Um filhote de leão e outro de cão brincando. Um elefantinho correndo junto a uma ovelha. Um castor descansando sobre uma tartaruga. Um cão nadando com um golfinho. Este vídeo promocional do Android tem dezenas de milhões de reproduções e é um bom exemplo do muito que a Internet gosta dos vídeos e fotos que refletem a amizade interespécies. E mais: uma busca no Google por "unlikely animal friendship" ("amizade entre animais não convencionais") devolve 1,95 milhões de resultados. |
Um artigo do New York Times recorda que estes vídeos chamaram a atenção de alguns cientistas, que acham que convidam a "um estudo mais sistemático" das relações entre espécies de animais, já que poderiam dar pistas a respeito de como se comunicam, que é o que leva a algumas espécies a buscar contato com outras e inclusive até que ponto alguns animais podem adotar o comportamento de outros. Recordemos, por exemplo, o vídeo da ovelha que se criou entre cães e acha que é um canino também.
O diário americano aponta que muitas pesquisas estão derrubando as fronteiras entre o homem e outros animais, que compartilham habilidades que se consideravam até agora próprias dos humanos, incluindo as emoções, o uso de ferramentas, contar, certos aspectos da linguagem e inclusive um senso de moral.
Alguns especialistas dizem que é perigoso usar o termo "amizade" porque supõe atribuir sentimentos humanos a outras espécies, e seria mais correto falar de "relações afiliativas". Isto é, são comportamentos que nos recordam à amizade, mas que ou são diferentes ou não sabemos o suficiente deles, motivo pelo qual não deveríamos inferir atitudes humanas.
Os vídeos também têm o problema de que algumas destas imagens poderiam estar foras de seu contexto. Por exemplo, no já citado artigo do New York Times apontam que este vídeo de uma leoa junto a uma filhote de antílope não mostra tanto amor como parece. A leoa estaria provavelmente brincando com sua presa antes de matá-la.
O que não cabe nenhuma dúvida é que os animais em muitas ocasiões podem (e devem) conviver, já que na própria natureza eles fazem isso. Este tipo de comportamentos também são uma amostra da empatia que os animais sentem, sobretudo as espécies mais inteligentes como primatas e mamíferos marinhos. Um exemplo clássico deste comportamento é quando uma fêmea amamenta filhotes de outra espécie. Um experimento famoso de 1959 concluiu que ratos deixavam de apertar uma alavanca que lhes dava comida quando isto provocava um choque elétrico em outros ratos.
Quanto à empatia com animais de outras espécies, há casos de golfinhos que ajudaram humanos a escapar de tubarões e elefantes que auxiliaram antílopes a sair de lugares em que estavam presos, segundo contou o professor Marc Berkoff, da Universidade de Colorado, em uma entrevista concedida ao Telegraph.
Outro exemplo: os mamíferos também respondem ao pranto do filhote de outro animal, como mostrou um estudo com cervos canadenses, que foram acudir quando ouviram gravações de como choravam filhotes de foca, marmotas, gatos, morcegos e, também, de bebês humanos. Este comportamento já estava documentado em cães com bebês, mas não se sabia se era por familiaridade entre cães e pessoas, ou por afinidade entre mamíferos.
Lógico, não é necessariamente boa ideia levar um elefante adulto para casa para que brinque com seu gatinho. O recomendável é que a espécie animal que tenhamos em casa seja domesticada. Animais selvagem devem ficar lá no canto deles, de boa e felizes. Mas ter dois cães, um gato e um cachorro, sempre é bom para os próprios animais, para que possam interagir com outros, sobretudo no caso dos cães, que são animais muito sociais e que não gostam de ficar sozinhos muitas horas.
Também há que se levar em conta que estes casos funcionam melhor se os animais se conhecerem quando ainda são filhotes, sobretudo no caso de que um deles seja um presa potencial do outro, como acontece com esta rato e este gato.
Também há que mostrar precauções com cães e pássaros. Geralmente se dão bem, mas é melhor que o cão seja pequeno e o pássaro grande. Ademais, a saliva e a mucosidade do cão podem prejudicar a saúde das aves, assim como pode acontecer com os gatos (que obviamente, também poderiam chegar a comer o passarinho). É mais fácil no caso de gatos e coelhos, porque o coelho costuma pensar que o gato é outro coelho. Mas cuidado, os siameses não gostam muito de coelhos.
Os reis da amizade realmente são os cães. Neste outro vídeo podemos ver como uma mulher apresentou sua cadela Safi para Wister, o jumento. Ela ensinou inclusive o burrico a pegar um pau e levar em sua boca, ainda que Wister parecia não saber muito bem por que ia de um lado para outro com o pau na boca.
No entanto, a história de amizade interespécies mais famosa da rede seja a de Baloo, Leo e Shere Khan. Os três foram encontrados pela polícia no sótão de uma moradia situada em Atlanta durante uma batida anti-drogas em 2001. Os 3 eram filhotes com poucos meses de vida e, ademais, se encontravam em péssimo estado de saúde.
Os três animais foram levados ao Noah Ark, um refúgio de animais situado também em Atlanta onde durante todos estes anos conviveram e foram convenientemente tratados. Os 3 comem, dormem e brincam juntos e inclusive se asseiam e se coçam e buscam afeto entre eles, esfregando a cabeça e se lambendo um ao outro. Seus terríveis primeiros meses de vida uniram os três e agora são inseparáveis apesar de suas óbvias diferenças.
Ainda não sabemos certamente como os animais vivem a empatia e a amizade, mas estes vídeos ajudam a mostrar que eles têm personalidade, mente e sentimentos, como explicou Jane Goodall certa vez em uma entrevista. Isto é, no mínimo sim aumentam a empatia das pessoas para o restante de animais.
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