O binômio celebridade ? crianças da África (ou similares), é um composto familiar na cultura pop. Seja com poses ou discursos bem elaborados e, às vezes respeitáveis, ou com uma simples fotografia sorrindo, cada vez mais as celebridades apóiam causas humanitárias. Entretanto, um estudo realizado por pesquisadores britânicos sugere que a imagem de uma celebridade pouco contribui às campanhas de cunho altruísta, ainda que não necessariamente ocorra o mesmo ao inverso. |
Em alguns casos seguramente a intenção é genuína e de algum modo integral. Em outros não. Mas o que fica claro é que, como celebridade, associar-se a causas nobres pode dar maior exposição e, sobretudo, favorecer a chegada ao coração do público, ou ao menos compensar os escândalos rodeados de cocaína, sextapes, excessos de toda ordem e frivolidade.
A polêmica ao redor da potencial sinceridade ou hipocrisia implícita nestes atos persistirá. No entanto, e inclusive para além de questionar a essência do sistema altruísta, resulta interessante analisar a efetividade existente quando as celebridades façam um chamado para que seus fãs abracem as causas humanitárias.
A propósito disto, recentemente foi realizado um estudo no qual participaram pesquisadores de três universidades britânicas (Manchester, Sussex e East Anglia), para determinar os efeitos das campanhas em que participam personagens famosos da atualidade.
A pesquisa, realizada mediante a técnica de "grupo focal" com mais de mil voluntários, concluiu que a adesão de celebridades é geralmente "pouco efetiva" no momento de promover consciência entre o público em frente a uma causa que envolve a "empatia ao sofrimento a distância". Aliás, a maioria das pessoas que apóia estas causas o faz por experimentar uma conexão pessoal entre a causa e suas vidas ou as de seus familiares.
Os resultados foram publicados no International Journal of Cultural Studies:
- "Descobrimos que enquanto o reconhecimento das marcas da maiores ONGs seja alto, poucas pessoas as relacionam com as celebridades que as representam (seus embaixadores)."
Quanto aos benefícios obtidos pelas celebridades, ainda considerando que sua participação pode sim ser cheia de boas intenções, os resultados foram diferentes:
- "Para além do que as celebridades possam desejar em termos de publicidade, é claro que com frequência estas pessoas ganham mais atenção que têm estas campanhas, do que a própria causa."
Em resumo, de acordo com este estudo, seja ou não estratégico, ao que parece a promoção de instituições de caridade por celebridades é totalmente ineficaz à sensibilização. E mais: as celebridades mais se beneficiam destas campanhas do que contribuem. Levando isso em conta, se a intenção for genuína, então estas pessoas deveriam estar pensando de que outras maneiras poderiam processar e transferir a energia que recebem de sua fama para beneficiar os segmentos que promovem ou que continuem sendo oportunistas e se aproveitando delas para vender camisetas.
Fonte: PsyPost.
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Comentários
Mas isso já tava na cara
Eu acho tudo isso também.
Tudo oportunismo. Se depender de mim, estão todos ferrados, porque quem faz o bem verdadeiro, nem pensa em aparecer. Por isso, nenhum desses mefistófeles me convence. :evil: :evil:
Este comportamento já foi definido (não sei por quem) como "pilantropia".
Quem verdadeiramente faz o bem, o faz discretamente.
"Que vossão mão esquerda não veja o que a direita dá".
Políticos sabem muito bem disso.