Como já se tornou costumeiro e corrente, em 2009, a Igreja Católica se viu mergulhada em um novo e tremendo escândalo, quando revelaram que vários padres tinham abusado de até 67 crianças com deficiência auditiva no colégio episcopal Provolo de Verona, na Itália. A denúncia foi feita pelas próprias crianças, agora adultos, mas o caso acabou chegando a um ponto morto devido ao hermetismo da igreja, o beneplácito de suas autoridades e o translado ou falecimento dos supostos padres abusadores. |
Assim foi até que, em fevereiro passado, um dos padres implicados, Eligio Piccolli, confessou a um falso ex-aluno as humilhações realizadas naquela escola. A confissão foi gravada com uma câmera oculta e, não só dá depoimento do ocorrido -às vezes com muitos detalhes-, senão que conta como a Igreja, ciente dos fatos, os afastou da polêmica enviando-os até a Argentina e outros países da América Latina.
Alguns dos acusados morreram já, mas outros continuam comodamente escondidos, como o próprio Eligio Piccolli, que foi condenado pela Congregação para a Doutrina da Fé (braço executor da lei interna vaticana e dirigida por Ratzinger, o papa alemão, entre 1981 e 2005) a se afastar de todo contato com crianças e se dedicar a rezar em penitência. Condenação que cumpre em um luxuoso hotel vaticano onde recebe também atenção médica.
Mais escândalos
Se um escândalo já não fosse o bastante, recentemente um relatório final apresentado pelo advogado Ulrich Weber, contratado pela Igreja, concluiu que ao menos 547 crianças do famoso coral da catedral de Ratisbona foram vítimas de abusos sexuais e físicos perpetrados por 49 sacerdotes e professores entre 1945 e os anos 90. A bomba estourou em 2010 e salpicou o irmão do então papa Bento XVI.
- "Os afetados descreveram seus anos escolares como uma prisão, como um inferno e como um campo de concentração. Muitos referiam-se a esses anos como a pior época de sua vida, caracterizada pelo medo, violência e desamparo", assinalou o relatório, segundo o Deutsche Welle.
Segundo Weber, a Igreja teria fomentado uma "cultura do silêncio", que permitiu a estes padres e professores a realizar agressões durante seis décadas. Em 2010, o coral, com mais de 1.000 anos de antiguidade, foi sacudido por uma onda de denúncias de abusos sexuais interpostas por antigos membros. Assim, em 2013, mais de 400 vítimas haviam apresentado e detalhado os abusos sofridos nas mãos do pessoal eclesiástico.
O caso foi muito polêmico, já que de 1964 a 1994, quando ocorreram a maioria dos abusos, o coro era dirigido por Georg Ratzinger, o irmão maior do papa Bento XVI. Neste sentido, Weber sublinhou em várias ocasiões que Ratzinger com certeza conhecia alguns dos casos, ainda que tenha negado ter qualquer tipo de informação.
Os autores do relatório esperam que sua investigação ajude às vítimas a encontrar a paz e aliviar o sofrimento que viveram quando crianças. No ano passado, a Igreja ofereceu às vítimas uma compensação econômica entre 5.000 e 20.000 euros. Espera-se que depois da publicação do relatório este valor seja decidida por uma entidade independente.
Ademais está mais do que na hora de que a Congregatio pro Doctrina Fidei comece a colocar esses homens de batina à disposição judicial para que possam ser julgados pelas leis do mundo dos homens, em vez acobertar seus crimes enviando os para outros locais. Que fazem em seu novo destino? Ninguém sabe, mas não seria disparatado pensar que já colecionam novas vítimas.
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Comentários
A unica coisa que freia um psicopata é ser descoberto/desmascarado ou a morte, do contrário de nada adianta muda-lo de local. Assim que se descobrir imune volta á carga.
De fato, o ultimo cristão morreu pregado em uma cruz, dois mil anos atrás...
Nem vou escrever o que penso sobre esses sujeitos. Porém, se o inferno de fato existe, vão sentar no tridente do "tinhoso" como um boneco de ventríloquo. :ma: