O vazamento de dados mais importante na história dos Estados Unidos, denunciado por Edward Snowden, o administrador de sistemas e ex-analista da NSA, comprovou definitivamente o que todos já suspeitavam: que Internet, especialmente em sites como o Facebook, são perfeitas máquinas de espionagem; vivemos em um estado de vigilância global imaginado por George Orwell, talvez só um pouco mais sofisticado e sutil. |
Para muitos não foi novidade nenhuma que a grande quantidade de serviços oferecidos por gigantes da Internet não são de todo gratuitos. Há um acordo tácito ao qual acessamos no momento em que navegamos em sites como Amazon, Facebook, Google, Microsoft, Yahoo!, Skype e tantos outros mais: que todos nossos dados poderão ser usados por estas mesmas companhias não só para criar perfis mais completos de seus usuários, melhorar seus serviços (tornando-os mais "intuitivos") e vender publicidade mais efetiva a seus clientes, também serão minados pelas agências de inteligência, principalmente dos Estados Unidos, para monitorar praticamente tudo o que fazemos e incrementar seu poder -porque nunca devemos esquecer que a informação é o substrato do poder-.
Se queremos estar onde todos estão, esse é o preço que há que pagar: saímos para o pátio da prisão que é também um oásis e ali os guardas e as câmeras nos observam. Tudo bem, eu sei que estou exagerando um pouco, mas é impossível esquecer que a Internet surgiu inicialmente como um projeto militar, Arpanet, desenvolvido pela DARPA, a agência dedicada a desenvolver tecnologia militar secreta. A promessa de liberdade de informação e neutralidade sempre teve uma cláusula oculta: abria-se a grande biblioteca da humanidade, incluindo os livros secretos, mas desde esse momento nada seria outra vez secreto.
Para participar nesta festa da informação -a mão oculta mostrava o doce- era necessário ceder a privacidade. Hoje, sem temor a equívocos, podemos dizer que vivemos já literalmente no mundo do Big Brother, o organismo que vigia e registra todos nossos movimentos, o olho que tudo vê; afinal, recordemos que, em um profundo sentido ontológico somos pura informação: podemos ser reduzidos a bits. Até que ponto este olhar orwelliano que penetra sem barreiras todo o espaço digital, que nos deixa nus no mar de dados, não é um inequívoco sinal opressivo que anuncia um estado totalitário, merecedor de algum tipo de revolta em garantia da liberdade? Vivemos em um estado policial e não sabemos?
Depois de tudo isso e da grande desconfiança geral, as maiores empresas de tecnologia correram para explicar que mantêm sim a privacidade de nossos dados. O Google, por exemplo, há bastante tempo tem um bom painel de transparência que deveria servir de exemplo para todas as outras empresas. Agora, com o objetivo de arrefecer as desconfianças sobre a maior rede social, o Facebook decidiu também publicar um relatório sobre os países que solicitaram informação sobre alguns de seus usuários.
De acordo com o publicado no site oficial da rede, o primeiro Relatório Global de Requisições de Autoridades detalha a seguinte informação:
- Países que solicitaram informação sobre os usuários da rede social.
- O número de solicitações recebidas de cada um desses países.
- Número de usuários / contas de usuário especificadas nas solicitações.
- Percentagem de solicitações que o Facebook foi obrigado por lei a revelar ao menos alguns dados.
Ademais esclarece que o relatório é referente ao período entre 1º de janeiro e 30 de junho deste ano, durante o qual o governo brasileiro fez 715 solicitações, envolvendo 857 usuários da rede social. Pelo menos um terço dessas solicitações foram atendido pelo Facebook por conta de determinação judicial, mas a empresa não divulga o nome dos usuários que tiveram sua conta aberta a órgãos governamentais.
Na sequência listamos os 20 países que mais solicitações fizeram ao Facebook para obter informação dos usuários.
Países | Solicitações | Contas | Atendidas | 1 | Estados Unidos | 12.000 | 21.000 | 79% | 2 | Índia | 3.245 | 4.144 | 50% | 3 | Reino Unido | 1.975 | 2.337 | 68% | 4 | Alemanha | 1.886 | 2.068 | 37% | 5 | Itália | 1.705 | 2.306 | 53% | 6 | França | 1.547 | 1.598 | 39% | 7 | Brasil | 715 | 857 | 33% | 8 | Austrália | 546 | 601 | 64% | 9 | Espanha | 479 | 715 | 51% | 10 | Polônia | 233 | 158 | 9% | 11 | Taiwan | 229 | 329 | 84% | 12 | Chile | 215 | 340 | 68% | 13 | Canadá | 192 | 219 | 44% | 14 | Portugal | 177 | 213 | 42% | 15 | Argentina | 152 | 218 | 27% | 16 | Bélgica | 150 | 169 | 70% | 17 | Grécia | 122 | 141 | 54% | 18 | Israel | 113 | 132 | 50% | 19 | Cingapura | 107 | 117 | 70% | 20 | Nova Zelândia | 106 | 119 | 58% |
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Comentários
Não vão achar nada demais no meu fb... KKKKKKKKKK tão perdendo tempo se tão olhando alguma coisa lá! Creio eu que essas vigilâncias são para casos onde ocorra alguma coisa mais extrema!
"Tyra - 16 anos - Islândia!"
Nem vou falar nada...
Está certo, Haiduqque... É a linha de raciocínio que eu estava propondo.
Isso é uma grande safadeza.
Da microsoft eu já me livrei faz tempo, preciso me livrar do gmail. Mas não acho nada melhor e à prova de espionagem.
Acho que vou mandar um monte de e-mails pra mim mesmo dizendo: google viado, google viado! hauHuhuHuAHAHUAHUAHAHAHUHU
Concordo Haiduqque!
Moonwalker tem razão, sim.
E há que desconfiar de tudo o que é grátis.
Eu nunca dei um feijão por nada do que uso na internet e, tal como eu, há milhões em todo o mundo na mesma situação.
Portanto, quando eu estou dentro de um mercado lucrativo e não compro nenhum produto, então EU sou o produto que está à venda.
O que fazer então? Quem não gosta de se expor nem vender na praça pública, que adote um alter ego do sexo oposto com metade ou o dobro da sua idade e a viver na Antártida ou no Kiribati.
E se o IP atrapalhar, é só seguir as técnicas do Luiz Felipe.
Na boa? Nunca liguei para isso. Eu não vejo a internet como algo privado. Se você posta uma foto, tem a obrigação de concordar que pessoas que você não quer verão a sua postagem e poderão usa-la para fins... digamos, desonrosos.
Quer privacidade? Feche as cortinas e fique em casa. E desligue os aparelhos da tomada, afinal aquela luzinha de standby é uma escuta do governo... ^^
ja li essa tirinha,mas,eo japao deveria tar pelo menos 18 para baixo
Isto é como uma faca com dois gumes. Por um lado é uma violação da liberdade individual; por outro, a liberdade só existe quando os seus inimigos estão sob controle.
Se bem que eu planejo criar meu proprio satelite e colocar no espaço, dai ninguem vai poder pegar minha comunicação. Eu tambem vou ter drones. E meu roteador wifi pode funcionar em mesh, sem provedor. Tambem vou fazer meu proprio station 3G.
Em ultimo caso, eu vou usar modens de acesso discado, é a forma mais segura, tu liga para um numero internacional a partir de um orelhão (para não pagar) e depois conecta numa VPN, e depois sobe o TOR em cima da VPN.
Mas ainda assim, meu plano de contingencia maior, é usar uma enorme antena AM e transmitir criptografado com SHA3 ou algo mais forte que venha a surgir e depois converte para BASE36 e depois manda por codigo morse. Vou chamar de "Freedom Skynet 3".
Tem uma forma de evitar que eles espionem o seu perfil virtual. A ideia é ter uns 25 perfis diferentes e usar eles aleatoriamente, usando VPN para entrar na internet. Assim fica dificil rastrear o IP a quem foi a pessoa no mundo real.
ps: eu gosto de criar arquivos aleatorios enormes a partir da estatica do microfone e depois criptografar, só para alguem tentar descriptografar e perder tempo achando que tem algo importante.
TOR neles.
Como se ninguém soubesse,
Li uma entrevista com dois CEOs da Google publicada na superinteressante a alguns meses atrás, eles escreveram um livro sobre o que acham sobre o futuro da internet.
Dentre outras coisas, eles prevêm que num futuro próximo, assim como cédulas de identidade, todas as pessoas terão perfis na rede. E eles serão monitorados pelas agencias de segurança de cada país.
Pessoas sem estes perfis virtuais monitoráveis serão condideradas subversivas, pessoas "off-line", e serão consideradas perigosas, passíveis até de perseguição por parte do governo.
O quadrado tá fechando... e eu to me vendo cada vez mais fora... :roll:
Independentemente do Big Brother já estar instalado, a violação de correspondência é crime. A invasão de privacidade também, mas ainda acredito que o texto "Fédon e a palavra", facilmente encontrado pelo google ainda é meu norte. Morro pelas minha palavra, mas não deixarei de usá-la. E não me escondo sob pseudônimos, apenas um ou outro nickname onde posso ser identificado pelo cadastro.
Nenhuma novidade.
Esse texto me deu medo.
Privacidade na rede – ilusão.