A competição anual de música Eurovision teve a sua quota de concorrentes polêmicos ao longo dos anos, como a cantora transexual Dana International ou a estranha banda de heavy metal Lordi, mas a decisão da televisão austríaca de nomear Conchita Wurst, um artista travesti barbudo que já mostramos aqui no MDig, como concorrente oficial do país para o evento do próximo ano, causou indignação pública na Áustria e fora dela. |
Conchita Wurst define-se para além dos outros artistas, não só através da sua voz afinadíssima, mas também por usar roupas femininas, maquiagem e uma barba cerrada. Os grossos pelos faciais encerram a maneira do artista de chamar a atenção para si mesma.
A barba dessa "colombiana" é muito real, pois ela pertence ao homem por trás da máscara, Tom Neuwirth, 24 anos. Ele apareceu pela primeira vez no centro das atenções em 2006, quando ficou em segundo lugar em um show de talentos na televisão chamado "Star Mania", mas desapareceu completamente da vida pública até que em 2011 voltou com uma nova aparência, sob o nome de Conchita Wurst, que se tornou o alterego de Tom.
Ele diz que agora há dois corações batendo em seu peito, um de um homem austríaco e o outro de uma artista colombiana de sangue quente. Depois que coloca a maquiagem e roupas femininas, Tom torna-se realmente Conchita e exige ser tratado como tal. Questionado se não é muito confusa a divisão de sua vida em duas, o artista disse que realmente recomenda a todos terem um alterego, porque é muito divertido e que permite viver cada fantasia que sempre quis.
Conchita participou pela primeira vez na seleção nacional para o Eurovision no ano passado, quando ficou em segundo lugar. A Áustria não se classificou para a final do Eurovision nos últimos dois anos, por isso este ano, a ORF (Áustria Broadcasting) decidiu não organizar a seleção nacional em que as pessoas devem votar nos seus favoritos, em vez disso optaram por uma decisão interna e escolheram Conchita Wurst para representar o país no concurso; um movimento que causou protestos em massa em todo o país.
Alguns contestam a decisão da ORF por ignorar a seleção nacional, enquanto outros ficaram simplesmente indignados com a escolha. Alguém até criou uma página no Facebook chamada "Não à Conchita Wurst no concurso de música" , que atualmente conta com mais de 38.500 fãs, mais do que a fan page do artista, enquanto outros postaram mensagens homofóbicas na popular rede social. Há também uma petição contra ela representando a Áustria, em Copenhague, no próximo ano. Acredite ou não, existe até mesmo uma petição on-line contra sua participação representando a Áustria, em Copenhague, no próximo ano, e outra petição recolhendo assinaturas para proibir a transmissão do "Eurovision-2014" na Bielorússia.
Em um comunicado, que ela fez recentemente, Conchita disse que respeita as opiniões das pessoas, mas perguntou se não haveria coisas mais importantes para as pessoas dedicarem tanta energia.
- "Como você se sentiria se seus amigos, parentes, filhos, colegas, etc fossem abusados dessa forma? Tenho certeza de que em sua área local também há pessoas que são 'diferentes'", disse Conchita. - "Eu continuo a luta contra a discriminação e por mais tolerância", acrescentou. - "Pois estou convencido de que, no século 21 todo mundo tem (ou ao menos devia ter) o direito de viver como quiser, contanto que não fira a liberdade do outro. E, tanto quanto eu sei, não faço mal a ninguém".
Fonte: Vol.
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Comentários
A meu ver, tudo isso é vontade de chamar atenção.
vejam só uma coisa ela ( ou ele) é bem versátil agrada mulheres e homens. para agradar os homens é só rapar a barba e para agradar as mulheres é só mostrar aquilo que restou de sua masculinidade kkkkkkkkkkkk
Esquisito, mas está certo.
Engraçado que o outro post tem uma visão do público totalmente diferente.
Nossa! Ele é lindo e tem um tremenda personalidade.
A voz é mágica. Ouvi algumas musicas e sei que ele não vai parar por ai. Ele escolheu estar assim e eu admiro a coragem dele.
Dizer que ele não canta bem, ai já é absurdo pq mesmo os que não querem que ele participe como representante da Áustria concordam com a bela voz mas não o querem pela razão de ele não ser profissional (é vitrinista) e por homofobia.
Há uns tempos o MDig publicou um post sobre o que as pessoas à beira de morrer mais se arrependiam de não ter feito no curso da sua vida. Em primeiro vinha o ter vivido sempre em função da expetativa dos outros e não segundo os desejos próprios.
O direito à diferença é inquestionável. Cada um tem o direito a ser diferente com a diferença que mais lhe interesse e os que ultrapassam a barreira social para viver essa diferença, têm o seu devido valor. Afinal a Natureza sempre utilizou as diferenças para que haja adaptabilidade ao meio. Depois o "diferente", ou evolui ou morre. Na maior parte das vezes não faz história...
(os criacionistas, não acreditando nestas coisas, podem apenas utilizar o exemplo das raças de cães e porque elas existem)
Quanto a este caso em particular, penso que há uma simbiose: havendo milhões de humanos com talento canoro, a "diferença" da Conchita é notada e, logo, a sua voz ouvida. Por outro lado, o marketing dos shows quer sempre algo de novo e desta vez tem. A TV da Áustria será alvo de atenção, não por causa da qualidade de uma melodia, mas por causa da qualidade de uma barba.
Admiro a coragem dele. Dela. Enfim.
Mas, na verdade, não gostei tanto da afinação e da voz.
E, ele... ela... enfim. Tem razão, né? Não está prejudicando ninguém, então que seja como for feliz, por mais estranho que nos pareça.
Mas hein?