Ao mesmo tempo em que a Grécia excede o prazo para pagar sua dívida ao Fundo Monetário Internacional, um jovem britânico chamado Thom Feeney lançou uma campanha no Indiegogo para ajudar os gregos com 1,6 bilhões de euros. Em um princípio isto parece uma piada, mas em 4 dias a campanha registra mais de 1,5 milhões de euros. Esta quantidade poderia ser prova de que as pessoas estão ansiosas para ajudar; como diz Feeney: - "O povo resolvendo os problemas do povo e deixando aos políticos seu conciliábulo e retórica". |
Ainda que também seja provável que as pessoas tenham prometido ajudar simplesmente porque é pouco plausível que a campanha alcance o valor proposto (quando isso acontece os valores doados são devolvidos) e também porque serve aos princípios do ativista de sofá realizar uma espécie de ajuda imaginária, sem riscos de realmente gastar dinheiro, além de gerar um bom posta para compartilhar em suas redes sociais.
Seria interessante ter uma cifra mais realista e utilizar esse dinheiro não para resgatar financeiramente a Grécia, senão para dar o dinheiro ao povo e não aos bancos, para ver até que ponto realmente o crowdfunding pode ter efeitos importantes.
Segundo Thom Feeney, se cada membro da zona do euro doar 3 euros poderia ser alcançada a meta dos 1,6 bilhões de dólares. Ainda que isto soe bem e seja certamente louvável, o objetivo é, no entanto, anódino se o que se propõe é realmente liberar os gregos de sua dívida. Esses 1,6 bilhões de euros são o montante que a Grécia precisa para poder permanecer no programa de resgate financeiro e cobrir sua dívida com o Fundo Monetário Internacional.
Para saldar completamente sua dívida com a Troika bem como com instituições privadas, a Grécia deve pagar ao todo 275 bilhões de euros. Pois se isso não fosse o bastante, nem um centavo dos 1,6 bilhões de euros vencidos, nem um centavo também dos 275 bilhões de euros chegará ao povo grego. Aliás, somente os banqueiros, o FMI e os burocratas não eleitos da Comissão Européia veriam a cor do dinheiro desta campanha.
É absurdo, frustrante, escravizante, etc. Para arrematar, o pior de tudo é que quase nada do dinheiro emprestado a Grécia foi à Grécia. Segundo explica o economista Joseph Stiglitz:
- "O empréstimo serviu para pagar aos credores do setor privado, incluindo bancos alemães e franceses. A Grécia recebeu uma miséria, mas pagou um alto preço para preservar o sistema bancário destes países. O FMI e outros credores “oficiais” não precisam do dinheiro que demandam. Sob seu modo de operação de negócios, o dinheiro recebido de qualquer jeito seguramente seria emprestado outra vez à Grécia".
Stiglitz conclui que o fundo da crise da dívida grega não é o dinheiro, é a ideologia política do país e sua negativa a se alinhar com a política econômica européia.
Fonte: Guardian.
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Comentários
Os gregos ganhando presente de grego...
:-/
Absurdo!
Esta operação é um roubo. Roubam 3 euros a cada cidadão para encherem a barriga de bancos, investidores gananciosos, entidades obscuras e mafias diversas.
A única forma que os gregos têm de saldar a sua dívida é não pagando ela.
As dívidas da maioria dos Estados do mundo são impagáveis.
Todos falam de quem deve dinheiro - os milhões de pessoas que trabalham, os reformados, os pobres de todo o mundo.
Mas ninguém diz quem são os que "emprestaram" esse dinheiro. São quantos? São muitos? Onde se encontram?
E porque emprestaram tanto dinheiro a quem sabiam não o poder devolver?
Esta é uma moderna e pérfida forma de extorsão feudal.