Será que nosso universo pode ser uma gigantesca simulação ou devemos continuar acreditando nesta versão de um ?mundo real?? Este questionamento tem cobrado força nos últimos anos, não só no imaginário popular senão que também entre filósofos e cientistas, talvez como uma versão mais sofisticada, empregando agora metáforas cibernéticas, da pergunta fundamental: afinal o que é a realidade? |
O primeiro esforço para colocar à prova de maneira científica se vivemos em uma realidade criada por computador surgiu em 2001, dois anos após o filme The Matrix. Seth Lloyd, um engenheiro de mecânica quântica do MIT, estimou que o número de operações necessárias para simular uma versão fac-símile da realidade desde o Big Bang até à atualidade requereria de maior energia que a existente em nosso universo. Isto suporia que este supercomputador teria que ser maior do que o próprio, o que significa todo tipo de problemas ontológicos.
Pese a isto, alguns cientistas notaram que fazer uma cópia imperfeita do universo suficientemente boa para debochar de seus habitantes não precisava tanto poder de computação. Em um universo destinado a enganar a percepção de seus habitantes, os pequenos detalhes de mundos microscópicos ou de estrelas distantes poderiam ser preenchidos pelos programadores somente em algumas ocasiões, um pouco como no filme The Truman Show ou da filosofia de Berkeley, que sugere que as coisas só existem quando estão sendo observadas.
Em 2003, Nick Bostrom, diretor do Instituto para o Futuro da Humanidade da Universidade de Oxford, propôs o que ficou conhecido como a "hipótese da simulação". A tese de Bostrom propõe basicamente que se no futuro, segundo supõem muitos cientistas e futuristas, existir muita capacidade computacional, talvez estas gerações futuras realizem simulações detalhadas de seus ancestrais em seus supercomputadores.
Simulações realizadas com ditos recursos permitiriam pessoas simuladas conscientes que seriam suficientemente nítidas e contariam com conhecimentos avançados do funcionamento da mente para simulá-la. O poder computacional destas gerações futuras lhes permitiria realizar milhares e milhares de simulações pelo qual poderia supor que a vasta maioria das mentes não pertencem à raça original senão à raça "simulada".
Bostrom fundamenta sua teoria na ideia da "independência de substrato", segundo a qual os estados mentais podem ser produzidos em uma ampla classe de substratos físicos. Segundo ele, se um sistema implementa as estruturas e processos computacionais corretos, pode ser associado com experiências conscientes:
- "Não é uma propriedade essencial da consciência ser implementada em uma rede bioneuronal baseada no carvão dentro de um crânio: em um princípio processadores baseados no silício dentro de um computador poderiam fazer o truque".
Em 2007, o professor de matemática de Cambridge, John D. Barrow, sugeriu que uma simulação imperfeita da realidade deveria conter falhas perceptíveis ou "glitches", e, como qualquer computador, o sistema do universo deveria requerer de atualizações para seguir funcionando. Isto faria com que alguns dos aspectos estáticos ou eternos da natureza conhecidas como constantes perdessem seus valores em certos momentos, motivo pelo qual, por exemplo, a velocidade da luz poderia variar.
Já em 2012, Rich Terrile, um cientista planetário da NASA disse que nossa vida pode ser algo como um videogame de uma simulação de computador programado por um homem do futuro em pleno estado de ócio. Para tentar comprovar suas teorias por intermédio da física, Rich cita conceitos complexos como menor pixelamento observável da matéria relacionado às semelhanças existentes entre a mecânica quântica, as regras matemáticas que governam o nosso universo e a criação de ambientes para videogames.
O físico nuclear Silas Beane e sua equipe recentemente desenharam um possível experimento que poderia comprovar se vivemos em uma simulação. Geralmente assume-se que o espaço se estende infinita e uniformemente, mas os físicos tiveram problemas para recriar este fundo espacial uniforme, e assim construíram um modelo no qual o espaço está embebido em uma grade. Se o espaço é contínuo, não deve existir uma grade subjacente que guie a direção dos raios cósmicos -devem chegar de todas as direções de maneira equitativa-. Se os físicos registrarem uma distribuição desigual, isto sugeriria que nosso cosmos poderia não ser real.
Este experimento por mais interessante que pareça, poderia ser insuficiente e igualmente iluso, em um universo essencialmente ilusório. Se os simuladores responsáveis por programar o universo fossem capazes de manipular as regras do jogo -no caso as leis da física- então é possível que possam também vigiar e desativar toda tentativa de decifrar que o universo é uma simulação, especialmente quando este se baseia em uma tentativa de medir uma variação nas leis da física.
Ainda que também seja possível que os simuladores tenham consentido tênues interstícios em seu desenho para nos revelar, como se fosse um roteiro de filme, que o universo não é real. Mas inclusive estes simuladores poderiam não ser mais do que uma simulação a mais em uma infinita corrente de simulacros e cópias. E então, o tão ansiado despertar do sonho, não seria nada mais do que uma nova ilusão, parte, assim como nós, do programa.
Fonte: Discover Magazine.
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Comentários
Muito interessante é pensar que somos boots, e que existem protagonistas e até os Boses! Nessa vida, mas o fato de ser moldado/programado com suas vivência e aprendizados, ou seja o script imposto pelo modelo social e também pelas suas escolhas que fizeram parte dessa programação, não conclui o pensamento de que a vida no universo é uma simulação.
Primeiro: Matérial Físico mesmo com seus modelos simplificados- Jamais podem ser misturado com o abstrato "Matemático".
Vivemos em numa espécie de Matrix sim! Mas em uma Matrix real e orgânica, onde também interagimos com verdadeiros robôs orgânicos e programados, pois estes não possuem alma como nós possuímos tipo: peixes, insetos, lagartos, e também algumas aves e pequenos mamíferos. Assim como no filme Matrix, somos prisioneiros, mas a nossa prisão são os nossos próprios corpos e ao morrermos, nossa alma tem a livre decisão de retornar a em outro corpo para um novo aprendizado ou ficar vagando como rebeldes descontentes com o sistema de ensino, pois se recusam a reencarnar e dá continuidade ao processo de aprendizado, pelo método de vivencias assistidas onde aprendemos com situações diversas que lapidam o nosso caráter em situações reais e não teóricas.
Incrível, o que uma obra de ficção ( Guerra dos Mundos - Matrix ), pode provocar nas pessoas...
Se partir desse principio... talvez só eu seja real, e vocês todos são partes virtuais que só existem a partir do momento em que eu estou interagindo.
Ou talvez você lendo isso seja o foco real da simulação e isto que estou escrevendo só passou a existir agora que você começou a ler. Mas isso criaria outro paradoxo.
Capaz.;)
"A simulação ser oriunda do futuro não criaria um paradoxo temporal. Essa sociedade do futuro pode ser muito bem outra simulação, como eu disse antes, recursiva."
Também pensei nessa possibilidade, a origem de uma simulação seria outra simulação. Neste caso, poderíamos ter, pelo menos, 2 possibilidades: (1) a recursão (a que se refere, creio eu), na qual a origem de uma simulação seria outra simulação, infinitamente; (2) uma simulação que representaria a matriz de todas as simulações, inclusive de si mesma.
O paradoxo relacionado ao tempo, que citei, seria possível considerando-se o fluxo normal do tempo – passado -> futuro (não menciono o presente pois os seus limites com o passado e com o futuro são ainda mais indefinidos), e tem a ver com o paradoxo do avô. Qual a seria a finalidade de simular o passado? Mudar ou melhorar o passado seria uma delas (ao menos se aplica quando a pergunta é sobre a possibilidade de viajar no tempo), mas se a sociedade do futuro for bastante diferente da atual, em diversos aspectos (inclusive se for uma (outra) simulação), as respostas seriam variáveis. Contudo, o tempo pode ser somente uma percepção ou mesmo uma ilusão – esta última faz mais sentido se considerarmos essa hipótese de o universo ser uma simulação.
Politico Honesto. A simulação ser oriunda do futuro não criaria um paradoxo temporal. Essa sociedade do futuro pode ser muito bem outra simulação, como eu disse antes, recursiva.
Existe um conceito matematico chamado Computação Universal, que é um conceito matematico abstrato que diz que todo tipo de sistema pode ser simulado por um computador universal, inclusive ele mesmo (não necessariamente na mesma velocidade).
Seria uma extensão da maquina de turing, que é o computador abstrato que pode computar qualquer coisa computavel.
http://www.idsia.ch/~juergen/wolfram.html
http://bigthink.com/videos/how-the-universe-is-like-a-computer-program
tl,dr;
Provavelmente P=NP! (that was a bold claim, have faith)
O universo é um computador!
Also, se somos uma simulação, então isso explica muitas coisas "bizarras" que ocorrem no Universo, até mesmo sádicas. Isso é uma peça de opera, e o unico jeito de atingir a imortalidade não é sendo bonzinho, mas sim avacalhando com tudo, para o divertimos de quem quer esteja simulando o universo, atingindo assim portanto a imortalidade, porque ele salvaria seus dados para continuar em outra simulação, pois é divertido.
Porque as pessoas acham tão dificil entender recursão. É muito mais provavel que não exista "deus", mas sim, que realmente existam varios "deuses", que são apenas seres comuns rodandos seus jogos ultra avançados.
O universo não é infinito, mas a pilha de universos seria, sem jamais dar stack overflow.
Só tem um jeito de provar, precisamos de mais computadores, e ainda faltam 15 anos para que seja possivel simular 1 cerebro humano.
Me interesso pelo assunto, mas vou ler com mais calma, depois.
"Pondo a prova a hipótese (...)"
Crase no primeiro "a". :wink:
Edit: Para mim, se tudo não fosse real, real seria o que tudo fosse. Eu filosofei isso na oitava série. O que eu queria dizer com isso era que pelo menos NESSA OCASIÃO (btw, tem itálico por aqui?) a verdade seria relativa à pessoa, mudando a definição de real ao que estivesse por volta dela.
"A tese de Bostrom propõe basicamente que se no futuro, segundo supõem muitos cientistas e futuristas, é possível que existam grandes quantidades de poder computacional, talvez estas gerações futuras realizem simulações detalhadas de seus ancestrais em seus supercomputadores."
Então, temos dois caminhos, inicialmente:
1. A humanidade, ao longo dos anos, desenvolverá tecnologia capaz de criar tais simulações, até alcançar o "atual" status – o presente manipulado no futuro;
2. Mesmo com os avanços tecnológicos, a humanidade não conseguirá alcançar o status "atual", pois as próprias simulações, criadas no futuro, contém comandos de programação que impedem que suas "crias" (a atual humanidade) cheguem ao seu nível.
Quanto à primeira situação, a pergunta é: Com que finalidade a "sociedade do futuro" resolveu fazer tais simulações? Dependendo da resposta, poderíamos ter alguns paradoxos que inviabilizariam essa conjectura.
Já na segunda situação, se a "atual" realidade (seja lá qual for a sua definição) é somente uma simulação oriunda do futuro, então qual a origem dessa suposta "sociedade do futuro"? Cria-se, então, um paradoxo do tempo-origem, que também pode ser verificado na primeira situação.
Não vou entrar em detalhes quanto às probabilidades dessa hipótese ser real, já que o próprio conceito de realidade, nessas circunstâncias, torna-se ainda mais complicado e "abstrato". No entanto, as possibilidades e as perguntas que vêm a surgir em torno do assunto são inúmeras e poderiam ser aplicadas a vários fenômenos ainda não explicados pela ciência.
Então é tudo apenas um sonho?!!!!!
Cientistas fazendo metafísica de maneira incompetente. Pra variar.
Partindo do princípio que vivemos em uma Matrix, o que podemos fazer?
A) Chorar.
B) Chingar muito no twitter.
C) Simular um universo pra agregar valor ao camarote.
D) Ativar IDDQD e IDKFA (entendedores entenderão).
E) Continuar como se nada tivesse acontecido.
Diferentemente do Neo, que existe fora da Matrix (apesar de estar com a mente imersa nela), se bem entendi a teoria do senhor acima, existiríamos dentro da matrix, logo, não há como fugir.
Esse tipo de coisa, pra mim, só serve pra ser pensado em momentos de ócio extremo, quando não conseguimos pensar em nada mais útil, tipo fila de mercado as seis e meia da tarde de sexta feira ou fila de lotérica dia 10 em época de greve bancária...
Sério, o que muda? Mesmo que vivamos em uma simulação bizarra, não podemos tentar "fugir" sem nos destruir. E duvido demais que euzinha, com as habilidades que tenho, poderia sequer entender o suficiente pra tentar "fugir".
Resumo: tenho muita louça pra lavar antes de poder ficar pensando nessas coisas kkkkk
Acho divertido essa brincadeira.
Pensar que somos parte de uma simulação, me faz pensar que alguns humanos (muitos que aparecem por aqui, inclusive) vieram com códigos de trapaça, me faz pensar que déjà vus acontecem somente com pessoas que morreram e reiniciam uma partida do último check point, me faz pensar que pessoas que caem de alturas grandes e não morrem tem um HP à mais, enfim, se fazemos parte de uma simulação, isso explicaria muita coisa que hoje não temos uma resposta exata e é divertido imaginar isso.
Desculpas se você não pensam assim, eu fui programado desse jeito. XD
Veni, vidi, nada entendi. Muita pretensão querer tocar o topo da montanha quando sequer começou-se a escalar. Uma coisa de cada vez.
Atenham-se (pegou?) aos fatos. É possivel viver um sonho dentro de outro.
Lord Byron sonhava com Mary Shirley e acabou descobrindo que vivia com ela.
Entendeu? Não? Nem eu.
Eu também penso nas formiguinhas da Angelina :lol: ... A formiguinha aqui na minha mesa não tem ideia do "universo" que existe ali do outro lado da rua, muito menos a imensidão do planeta em que ela vive e as diversas criaturas que existem nele... Comparando nós ao universo, não passamos de cocô de formiga.
Eu não duvido de nada... :roll:
Admins fica postando essas coisas pra nos deixar com um lag mental... Ou devo ser eu mesma que fico confusa.
Argh, tantas teorias... Podemos viver em um mundo dentro do outro. Universos em nossas peles.
Ou podemos ser produto da imaginação de alguém,
uma história criada por alguém, ou formiguinhas pequenas demais para conseguir enxergar o grande.
Esses posts... Esses posts... :?
Agora que li o texto, posso comentar melhor:
Ah, pare, né?
Brincadeira para descontrair. O que eu penso é que a existência é muito complexa para ser uma simulação. Alem do que essa teoria só faz sentido para um filme bacana.
Ah, pare, né?