entre seus desejos e necessidades e os desejos e as críticas da sociedade. Neste ano ela se propôs a não depilar-se, mas está consciente de que pode se tornar atração ou referencia se for, por exemplo, dar um passeio no Shopping.

- "Não estou preparada para escutar as críticas nem para suportar os olhares. Não sou uma revolucionária. Ainda!", diz.

Paloma reflete como podemos ter chegado a esta situação de que uma mulher que não se depile se torne um espécime raro e bizarro. Ela não julga os milhões de mulheres que se depilam porque querem (ainda que saiba responder por que querem), mas acha que resulta quase inacreditável que, nesse caso, quase que se tornou uma obrigação, inclusive associado sem nenhum sentido a uma prática higiênica como vem acontecendo com a depilação púbica.

- "Ultimamente li alguns artigos na internet no qual as mulheres reivindicam seu direito a não depilar os pelos púbicos. Estamos vendo, pouco a pouco, também a quase obrigação de depilar o púbis", reclama Paloma. - "Isso eu não faço, e acho uma bobagem que algumas garotas se sujeitem a isso só para satisfazer o desejos de seus namorados".

Decidida a encontrar munição para seus argumentos anti-depilação, Paloma fez uma extensa busca pela internet, mas encontrou poucas coisas que realmente valessem a pena ler sobre o assunto. Inclusive descobriu dois grupos no Facebook onde mulheres exibem suas axilas cabeludas: um em inglês, o F*ck! Shaving e outro em sueco, Ta håret tillbaka! den officiella sidan.

- "A não depilação parece constituir um tabu. Um tema do qual não se fala. Do qual ninguém quer falar. Por isso decidi escrever este artigo, porque acho que as mulheres temos que voltar a ter opções sem ter que fazer uma revolução. Que as mulheres temos que saber que temos escolha, que a depilação não é uma obrigação que vem com o fato de ser mulher", reclama. E assim, depois de procurar em vão algumas fotos de pernas peludas para ilustrar o seu artigo, decidiu colocar fotos das próprias pernas.

Ela conta que pediu ao namorado que fizesse as fotos. Em principio ele recusou, mas após uma conversa reconheceu que estava equivocado e fez as fotos ainda que tenha advertido que estas imagens eram um atentado contra a estética.

- "Estou de acordo. São um atentado contra a estética, contra a imagem da beleza feminina que já está integrada em nossa cultura e em nossa sociedade. Essa mesma imagem que quero mudar, simplesmente porque não é real", assevera Paloma.

- "As mulheres têm pelos nas pernas, nas axilas, no púbis e em mais um monte de lugares. Somos peludas. Assim como os homens. Algumas menos, outras mais. E isso é real. Uma realidade que as mulheres, pressionadas umas pelas outras, nos empenhamos em esconder", conclui.

A jovem ainda não sabe se neste ano voltará a sucumbir à pressão, se voltará a enfrentar as sessões de depilação. Sou da opinião que ela não deve ceder, se não gosta fazer para quê? Só por que as outras pessoas acham que deve?

Também estava pensando em sugerir a Paloma a alternativa de descolorir os pelos, mas há sempre a possibilidade de uma irritação.

Fonte e crédito das fotos: Aires de Cambio.