Um beijo não é nunca apenas um beijo: vídeo explora 120 anos de beijos no cinema

Talvez não muitos saibam que entre as primeiras imagens em movimento registradas com intenções cinematográficas estão as de um casal se beijando (primeira cena deste vídeo). A gravação foi realizada em 1896 por solicitação de Thomas Alva Edison, e desde que se tornou pública foi censurada e qualificada como obscena. A partir de então, é possível que um dos atos humanos com maior presença no cinema seja o de duas pessoas reunindo suas bocas, seja em uma amostra de amor ou de submissão, de hipocrisia ou de paixão transbordante.

De Chaplin a Woody Allen, de Hitchcock a Scorsese, de Max Ophüls a Kurosawa, os beijos percorrem o cinema como um motivo recorrente que, por outro lado, estabeleceu uma dialética entre a imaginação e a realidade, um intenso vaivém simbólico no meio do qual nos encontramos, os espectadores, as pessoas reais que não vivemos nas condições controladas do estúdio cinematográfico; que nos beijamos, mas não com o glamour com que isto ocorre nos filmes hollywoodianos, ainda que talvez, em certa parte de nossa mente, pensamos (ou fantasiamos) que seja assim.

Em parte essa é a premissa da qual parte este vídeo postado recentemente pelo British Filme Institute, intitulado "Lips, Love and Power" e que compila uma boa parte dos beijos filmados nestes 120 anos de cinema, na maioria de suas variantes, em suas irrupções conta o status quo, em sua franca defesa por causas, pela liberdade dos corpos e, em suma, em tudo aquilo que pode estar depositado em um beijo.

O número, por outra parte, talvez não seja do todo casual pois, como em "120 Dias de Sodoma", "120 anos de beijos cinematográficos" também podem ser um amplo mostruário dos limites e alcances da sexualidade humana.