Apesar dos esforços da ciência médica por prolongar a vida, e de movimentos tecno-otimistas, como o transumanismo, que sugerem a possibilidade de alcançar a imortalidade, parece que a única certeza que teremos nesta vida é, e seguirá sendo durante um bom tempo, a morte. E imaginar do que você se arrependerá antes de morrer pode resultar bastante útil para desenhar sua futura existência em sintonia com o que verdadeiramente almeja para o seu caminho. |
O que eu quero dizer é que refletir sobre esta contundente "verdade" e única certeza que temos pode ser traduzido, sobretudo se formos capazes de reformular nossa tradicional concepção do que é morrer, em uma extraordinária oportunidade para aproveitar e valorizar essa sequência contínua de ciclos respiratórios que coloquialmente chamamos de existência.
Do que se arrepender antes de morrer?
Listar, mental ou textualmente, aquelas coisas das quais achamos que vamos nos arrepender em nosso leito de morte, mais do que tratar de uma prática dramática ou de nos envolver em um sofisticado escarmento, poderia desdobrar-se em um mapa sobre as coisas que estamos fazendo, ou deixando de fazer, que não sintonizam com o desenho de vida que no fundo desejamos.
A propósito disto, existe um livro chamado "The Top Five Regrets of the Dying" ("Os 5 arrependimentos mais comuns entre pessoas próximas a morte"), escrito por Bronnie Ware, uma enfermeira australiana que decidiu dar assistência a centenas de pessoas idosas que se encontravam próximas à morte.
Como seu nome indica, este livro se foca em detectar os mais populares remorsos e metanoias pré-mortem, que evidentemente podem ser traduzidos em benévolas advertências para os que ainda estamos vivos. A seguir a lista:
1. Desejaria ter tido coragem de viver de acordo com meus sonhos e não às expectativas que outras pessoas depositavam em mim.
Soa familiar? Duvido que você tenha estatística a respeito do assunto, mas acho que existem boas probabilidades de que, você que lê e eu que escrevo, estejamos, em maior ou menor medida, presos nessa rede de expectativas geradas ao redor de nossa identidade familiar, cultural, profissional, etc.
2. Desejaria não ter trabalhado tanto.
Alguma vez você já parou para avaliar quanto de seu tempo e energia dedica a esse modelo existencial que chamamos emprego? Talvez você tenha a felicidade trabalhar naquilo que gosta, que seu trabalho seja o suficientemente estimulante e congruente com seu sentido de vida e que virtualmente se dilua na fronteira entre sua vida pessoal e profissional. Mas a maioria das pessoas não pode presumir dessas benesses. De qualquer forma seria bom repassar que porção de nossa agenda existencial deixamos para assuntos não anti-trabalhistas.
3. Desejaria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos verdadeiros.
Aparentemente poucas coisas geram consequências tão nocivas como deixar de expressar o que sentimos. E apesar de que consegui-lo não é tarefa fácil em certos contextos pessoais e socioculturais -"I don't know why nobody told you. How to unfold your love"-, seguramente o melhor momento para começar a fazê-lo -no caso que ainda não tenhas estreado-, é exatamente agora.
- "Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para evitar conflitos com outros. Como resultado estacionaram em uma existência medíocre e jamais foram capazes de verdadeiramente ser eles mesmos", diz Bronnie Ware em seu livro.
4. Desejaria ter mantido mais contato com meus amigos
Poderíamos definir os amigos como aquelas pessoas que escolhemos voluntariamente para compartilhar a região mais entranhável de nossa jornada e Bronnie diz que com frequência eles não apreciavam os verdadeiros benefícios de seus velhos amigos até que chegavam em suas últimas semanas de vida e já nem sempre era possível encontrar com eles para se despedir e para um último papo.
5. Desejaria ter me permitido maior felicidade.
Se cada qual é arquiteto de sua própria vida e se de cada um de nós depende a quantidade de felicidade que verteremos em cima de nossa existência, então seguramente, no caso de não termos nos reservado este auto-obséquio, lógico que nos arrependeremos disso.
Depois de ler esta breve listagem, com um pouco de sorte a primeira coisa que ocorrerá na sua mente é revisar, pelo menos superficialmente, o que você está fazendo de sua vida. E para além de conselhos dogmáticos ou fórmulas perfeitas, talvez esse seja um bom momento para redefinir o critério que até agora vinha utilizando no momento de tomar as decisões mais importantes em seu caminho. De modo que relaxemos e afinemos nosso mapa existencial; afinal de contas, se você está lendo esta última linha, o mais provável é que seja bom momento para fazê-lo.
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Comentários
Não preciso nem chegar perto da morte para odiar ter que trabalhar tanto, para os outros. Trabalhar para mim sem precisar se preocupar com dinheiro é o que eu queria.