Certamente, muitos homens ainda se limitam em sua função de esposos e pais para serem unicamente provedores do lar, seguindo as doutrinas e normas do patriarcado. No entanto, isto não significa que seja o único papel que estes possam desempenhar. Não podemos seguir minimizando o papel do homem, pois o seu baixo envolvimento na vida familiar tem um custo muito elevado a nível emocional para todos os envolvidos, inclusive para o próprio. |
Um homem que se limita a ser um bom provedor é o equivalente a um pai ausente desde a perspectiva emocional de sua família. O problema é que ser um bom esposo, provedor e pai implica algumas responsabilidades excludentes entre si. Esta é a ideia do escritor e psicólogo russo Pavel Zygmantovich, postada em um polêmico artigo, que disparou mais de 5 mil comentários no VKontakte -o Facebook russo- e que nós traduzimos integralmente na sequência.
Muitas mulheres acham que os homens governam o mundo. E estão seguras de que os "danados" se sentem bem com isso. Em realidade, a vida de muitos homens é um inferno pessoal interminável. Mais ainda, o nível de "inferno" só faz aumentar se o homem tenta ser uma boa pessoa.
Senta aí, vou te contar algo sobre os homens que você jamais tinha escutado (claro, se não for homem).
O inferno dos homens se chama conflito de papéis. Como dá para adivinhar, o conflito de papéis é o conflito entre papéis ou seus elementos. E os papéis são as normas sociais que contêm indicações e restrições a respeito da conduta.
Quantos papéis tem um homem? Muitos, mas os principais e que nos tiram o sono são: Provedor, Marido, Pai, Filho, Amigo. Cada um desses papéis contém certas indicações e restrições a respeito das preocupações e condutas. E estas pautas de conduta rompem o homem em pedaços.
Digamos que o homem quer ser um bom Provedor. Para ser um bom Provedor, há que ser um bom empregado. Por exemplo, viajar a negócios ou fazer hora extra no trabalho. Um trabalho árduo, pelo geral, contribui ao aumento do salário e a uma ascensão trabalhista, o que se reflete no salário de forma positiva.
Mas se ele trabalha muito, começa o conflito com os papéis de Marido e Pai. O homem vai para o trabalho muito cedo, regressa um pouco tarde e, que casualidade, passa a ser um mau marido porque "não presta mais a atenção em mim!", e um mau pai: "quando foi a última vez que viu seu filho, seu desnaturado?".
Mas se o homem decide mudar o enfoque a favor da família -para os papéis de Marido e Pai-, o rendimento cai e rapidamente o homem torna-se um mau Provedor e consequentemente um mau Pai e Marido.
Isto é especialmente doloroso se o homem, repito, tenta ser uma boa pessoa: um bom Provedor, um bom Marido, um bom Pai.
Sinceramente ele quer ser bom, mas a própria realidade não lhe permite executar todos os papéis bem ao mesmo tempo. Ele se vê obrigado a sacrificar algo o tempo todo. De modo que todos os esforços são em vão e o homem está condenado a fracassar miseravelmente uma vez e outra.
Vejamos outro exemplo. O homem quer ser um bom Filho e tem a intenção de ajudar seus pais, mas aqui surge um conflito porque sua esposa pede para ajudar também sua mãe, porque não é justo. Como seguir sendo nesta situação um bom Filho e um bom Marido? É um pouco difícil.
O homem deve solucionar este tipo de questões a cada dia, a cada minuto, e não é que sejam decisões fáceis de tomar. E muito menos podemos dizer que o homem sempre está conforme com as escolhas que faz.
Pelo geral, as decisões são difíceis e mesmo que seja algo que desgoste profundamente ele irá fazer em prol de sua família e para que permaneça tudo bem, mas as coisas quase sempre acabam saindo do prumo. Olha, sabe... é um pequeno inferno pessoal.
Por suposto, nem todos os homens passam por isto. Se ele não é uma pessoas comprometida com o bem e o bem estar da família, não tende a ser uma boa pessoa, ser um bom marido e pai, não terá problemas. Em alguns homens este inferno está mais marcado, em outros, menos. Tudo é muito individual, mas muitos homens vivem neste inferno querendo ser bons Provedores, encontrar tempo para ser um bom Pai, buscar as migalhas do tempo para seguir sendo um bom Amigo. E assim sucessivamente.
Como pode um homem superar o conflito entre papéis?
A forma mais óbvia: recusar uma parte dos papéis. Por exemplo, separar-se ou não ter filhos.
Outra opção óbvia é corrigir o conteúdo dos papéis. Já trouxe o dinheiro para casa, e cuidar das crianças não é minha tarefa, minha qualidade como pai se determina só com dinheiro, não com os cuidados do filho, de modo que me deixe em paz, mulher.
A terceira saída óbvia é começar a encher a cara. Ao menos por um tempo debilitará a pressão deste conflito. Muitos homens terminam afogando seus conflitos no álcool.
A maneira menos óbvia é trabalhar com um psicólogo para reduzir o problema do conflito. É importante mencionar que sim, é possível debilitar a intensidade do dilema, mas tirá-lo por completo não. A realidade não tem compaixão.
Assim é como vivem os homens, em seu pequeno inferno pessoal e sem nenhuma alternativa para sair do conflito entre papéis.
Que deve fazer a mulher com isso?
Agora chegou a hora de tratar a indignação justa que algumas leitoras devem estar tendo em relação a este texto. Não quero dizer que todos os homens se sentem infelizes nem que as mulheres não tenham nenhum conflito de papéis, nem também não que sua vida brilha como um arco-íris e goza de felicidade absoluta. Não, não digo nada disso, na vida de cada mulher também há um sem-número de problemas entre papéis que transformam sua vida em seu inferno pessoal.
Tudo o que quero dizer já disse: o homem com frequência vive calado um dilema entre papéis muito sério e vai se virando para sair dele como pode. Muitas vezes a vida nesse impasse e/ou a saída dele lastimam não só o homem senão a seus seres queridos.
O que acontece é que a mulher não sabe nada disso e acha que só sua vida está errada, e que na vida de seu marido tudo é belo e fascinante. Isto dá lugar a muitos mal-entendidos. De modo que é melhor sabê-lo e tê-lo em conta.
Pode surgir a pergunta: deve a mulher fazer algo com este conflito entre papéis? Bom, não sou eu quem decide. Há que verificar se isto está prejudicando o relacionamento e se sim, tentar ventilar o que pode ser feito.
Na verdade, a única coisa que pode ser feita nesta situação é, basicamente, saber que este dilema existe. Saber e solidarizar-se com o homem por suas boas intenções, ainda que nem sempre levem aos resultados esperados.
Entendo que nem sempre, principalmente na hora da raiva, dá vontade de dizer a "este danado" palavras de carinho e compreensão. Em primeiro lugar, é difícil crer (e comprovar) que realmente ele faz tudo o que pode por você. É mais fácil achar que é um preguiçoso egoísta.
Ainda que só seja uma recomendação tática. O objetivo estratégico deste artigo é esclarecer alguns segredos dos homens. Segredos que só os homens conhecem, que permanecem escondidos para as mulheres.
Por que é necessário um esclarecimento assim? Porque o conhecimento ajuda a viver melhor. Se você sabe o que o que seu marido está passando calado, será mais fácil reagir ante isso e mais fácil entender como tratá-lo.
Farei um resumo. Quanto mais o homem tenta ser uma boa pessoa, mais se arrisca a cair vítima de um conflito entre papéis. Sair deste conflito sem perdas é difícil. Mais lógico que deve tentar reduzir a intensidade do mesmo. A mulher pode ajudar o homem sabendo da existência deste problema e compreendendo suas boas intenções e esforços.
Fonte: Pavel Zygmantovich.
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Comentários
O local é bem frequentado Genivaldo. Na maior parte do tempo por gente esclarecida e de bom senso. ^^
A sociedade ainda cobra dos homens comportamentos e atitudes específicas é verdade. E não falo das gentilezas, que devem ou deveriam partir de ambos os lados.
Os homens mesmos também se cobram demais e acabam frustrados pq não há como ser onipotente.
Mesmo tendo adquirido novos papeis nos últimos tempos, homens e mulheres ainda não sabem ao certo como lidar com eles.
Os casais acabam se digladiando pelo poder, competem entre si, vivem de cobranças. Isso acaba com o amor, a amizade e a confiança.
Que pessoa não gostaria de se sentir segura mostrando sua vulnerabilidade para a sua cara metade? Aos homens, parece, isso não é permitido.
Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais?
Até me admiro que não tenha aqui ainda um bando de esquerdista cagando regra e cuspindo besteiras sobre como as feministas tem exclusividade sobre o vitimismo. Mimimi...
Fabiano é certamente uma feminazi que desconhece que 82% dois lares brasileiros são providos por homens.
podemos deixar essa baboseira de homem provedor do lar e da mulher do lar no passado onde deveria ter ficado né?
Dai vem uma feminista e diz que o texto é machista porque não entende o objetivo.
Não é fácil ser homem.
Ainda bem que sou mulher. 8)
Tá certo que ele maximizou as coisas para exemplificar melhor, mas ele não está errado não. Esses conflitos existem, sim.
O papel dos homens na atualidade é coisa que mudou muito no panorama atual e praticamente ninguém se apercebeu disso. Rendeu muito assunto entre conhecidos. Vários perderam o rumo, senão todos e tanto eles quanto seus pares não viram o precipício logo a frente.
Bom artigo. Tenho uma vaga reservada pra você aqui.