No último par de anos de anos, o Facebook vem sendo criticado por analistas da mídia, sociólogos e demais pesquisadores das ciências sociais por transformar-se no que chamam de uma "câmera de ecos" e uma "bolha de filtros", isto é, um lugar cujo algoritmo só reforça as opiniões e preconceitos já estabelecidos, fornecendo aos internautas mais do mesmo (sob a premissa: "se você gosta disto, gostará disto também") e "tome lixo!" |
Isto parece ficar bem patente nos assuntos polarizados, sobretudo sobre política, onde cada divergência recebe informação que parece confirmar sua própria postura e distorção, sem se expor ao diálogo ou a informação que questione suas próprias ideias.
Os mais incautos e despreparados postam banners de, por exemplo, "Moro conversando com Aécio" ou "Lula conversando com Aécio", propondo suas próprias conclusões distorcidas (como se pessoas civilizadas que compartilham espaços públicos não conversassem entre si) e permitindo comentários apenas de seu bando, que comunga de suas ideais. A isso há que acrescentar a circulação das fake news, que apelam também ao desejo de ver confirmada uma crença na realidade.
Assim as coisas, Facebook e outras redes sociais se converteram em uma espécie de aquário onde predomina a informação superficial sob a tirania democrática do algoritmo e a covardia daqueles que demonstram susceptibilidades de ouvir opiniões contrárias.
Boa parte do mundo está no Facebook, de modo que é difícil sair, seja por questões sociais, de trabalho ou simplesmente porque é o meio de comunicação mais poderoso da história. No entanto, ainda que o algoritmo pareça promover informação de baixa qualidade, a verdade é que somos os usuários quem geramos o conteúdo, pelo qual existe uma responsabilidade em compartilhá-lo.
O escritor Andrew Sweeny listou uma série de pontos que podem ser um guia para que os posts do Facebook não sejam uma contribuição à ignorância e subamos o nível da reflexão. E também para que saibamos como funciona a Grande Rede e não compremos a ignorância, a ira, o narcisismo e a animadversão dos demais. Algo bem como uma guia anti-séptico para postar na era da distração em massa. Isto é, segundo Sweeny, somente uma obra em construção e pode ser melhorada, mas achamos que há pontos que merecem ser resgatados e reflexionados:
- Compartilhe textos completos, artigos, poemas, vídeos, etc. Um pensamento completo e não um fragmento derivativo que abona o seu pensamento ou ideologia. É muito comum vermos pequenos clipes de alguém argumentando e sendo agraciado com um óculos "deal with it no final, sem mostrar todo o contexto. Isso é uma total impostura!
- Fale com sua própria voz. Não seja um bastião pedante e soberbo da sabedoria e da verdade absoluta. Ouvir o que os demais tem a dizer é, além de um comportamento educado e respeitoso, uma forma de aprender com os erros (ou acertos) e mudar de opinião ou não. Mudar de opinião não nos diminui e pode ser uma escolha muito sábia, às vezes.
- Não gaste seu tempo discutindo com pessoas que já têm uma posição fixa ou uma agenda. Pessoas que são militantes ateus ou cristãos renascidos, coxinhas ou mortadelas, feministas ou masculinistas, veganos, ou o que seja. Um ativista pode perder tudo, inclusive toda sua dignidade, mas não perde a moral de falar bobagens.
- Não tenha uma conversa séria com alguém que se recusa a aprender ou que posta fotos e banners mentirosos e sem sentido.
- Seja autor de seus próprios pensamentos; isto significa que você deve falar desde sua posição ou autoridade, não de alguém mais. Infelizmente a geração de milênicos colocou no pedestal esta leva de "autoridades filosóficas", que na verdade são máquinas sofistas de falar abobrinhas com voz impostada, e que dizem exatamente o que seus seguidores querem ouvir.
- Seja original. Mas não na forma do avant-garde ou de maneira autoritária, senão no sentido de não ser derivativo -de buscar "a linguagem viva" que vem de suas próprias entranhas, da origem-.
- Evite obviedades, clichês, slogans e todo tipo de frases hipnóticas que atraem certas pessoas que são como parasitas e que promovem um verdadeiro estupor e intumescimento, ainda que isto pareça fácil.
- Eleve o nível de inteligência e a consideração dos sentimentos, em vez de baixá-lo. Corra o risco de isolar-se. Não se desculpe por suas paixões excêntricas. Não comente se a réplica possa causar algum tipo de desconforto ou auto idiossincrasia.
- Leve em conta os limites (e possíveis perigos) do meio e veja para além deles. Não espere que os algoritmos ou as máquinas sejam seus amigos.
- Lembre-se sempre que suas emoções estão sendo usadas para gerar dólares para alguém.
- Compartilhe conteúdos que você acha que dará luz ou que sejam reconfortantes, não só posturas carregadas de ódio (ou amor) por um bando.
- Abandone o jogo da ira e da indignação e se tiver que tecer algum comentário deselegante ou rude, faça o diretamente ao invés de dar indiretas, que tem o poder devastador de serem percebidas de forma pessoal por muitos que nada tem a ver com o assunto.
- Evite sites com notícias falsas, blogs que divulgam panaceias e tratamentos alternativos estúpidos e não caia nas iscas (clickbait).
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