O atual surto de Ebola na África Ocidental é o surto mais grave da história, afetando pelo menos 3.069 pessoas e matando pelo menos 1.552 até agora, com a maioria dos incidentes ocorridos na Guiné da África Ocidental, Serra Leoa, Libéria e Nigéria. Já o número real de pessoas afetadas poderia ser quatro vezes maior e chegar a 20 mil, segundo alerta da Organização Mundial da Saúde. |
Embora o surto tenha começado na Guiné, o maior número de mortes foram reportadas na Libéria. A pobreza extrema, a falta de saneamento, falta de equipamento médico adequado e uma população desconfiada com o governo tornaram quase impossível a contenção da doença. A cena tornou-se mais terrível por decisão da Libéria em criar zonas de quarentena em alguns bairros periféricos de Monrovia, o que suscitou protestos entre os liberianos.
O fotógrafo John Moore esteve na Libéria nas duas últimas semanas, documentando os esforços do governo para impedir a propagação da doença e o que ele viu não é nada agradável.
O atual surto de Ebola começou na Guiné em dezembro passado. Não foi detectada, no entanto, até março. Por essa altura, já tinha se espalhado para a Libéria, um dos países mais pobres do mundo.
Em junho, os casos de Ebola foram sendo relatados em Monróvia, capital do país. A ONG Médicos Sem Fronteiras descreveu a situação como "totalmente fora de controle" em West Point, um bairro de 75 mil pessoas em Monrovia, que foi um dos mais atingidos.
A pobreza generalizada na Libéria fez a propagação da doença muito pior. Com 84% dos liberianos abaixo da linha de pobreza, a maioria vive em condições de vida precárias, falta de água e também de saneamento básico. Quando não há água suficiente apenas para beber, a maioria das pessoas nem pensa em lavar as mãos.
A desconfiança generalizada que recai sobre o governo liberiano tornou a contenção da propagação ainda mais difícil. Muitos acreditam que o vírus Ebola é uma farsa, feita pelo governo para esconder "rituais de canibalismo". Aqui, uma mulher liberiana tenta convencer os moradores de que a epidemia é real.
A desinformação pela Libéria é generalizada. Alguns estão acusando o governo de criação do Ebola para levantar dinheiro da ajuda humanitária externa. Outros acreditam que a doença é causada por feitiçaria e que os médicos estão matando pacientes.
As equipes médicas e médicos que falam idiomas estrangeiras reforçaram ainda mais os medos dos liberianos.
Muitos liberianos estão convencidos de que as pessoas estão morrendo por outras causas. Muitos dos mortos não são testados antes do enterro ou da cremação. Aqui, funcionários do Ministério da Saúde descarregam os corpos das vítimas do Ebola em uma pira funerária.
Grandes multidões foram expulsas de sepultamentos em certas áreas de Monrovia, gritando que o Ebola é uma farsa.
Na semana passada, John Moore, responsável por estas fotos, assistiu uma multidão de pessoas invadindo uma ala de isolamento de Ebola em West Point. A multidão puxava os pacientes Ebola da enfermaria, fazendo com que muitos fugissem. West Point é um bairro conhecido por seu amplo uso de drogas, violência e criminalidade.
A ala inteira foi saqueada, incluindo colchões contaminados, suprimentos médicos e vestuário.
Defensores da saúde pública estão tentando mudar as atitudes do público, encenando espetáculos de rua para conscientização sobre o Ebola e eventos de prevenção.
Funcionários da área de saúde da UNICEF foram enviados à Libéria para difundir informações sobre a prevenção do Ebola. A medida de prevenção mais importante que eles têm enfatizado é a lavagem das mãos.
No final de julho, o presidente da Libéria, Ellen Sirleaf, anunciou que a Libéria iria fechar as suas fronteiras, estabelecer centros de triagem, e colocar as áreas mais afetadas sob quarentena.
Pessoas com suspeita de contrair Ebola estão sendo levadas para edifícios convertidos em salas de isolamento. Aqui, Andrew, 14 anos, está prestes a ser levado para uma destas alas.
Muitas escolas estão sendo convertidas em centros de controle do Ebola. Aqui, um homem liberiano sofrendo de Ebola desmaiou na enfermaria e ficou inconsciente.
Médicos Sem Fronteiras construíram um novo centro de tratamento de Ebola perto de Monrovia para lidar com a crise. Eles tem 120 leitos, mas há planos de expansão para 350 camas. É o maior centro de tratamento contra o Ebola na história.
O novo centro dos Médicos Sem Fronteiras já está sobrecarregado, já que chegam novos pacientes todos os dias.
Os médicos dizem que não tiveram acesso a equipamentos básicos como luvas de látex, jalecos, botas de borracha e desinfetantes para as mãos, forçando-os a tratar os pacientes com suas próprias mãos. Isso está mudando depois que a UNICEF e o governo dos Estados Unidos começaram a enviar carregamentos de suprimentos médicos.
Este é um novo Centro para Controle de Doenças de laboratório. Ele está sendo usado para testar o fluxo de pacientes que entram no centro dos Médicos Sem Fronteiras.
O presidente também colocou restrições às manifestações públicas e recomendou hotéis, restaurantes e locais de entretenimento para exibirem um vídeo sobre como evitar a doença. O dono desta sala de cinema disse que poucas pessoas foram assistir filmes desde que o surto começou.
O governo liberiano colocou em quarentena recentemente dois bairros de alta densidade nos arredores de Monrovia, incluindo o de West Point, mostrado aqui. As escolas e os mercados foram fechados e os funcionários do governo foram dispensados.
Após a declaração de quarentena os confrontos eclodiram entre soldados liberianos tentando impor a quarentena e moradores do município. Os confrontos começaram quando o governo bloqueou estradas para o centro da cidade, com mesas, cadeiras e arame farpado. A situação ficou tão ruim antes de ontem que soldados dispararam munição real contra uma multidão atirando pedras.
Os preços da comida e água no município dispararam em resposta à quarentena.
Um dos maiores problemas para os moradores de West Point é que eles nunca foram avisados sobre a quarentena. A maioria dos moradores não tem fundos para estocar comida e água. Em um esforço para acalmar as tensões em West Point, o governo começou a entregar toneladas de arroz, óleo e outros alimentos para os moradores.
As quarentenas em massa foram criticadas por médicos especialistas que dizem que a medida não é realmente eficaz para conter a propagação de doenças.
A maioria diz que é improvável que o Ebola já tenha atingido o seu pico. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o surto poderia eventualmente exceder 20.000 casos, mais de seis vezes o número atual de casos conhecidos. As clínicas locais recusaram-se a tratar este menino que sofre de Ebola porque o risco de infecção era muito grande.
A boa notícia é que, segundo o presidente Sirleaf, a grande maioria dos liberianos fora de West Point está ouvindo o governo e estão envidando esforços para seguir as medidas de prevenção do Ebola. Mesmo assim, o país tem uma batalha difícil pela frente.
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Comentários
Concordo em partes com o seu comment, sim já assisti o filme, mas não tem nada haver uma coisa com outra, creio que o caso da AIDS como mostra no filme tinha mais a questão do preconceito contra os homossexuais... nesse caso o fator não é tanto o preconceito e sim o descaso dos governantes daquele continente com o seu povo. Sim os EUA vai lucrar, mas por isso é vilão? Afinal cria a vacina, se não são eles tomando sempre iniciativa outro não faz, e pode perceber que sempre é assim, não adianta! Só fez porque um Americano pegou o virus, sim, o próprio país virou as costas para o povo, não só país mas continente, os EUA agora tem obrigação? Não, mas quando viu que a coisa estava fugindo de controle e saindo daquele país para o mundo tomaram as rédias da situação como sempre, porque querendo ou não é sempre os EUA que resolve tudo, por isso é a maior potencia mundial, não estou falando em guerras e que não venham bater nesta tecla, o assunto aqui é outro, e se não é os EUA fazendo essa tal vacina pode ter certeza que outro não toma iniciativa para fazer nada por aquele povo.
O caso do Ebola é quase igual ao da AIDS, Os EUA só se meteram nessa história pq um Americano foi infectado, senão eles nem estariam se preocupado...Quando a AIDS apareceu foi a mesma coisa, só começou haver tratamento e pesquisas quando descobriram que heteros poderiam ser infectados, enquanto isso os gays morriam aos montes, quem assistiu The Normal Heart sabe...
Isso para mim é nada mais e nada menos que controle de massa, condições para acabar com todos os problemas da Africa existe mas ninguém quer...
PS: Quem vai fabricar a vacina? EUA
Quem vai faturar milhões? EUA
"L!$", com todo respeito, mas creio que a carapuça serviu em mim e aceito, pois não machuca. Só vou me explicar melhor:
Eu li que os EUA estão ajudando. Legal! Mas minha critica é que ninguém está seguindo o exemplo, e quando é para uma guerra, um monte de país segue.
Os povos dos países africanos são como os brasileiros; a grande maioria não recebe uma educação descente e depois não sabem escolher seus governantes.
Vejo comentários em todos os sites de todos os assuntos apedrejando os EUA por tudo, tudo é culpa dos Estados Unidos, a pobreza da Africa, o analfabetismo, a precariedade em que vivem e esse vírus é culpa dos EUA, não é culpa dos governantes daquele Continente que pouco se importam com o seu povo, cada vez que vejo matérias sobre a África fico imaginando para onde vai pelo menos algum dinheiro porque lá não existe o minimo dos mínimos, nem saneamento básico e não é só em um País é em todos, logo já seria esperado uma doença se propagar assim onde a população não tem instrução sobre nada, nem sobre limpeza, educação, saúde... Meu Deus é um povo sofrido demais! Em relação ao vírus na própria matéria já avisa que os Estados Unidos já está enviando carregamentos de suprimentos médicos... O que mais poderiam fazer? Levá-los para o seu País, o que percebo é que outros Países ficam com raiva porque os EUA faz pelo seu povo o que nenhum outro faz, por isso lá todo mundo é tão patriota que em todas as casas tem bandeiras e todo mundo sabe o hino de có.
"Muitos acreditam que o vírus Ebola é uma farsa, feita pelo governo para esconder rituais de canibalismo". Meu Deus, eles não aceitam tratamento porque não acreditam na doença, já estamos no século XXI e ainda existem pessoas tão desorientadas. Assisti uma matéria na record sobre a Africa, nela repentinamente aconteceu uma coisa engraçada, um jornalista mostrou um telefone celular e ficaram achando que ele era de outro planeta porque nunca haviam visto um.
Quando vão se conscientizar e olhar um pouco para esse povo? Tantos artistas fazem campanhas, Países ajudam como os EUA mesmo... E para onde vai este dinheiro? Todo mundo sabe, para se ter uma ideia nesta mesma matéria da record mostrou um hotel luxuoso que é o mais caro do mundo e fica lá, mostrando assim a desigualdade social daquele País, mas quando que isso vai mudar? Será que um dia muda? Espero que sim.
Dizer o que? Sou brasileiro, faço parte de uma nação que é passiva. Aceita tudo que lhe impõe. Gosta de ter pessoas sem caráter, sem boa índole governando. Faço parte de uma nação que colocou uma presidente com passado criminoso e com provável problema de saúde mental, pois dizer em uma entrevista que dorme de sapato e com dinheiro debaixo do colchão para poder estar preparada para fugir, para mim é um problema de saúde mental.
Expandindo para fora das fronteiras do Brasil, que país que está preocupado com está epidemia? Para que serve a ONU? Pq quando os estadunidenses resolvem invadir e guerrear um país através de falsos motivos, eles têm apoio de vários outros países para isso. E quando surge uma epidemia que está matando pessoas humildes, ninguém liga.
Onde foi parar o dinheiro arrecadado pela música "We Are The World" do "USA For África" que até hoje nunca vi uma melhora por causa dessa e outras campanhas.
O que resta é ler e ver estas imagens e se entristecer por fazer parte de uma raça animal que pensa ser racional.
Que terror, pessoal. Que terror! Já imaginaram a situação do menininho da penúltima foto? Não dá nem pra imaginar direito. Fora o caos instalado, com toda a população em visível estado de desorientação diante da calamidade. Estão lutando, parece que ainda não caiu a ficha pra maioria. O que estão fazendo com a humanidade, com o mundo, com tudo? Há os que se beneficiam deste sistema mundial, os que dão de ombros e analisam como efeito colateral. Há até os que pensam ser esta situação como um mal necessário. Somados aos dados recentes de que pouco mais de dez país podem ser considerados fora de algum tipo de conflito armado interno ou externo e que, mesmo assim estes (o Brasil incluído) gozam apenas de uma paz relativa, surge a certeza de que caminhamos pra uma fragmentação social, uma nova ordem impulsionada pela zorra mundial. Quem diria?
Quando o termo "Nova Ordem Munidial" era usado, referiam-se seus proclamadores a um sistema gerado por questões políticas e, na melhor das hipóteses, pelos avanços econômicos e tecnológicos destes últimos tempos. Nem o mais conspiratório, o mais pessimista, esperava que o mundo teria sim uma tal Ordem Mundial Nova, baseada no abandono das sociedades ao sistema que se auto proclamava gestor desatas mudanças. Vendo estas imagens, tenho uma intuição de que não será nada disto. Do jeito que está não vale mais à pena fazer parte. Principalmente pelos principais atingidos nesta primeira fase. Mas, em algum momento, seja por solidariedade humana, seja por ser igualmente atingido, as pessoas, individualmente, começaram a roer a corda, com a certeza de que já são suficientemente excluídos para valer à pena manter-se inserido neste enorme erro.
Spartacus, quando da luta contra Roma, reivindicava o direito à inclusão, a ser reconhecido como cidadão romano. Foi só o começo. Excluídos querendo sua parte. Depois de perceberem que esta parte não seria nada mais que uma verdadeira maldição, os excluídos do Império simplesmente deram as costas para o sistema. Surgem as seitas cristãs. Num último suspiro para manterem-se de pé, os detentores do Império romano decidiram juntarem-se aos "Novos Valores". O intuito era claro: apropriarem-se do movimento de contra-cultura antes que ele fugisse totalmente de controle. Não deu certo. O Império era podre em suas estruturas mais profundas. Roma caiu por cansaço. Pulverizou-se, dando espaço a uma nova configuração, uma nova dinâmica social, embasada no retorno ao tribalismo e na pulverização da sacralidade do poder. Foram-se mil anos até que tudo virasse do avesso de novo. Agora, vemos este processo se repetir em cada recanto do mundo. Guerras internas, efeitos da exclusão como o Ebola, expatriação, nomadismo forçado, crise sobre crise nos centros do sistema... Dez anos. Dou dez anos pra Roma cair novamente. Nada mais.
O extermínio já começou!! Só quero que quando chegar minha hora, seja rápida e indolor.