Brincadeiras titulares à parte, cada sociedade decide e negocia o que considera belo em todos os âmbitos estéticos, bem como os traços e expectativas que socialmente estão associados aos indivíduos mais desejáveis. Presume-se então que ditos traços e expectativas são desejáveis em outros, mas serão desejáveis em si mesmo? Realizando um estudo comparativo de diferentes pesquisas sobre o impacto social da beleza ao longo do tempo, as psicólogas sociais Lisa Slattery Walker e Tonya Frevert chegaram à conclusão de que a beleza é um aspecto superficial com profundos envolvimentos. |
Uma mulher muito linda provocou a Guerra de Troia, e sem importar qual seja nossa concepção da beleza física, a verdade é que a sociedade estabeleceu alguns códigos a respeito.
Prós
Um rosto bonito fala mais do que mil palavras. E ao que parece há boas razões: sejam quais forem suas feições, as pessoas fisicamente atraentes têm traços fisionômicos associados à beleza, como uma benefício que lhes é atribuído inconscientemente.
- "É uma das muitas características de status que podemos identificar muito cedo em nossas interações", segundo Lisa.
Isso é conhecido por teoria de "o que é belo é bom", e nos remete ao idealismo platônico. Na lenda, Frinéia é acusada injustamente de um crime e o hábil advogado defensor, Hipéride, um de seus amantes, ao perceber que o veredicto seria desfavorável, rasgou o manto da bela exibindo seu corpo em pleno julgamento como evidência da inocência de sua cliente. O júri ao ver seu corpo absolveu Frinéia de todas as acusações, pois seria herético sustentar que os deuses tenham posto tanto cuidado em criar um ser malévolo. É essa bolha de alteridade angélica que dota a os muito lindos de uma classe de impunidade e segurança baseada unicamente em sua aparência.
Em sua pesquisa, Lisa e Tonya descobriram que os estudantes mais atraentes tendiam a ser julgados com melhores concorrências e inteligência que os não tão abençoados pela genética. O efeito dessa aprovação gratuita é um acréscimo de confiança percebida ao longo do tempo, o que faz com que estas pessoas achem que merecem as considerações recebidas na juventude, simplesmente por sua aparência.
- "São conferidas vantagens ao longo da vida, desde os dias de jardim da infância até o posto de trabalho", diz Lisa, que estima que a diferença de salários a favor das pessoas atraentes pode ser entre 10 e 15% a mais do que a média ao longo da vida trabalhista.
Contras
A beleza física pode ir na contramão em certas circunstâncias. O sexismo e o assédio trabalhista ataca cotidianamente as mulheres, e permite que homens atraentes ou carismáticos tenham acesso a posições de poder sem a preparação necessária -à presidência, por exemplo-. Ou, se for mulher, a profissões tradicionalmente masculinas. Um exemplo clássico é "Legalmente loira".
Um estudo de 1975 revelou que as pessoas costumavam manter uma distância considerável de uma mulher bonita ao caminhar pela rua. Isto revelava uma espécie de marca de respeito, mas também uma marca de exclusão. Segundo Tonya, a pessoa atraente pode chamar mais a atenção no espaço visível, mas ao custo de fazer com que outros não se sintam autorizados a se aproximar dela.
O Tinder reportou recentemente que os perfis que obtinham mais encontros não eram precisamente aqueles com as fotos mais perfeitas. Uma razão disso é que os casais potenciais se sentem mais intimidados em apps de encontros por prospectos mais atraentes do que eles.
Durante as entrevistas de trabalho, a beleza percebida pode ser traiçoeira se o entrevistador for do mesmo sexo que nós, sobretudo se for mulher. Algumas soluções poderiam ser que as habilidades e aptidões dos candidatos fossem qualificadas sem levar em conta sua aparência física, mas a verdade é que manter uma escolha trabalhista perfeitamente objetiva pode ser tarefa difícil.
Por último, não importa se você é ou não atraente: ficar obcecado com a maneira com que os outros te percebem -o velho "espelho, espelho meu...”, do conto de fadas- pode alterar sua vida e suas interações se forem experimentadas como estresse ou ansiedade. Em outras palavras, a beleza serve para padronizar certos mercados e órbitas de consumo, mas está longe de ser a panaceia na experiência pessoal.
Fonte: Sociology Compass.
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Comentários
Dependendo do momento, eu prefiro uma porta...
Mais quietinha, flexível, abre e fecha sem entraves...
O resto é questão de opinião...
:-)
Adoro portas. Transmitem segurança, às vezes beleza, outras vezes força, mas o melhor de tudo, é que impedem que gente chata entre na minha casa. :lol: :lol:
Bem, posso até ser assediado pelo sexo feminino mas nunca fui beneficiado só por ser bem-parecido.. :roll:
Acho que agora é o momento de fazer um post sobre portas.
Todos querem saber o que são o que fazem e onde estão.
^^
Idem pra mim, pode ser bonito, mas se for burro que nem uma porta, não dá pra encarar.
Olha, só digo uma coisa, pra mim pode ser bonita, mas se for burra que nem uma porta, não dá pra encarar.