A fotógrafa Rosie Holtom, voluntária de longa data em um abrigo em Londres, embarcou em um projeto de retratar pessoas desabrigadas de uma forma muito humana, quero dizer, que não explora ou estereotipa a situação do fotografado. Em vez disso, seus retratos em preto e branco revelam um lado muito simpático de cada indivíduo, um que mostra a consideração por seu valor como uma pessoa com direito a um lugar no mundo, assim como qualquer outra pessoa. |
Muitos fotógrafos parecem incentivar os estereótipos dos sem-teto, um que faz isso de forma até muito excepcional é o americano Lee Jefries com sua série "Os Sem-teto de Miami", suas fotos são inquietantes e remetem a um estado de profunda tristeza e melancolia, associado com a droga, com a loucura e com o abandono.
Já Rosie não, ela apresenta seus modelos como são: pessoas comuns com o triste e agravado diferencial de morarem nas ruas, mas que nem por isso são apresentados como maltrapilhos, mendigos ou uma raça mítica de criaturas que vivem entre nós para causar o medo. São seres humanos, cheios de vida, como qualquer outra pessoa, só estão tendo péssimos dias propiciados pelo azar, infortúnio ou porque fizeram escolhas erradas, no entanto continuam sendo gente, que em vez de receber um pouco da atenção, assim como "beagles", em geral se acostumaram a ver as pessoas virando os olhos para o outro lado ou dando as costas.
Rosie explica que estava muito inspirada para iniciar este projeto de fotografia porque sentia uma enorme desconexão entre as pessoas interessantes que conheceu no abrigo Shelter from the Storm ao longo dos seus anos de trabalho voluntário lá e os estereótipos que estamos constantemente vendo como representantes dos moradores de rua.
- "Especialmente em uma época de repensar o ano e se preparar para as festividades do Natal, é muito importante olhar estas pessoas com outros olhos", diz Rosie. - "Imagens positivas são mais poderosas do que as imagens de miséria que a mídia nos bombardeia cotidianamente, tornando as pessoas insensíveis a esses problemas.".
Esta série de retratos nos faz lembrar de um projeto recente realizado pelo ONG sem fins lucrativos Degage Ministries, que criou um vídeo time-lapse de um sem-teto veterano do Exército dos EUA passando por uma reformulação drástica, de um maltrapilho desrespeitado a um homem chique endinheirado em poucas horas. Ambos os projetos fazem-nos questionar os pressupostos que poderiam inconscientemente considerarmos sobre as milhares de pessoas que vivem nas ruas das cidades: - "Caramba, este cara poderia ser eu!" Ou seu vizinho, ou seu tio...
- "Por isso quis fotografá-los com uma atitude positiva, sabe? Ninguém deveria ser definido só pelo fato de ser um sem-teto", conclui.
Fotos: Rosie Holtom no Flickr
Fonte: Co.Design.
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Comentários
Ler os comentários e voltar para ver de novo os retratos me fez realmente ver de forma diferente as fotos.
Me lembro que um professor dizia, de modo a mostrar a a realidade dura de como são vistos, e não sua opinião pessoal, lixos sociais, esquecidos como humanos.
Gostei das fotos, acho que conseguiu passar o que queria.
A moça da foto 7 lembra a atriz Drew Barrymore. E o rapaz da foto 11 lembra o China (músico e apresentador brasileiro).
Monster, fazer pose, se arrumar e sorrir para uma foto é um costume saudável (pode até ser um estereótipo) praticado por todo mundo e não faz mal a ninguém. Ao contrário de fotografar a desgraça estereotipada para aumentar o preconceito. De nada! ^^
Eu não me refiro à expressão "superficial", mas ao olhar "interno", que foi moldado ao longo do tempo e incorporado à pessoa, o qual não pode ser disfarçado nem pelas melhores técnicas. É algo que só alguns notam.
Porém, as pessoas nessas fotos foram estereotipadas de outra forma: fingirem para as fotos que estão felizes.
Depois, voltam a miséria.
Logo, o estereótipo, está na composição dessas fotos, e não nas expressões reais delas enquanto tristes e pobres.
Contudo, a expressão (do rosto) diz muito sobre a vida de uma pessoa.