A mente humana é simples e complicada ao mesmo tempo. Seus conflitos de repente são resolvidos da maneira mais inesperada e simples e, em outro momento, devemos transitar por caminhos confusos antes de encontrar uma resposta -se é que encontramos-. Curiosamente, às vezes, parece que a mente faz isto por si própria, sem que conheçamos ou não o nome daquilo no qual incorre. Afinal, lógico está, ela não precisa conhecer o nome do que faz para fazê-lo. |
A seguir listamos 10 destes fenômenos psicológicos que talvez sejam pouco conhecidos, mas nem por isso pouco frequentes.
- Disforia
O contrário da euforia, a disforia caracteriza-se por um estado geral de tristeza, cansaço, ansiedade, falta de energia e irritação. Em algumas pessoas pode se manifestar depois de ter consumido algum estimulante como chocolate ou café, mas igualmente pode ser resposta à tensão, do aborrecimento ou da depressão. - Fascinação
O fascínio -uma tradução mais próxima possível para "Enthrallment" definido pelo psicólogo W. Gerrod Parrott- identifica-se como um rapto intenso, uma emoção tão forte que parece tirar à pessoa de si mesma, especificamente em situações de profunda alegria ou satisfação. Sabe aquele choque que a gente sente em um momento de felicidade? É isso! Os místicas tem o costume de explicar este arrebato dizendo que é a elevação do espírito às alturas. É tolo, mas é bonito e poético. - Normopatia
As normas sociais —e dito mais precisamente: seu cumprimento— podem converter-se em algumas pessoas em uma obsessão que margeia com a mania e ainda a loucura. Dizem que quem se inclina para a normopatia não têm personalidade própria, pois só fazem o que a sociedade espera deles. Paradoxalmente, também é usual que este comportamento atinja um limite, um conflito, no qual a pessoa resolve usualmente se tornar violento e ai, sim, sai violando lindamente todas as regras que antes tanto se preocupava. - Abjeção
Um termo de ampla herança cultural, a Abjeção foi definida pela filósofa francesa Julia Kristeva, como parte da experiência traumática que surge quando nos damos conta de que fomos separados do corpo de nossos pais, para depois referir à experiência que sobrevém quando vemos algo tão horroroso que nos perturba inclusive fisiologicamente (e, por exemplo, vomitamos). Em boa medida trata-se de uma sensação que nos recorda, irrefutavelmente, que entre um corpo morto ou ferido e nosso próprio corpo não há muita diferença. - Sublimação
Este é um dos conceitos fundamentais da teoria psicanalítica desenvolvida por Sigmund Freud. Nesta, a sublimação se identifica com esse fenômeno mediante no qual a compulsão sexual (tesão), como uma corrente incontrolável e no entanto refreada pelas convenções sociais se torna subjetiva, se manifesta sob outra forma. Assim, por exemplo, em vez de deixar as rédeas soltas às perversões ou ter uma boa sessão de sexo desenfreado, há quem decida pintar um quadro ou compor uma canção. O mesmo se aplica para a compulsão destrutiva: em vez de matar seu adversário, há quem escreva uma crítica demolidora contra um novo post de um blog. - Compulsão à repetição
"O desejo de regressar a um estado anterior das coisas", escreveu alguma vez Freud para definir a repetição, esse mecanismo psicológico mediante o qual a pessoas se sente compelida a fazer a mesma coisa uma e outra vez: desde ir ao mesmo restaurante até fazer amizades com o tipo de pessoas mais ou menos parecidas em suas relações significativas. Para Freud o lado mais sinistro da repetição paquerava com a não-existência, o verdadeiro "último estado anterior" a tudo. - Dessublimação repressiva
De acordo com Herbert Marcuse, teórico social próximo às ideias de Freud, há que voltar ao conceito de sublimação para explicar por que uma liberação sexual não redunda necessariamente em uma liberação geral ou autêntica e, pelo contrário, contribui para fortalecer mecanismos repressivos. Marcuse viveu os protestos mundiais da década de 1960, caracterizados em muitos casos por esta abertura em massa da sexualidade, ao mesmo tempo que em outros âmbitos como a família ou o governo, as restrições sociais ganhavam presença. Em certa forma podemos dizer que a dessublimação repressiva é como uma válvula de escape para nossos desejos, para que não tente libertar-nos de outras restrições sociais. Um bom exemplo de dessublimação repressiva é a festa intensa que ocorre na faculdade. Muitas vezes, os alunos bebem um monte, se drogam e transam e, ao mesmo tempo estudam muito tentando se preparar para seus empregos futuros. Em vez de questionar por que têm que pagar um monte de dinheiro para participar de uma aprendizagem quase mecânica para conseguir empregos corporativos, os alunos apenas obedecem as regras e têm relações sexuais como loucos todo fim de semana. - Aporia
Outro conceito de profundas ressonâncias na psique humana, a aporia refere-se à sensação de vazio que ocorre quando nos damos conta de que algo no qual críamos ao final não é verdade ou, o que ao que parece é mais frustrante, quando essa crença cai no abismo ambíguo do que pode ser tão verdadeiro quanto falso. - Compersão
Este neologismo, relativamente contemporâneo, busca dar nome ao sentimento oposto aos ciúmes quando se descobre que o casal está saindo com outra pessoa. Em boa medida encontra-se ligado a relações abertas e de poliamores, nas quais existe um acordo que permite esta situação. Alguém envolvido neste tipo de afeto pode sentir certa satisfação quando vê a outra pessoa beijar alguém diferente. Em um exemplo tanto ou mais acessível, a compersão também pode ser essa coisa que sentimos quando um verdadeiro amigo ganha um prêmio pelo qual a gente também competia. - Sentimentos grupais
Para alguns psicólogos certos sentimentos apenas são possíveis em grupo, isto é, surgem só quando estamos com outras pessoas. Sua particularidade é que pela interação é comum que estes entrem em conflito com nossas crenças pessoais. Assim, por exemplo, se em uma discussão coletiva alguém fala contra a homossexualidade ou a religião, de repente outra pessoa que talvez nunca tenha pensado sobre o assunto, se descobre defendendo o assunto, mesmo que individualmente seja para ele indiferente ter um posicionamento a respeito.
Fonte: io9.
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Comentários
Fascinação. Foi o meu estado quando acertei a quina da megasena. Primeiro, não acreditei. Conferi, tornei a conferir, e aí veio. Parecia que estava flutuando. Ficou mais forte ao receber o prêmio. Agora que o dinheiro já acabou, a fascinação também já foi. Mas é m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o. Se eu acertar então os seis números, acho que vou sair voando. :lol: :lol:
Será que o problema das pessoas não é justamente definir o que deve ser sentido? Existem palavras que eu procuro não criar uma definição. Liberdade, por exemplo. É subjetivo e ao mesmo tempo não.
Quer dizer, não acho errado estudar estas coisas, mas existe uma grande preocupação em se provar que o que sentimos são rastros de comportamentos evolutivos, são falhas ou consequências de reações químicas... Tudo bem, pode até fazer sentido para alguns, mas acho que estas análises vão na contramão do que significa ser humano.
Sublimação
Este é um dos conceitos fundamentais da teoria psicanalítica desenvolvida por Sigmund Freud. Nesta, a sublimação se identifica com esse fenômeno mediante no qual a compulsão sexual (tesão), como uma corrente incontrolável e no entanto refreada pelas convenções sociais se torna subjetiva, se manifesta sob outra forma. Assim, por exemplo, em vez de deixar as rédeas soltas às perversões ou ter uma boa sessão de sexo desenfreado, há quem decida pintar um quadro ou compor uma canção. O mesmo se aplica para a compulsão destrutiva: em vez de matar seu adversário, há quem escreva uma crítica demolidora contra um novo post de um blog.
Tá ai, definiu 96% das neuroses humanas, motivações para guerra, religiosidade, depressão...dores de barriga, de dente, e urticárias em geral :lol:
Já conhecia.
Tyr está vivo, e com dois olhos. 8O
"Os sonhos mais lindos, sonhei, em quimeras mil meu castelo, ergui, e no teu olhar, tonto de emoção, com sofreguidão mil venturas, vivi.
O teu corpo é luz, sedução, poema divino cheio de esplendor. Teu sorriso franco, inebria, entontece. És fascinação, amor"
Fascínio e sublimação. Brilhante versão de Armando Louzada.
Nas vozes inigualáveis de Carlos Galhardo e Elis Regina
"contrário da euforia, a disforia caracteriza-se por um estado geral de tristeza, cansaço, ansiedade, falta de energia e irritação."
Tenho disforia toda segunda-feira cedo... :roll:
Depois.
Sentimentos grupais. :D
Na verdade...Essas ''sensações'' geralmente são estranhas e remotas, como... epifania!
Nunca experimentei nenhum.