Em novembro do ano passado um médico baiano receitou 6 cadeados como tratamento contra a obesidade, para que a paciente trancasse armários e geladeira. Ainda que a receita tenha sido considerada um acesso de humor pouco apreciado, ao que parece, o doutor não estava de todo errado. De acordo a um novo estudo, os eufemismos e justificativas genéticas em torno da obesidade já não se aplicam em termos médicos. |
A situação da obesidade no mundo é realmente preocupante e no Brasil não é diferente: dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE indicam que o peso dos brasileiros aumentou consideravelmente nos últimos anos. O excesso de peso em homens adultos saltou de um patamar de 18,5% para 50,1%, ou seja, metade dos homens adultos no Brasil estão acima do peso; e o de mulheres não está muito diferente: a obesidade feminina adulta saltou de 28,7% para 48%.
As justificativas são várias, a mais vendida é que a obesidade seria uma espécie de doença crônica. No entanto, de acordo com o ponto de vista do Dr. Pembertone é bastante diferente aos que são apresentados pelos governos ou os noticiários de saúde pública. E, ainda que como verdade deve doer, faz muito sentido o que diagnostica como um sinal dos tempos.
Segundo sua experiência como médico, Pembertone se dá conta que os pacientes não estão interessados em mudar sua dieta de jeito nenhum, demandando continuar deliciando seus alimentos preferidos, e depois tomar um comprimido para que as calorias não se alojem em suas cinturas. Só para que tenham uma ideia, como resultado, a obesidade custa ao governo inglês quase £5 bilhões de libras e 300 admissões nos hospitais por dia.
Lá, as ambulâncias recolhem tantos pacientes obesos que foi necessário todo um novo equipamento médico: ambulâncias para obesos, macas para obesos, cadeiras de rodas gigantes, agulhas de injeção mais longas e scanners MRI mais amplos. É tão difícil remover pacientes obesos de suas casas que recentemente alguns paramédicos tiveram que demolir duas paredes de uma casa em Gales para que um adolescente de 400 kg pudesse ser levado ao hospital. A operação necessitou do serviço de mais de quarenta trabalhadores de emergência a um custo estimado de £100 mil libras, aponta Pembertone.
Um dos discursos que justificam a obesidade da maioria das pessoas obesas é que é algo genético. No entanto, inclusive quando as pessoas tem algum problema relacionado com a tiroide, o que pode desacelerar o metabolismo e resultar em aumento de peso, isto pode ser tratado com medicamentos de reposição de tiroides e o metabolismo volta à normalidade. Como regra, as pessoas obesas têm algo em comum: comem mais do que precisam comer.
E enquanto não podemos eludir nossa biologia básica -alguns de nós sim ganhamos mais peso do que outros com a mesma quantidade de alimentos-, a gordura é apenas energia acumulada, e o aumento de peso só acontece quando o total de energia consumida excede o total de energia gasta.
- "Ninguém é escravo de seu DNA", diz Pemberton.
A questão é que os níveis de obesidade praticamente dobraram desde os anos sessenta em muitos lugares do mundo. E por que? O aumento do consumo de alimentos altamente calóricos e ricos em gordura, sal e açúcar, porém pobres em nutrientes ocorreu juntamente com o crescimento do sedentarismo, facilidade nos meios de transporte e aumento da urbanização. E nos últimos anos o problema se agravou em função da retirada do mercado de algumas drogas para emagrecer e a restrição do uso dos remédios que restaram.
- "A resposta simples para esse aumento seria o estilo de vida". comenta Pemberton, - "Mas de fato é um pouco mais complicado".
Um estudo conduzido pelo Departamento de Saúde inglês comparou dados de 1967 e 2010 e chegou a conclusão de que as pessoas eram mais magras, comiam alimentos mais gordurosos e não tinham acesso a tantas academias.
- "O caso é que comemos melhor agora", aponta, - "E fazemos mais exercícios. Mas vivemos uma vida sedentária; quase todos temos automóveis ou pegamos o ônibus na porta de casa em vez de caminhar ou ir para o trabalho de bicicleta".
Segundo o médico britânico, o grande problema de tudo é a atitude:
- "As pessoas já não se preocupam em perder peso porque a obesidade é muitas vezes encarada como uma conseqüência normal e em vez de fazer uma dieta e exercícios, estas pessoas querem tomar um remedinho que os livre do compromisso e responsabilidade de cuidar do próprio corpo. Em poucas palavras, as pessoas são bem mais folgadas agora do que eram então, e os meios estão cheios de informação que não só justifica seu peso senão que o adula".
A obesidade não é uma doença, conclui Pembertone, é um estado mental.
Fonte: Spectator.
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Comentários
Concordo com o PH. A maioria esmagadora dos gordos estão na situação de obesidade porque comem pra caramba e não fazem nenhuma atividade fésica!!
Ai junta o apetite voraz, 0 de atividade fisica e predisposição genetica pra engordar. O resultado só pode ser um: Viram umas coisas medonhas e passam a ter uma vida social horrivel e triste, mas tudo isto devido a ESCOLHA deles.
Estatistico, i know that feel.
Eu tambem não ganho peso, demorei 4 anos para ganhar 5 kg e chegar na droga do imc "ideal", mas não me sinto bem, me sinto sententario, preferia antes quando estava abaixo do "ideal" mas me sentia bem. Acho que vou perder deixar de ser sedentario e perder peso.
Foda-se o imc "ideal", é só uma media mesmo 10% de diferença é margem estatistica.
Foda-se o que as pessoas dizem, elas sempre reclamam de tudo que voce faz ou não faz mesmo.
E dai que sou magro esqueletico, o corpo humano foi feito para passar fome (evolution baby), e o cerebro funciona melhor assim. Alta restrição calorica é o segredo da lengevidade.
Durante 15 anos foi assim e sempre me senti bem, dai resolvi "mudar" nos ultimos 5 anos e ganhar peso porque enxeram muito o meu saco, agora nao me sinto mais bem, que merda, foda-se o que dizem. ordem medica, pff, vou ficar 5kg abaixo do ideal mesmo, porque sinto bem assim e pronto.
Eu também não consigo ganhar peso. V
Seja como for, perder peso é muito mais fácil que ganhar - principalmente para aqueles que, como eu, têm metabolismo acelerado. Se você parar de comer, inevitavelmente algum peso há de perder.
Agora, é um tanto chato comer feito um lobo e a balança não dar feedback. Não estou sumindo, mas meu IMC é bem próximo do limite inferior considerado saudável para minha altura. Complicado...
Ih, já desisti de emagrecer. Odeio academia. Como o que eu gosto, na quantidade certa. Cuido do quintal, da casa, lavo o carro. Quando saio, deixo o carro em um lugar seguro, e faço tudo a pé. E mesmo assim sou redonda. Aliás, sou mais ágil que muito magrinho. Na minha idade, já pouco me importa. O que eu quero é ser feliz. E nada melhor que comer o que se tem vontade, quando se tem vontade. O resto..... ah, o resto que se dane..... :lol: :lol: :lol: :lol:
Nossa, fiquei preocupado agora. Fui calcular meu IMC e vi que estou com sobrepeso.
Na época do colégio, eu era um graveto com 75Kg.
Depois, com academia + artes marciais cheguei em 83Kg (que até hoje considero a minha melhor forma, apesar de ainda ser magro).
Hoje, apesar de relativamente atlético, estou com 92Kg. Ainda bem que estou botando fim à minha ociosidade (apesar de manter o peso, diminuí muito a minha banha, depois de 3 anos de ociosidade).
Concordo com o raciocínio global do texto. Colocar a culpa na genética é fácil, mas ninguém engorda apenas por causa dela. Como mencionado no texto, Excesso de Peso = Alimentos Ingeridos – Consumo Metabólico. É uma equação fácil de entender; não dá para controlar totalmente o metabolismo, mas é possível fazer isso para a ingestão de alimentos. Aqueles que percebem que têm facilidade para ganhar peso, podem controlar a ingestão de alimentos (sobretudo ricos em carboidratos e lipídios), se assim o desejarem, mas muitos não o fazem e, quando engordam, inventam uma gama de desculpas.
Hã?
Como minha mãe dizia: “Quer emagrecer? Fecha a boca!” ^^
Dupla interpretação, quanto ao "estado mental".