Não é muito difícil violar a senha de seus amigos e não é preciso nem ser um bom hacker para fazer isso, senão porque as pessoas costumam ser descuidadas à hora de escolher suas senhas. Todos os anos a empresa Splashdata publica uma lista com as senhas mais usadas na Internet e, pasmem, quase 30% dos internautas usam senhas como "123456", "senha", "senha123" e "[nome da pessoa]123". Ou o que é o mesmo, você tem a chance de facilmente descobrir a senha de uma em cada três pessoas, em segundos. Só para se ter uma ideia, em 2022, mais de 24 bilhões de senhas foram expostas por hackers. |
E se os bancos e instituições não começassem a exigir senhas mais difíceis, seria mais do mesmo. apesar de que a senha seja fundamental para a segurança. Agora, imagine, se a esse nível a gente tem que ter cuidado com a escolha, podemos imaginar como a nação mais poderosa do mundo também têm para ativar os códigos e senhas que ativam suas armas de destruição em massa, certo?
A história começou no início de 1962, momento em que Kennedy assinou o conhecido como Memorando de Ação de Segurança Nacional 160. O mesmo devia assegurar que cada arma nuclear dos Estados Unidos fosse equipada com o denominado Link de Ação Permissiva (LAP). Em essência, um pequeno dispositivo que assegurava que o míssil em questão só pudesse ser lançado sob um código (ou senha) correto junto à prévia autorização do presidente.
Pensemos o que ocorreu em pleno apogeu da Guerra Fria, o exército dos Estados Unidos deu prioridade máxima a tudo aquilo que supunha prever e ter uma resposta rápida sobre um possível ataque.
Ademais, existia uma preocupação particular sobre os mísseis nucleares que Estados Unidos tinha colocado em outros países, alguns dos quais se encontravam sob o mandato de governos instáveis para os interesses do país. Visto desde a perspectiva americana, estes países tinham o potencial de se aproveitar para atacá-los. No entanto, com o sistema LAP isto devia deixar de ser uma preocupação.
Minuteman. Wikimedia Commons
Tinha outro problema. Para além do possível confisco de suas armas no estrangeiro, também existia o problema de que muitos comandantes americanos podiam disparar armas nucleares sob seu controle a qualquer momento. Dito de outra forma, apenas um oficial de comando, se lhe desse à cabeça, podia ser o começo de uma nova guerra mundial.
O sistema LAP devia ser a "criptonita" de todos os medos dos Estados Unidos. De fato, supunham que estaria a prova de tudo, um nível de segurança nunca visto antes do qual só algumas poucas pessoas com as senhas corretas poderiam ativar as armas nucleares e lançar os mísseis mais devastadores do planeta.
Bomba Nuclear B83 com Link de Permissão de Lançamento
No entanto, ainda que os dispositivos deviam ser instalados em todos os mísseis nucleares após o presidente dar sua aprovação, os militares demoraram mais que o previsto. Tanto, que 20 anos após que Kennedy tenha ordenado a instalação dos sistema LAP em cada dispositivo nuclear, a metade dos mísseis na Europa ainda estavam protegidos por simples fechaduras mecânicas. Pior ainda, a maioria dos que tinham o novo sistema não foram ativados até 1977.
Os mísseis dos Estados Unidos que foram equipados com os dispositivos, como os LGM-30 Minuteman, foram instalados sob o estreito escrutínio de Robert McNamara, o Secretário de Defesa de JFK. Tratava-se de 50 mísseis nucleares do tipo ICBM de lançamento terrestre. Além da cabeça nuclear, estes mísseis levavam sistemas de melhora de penetração como bombas de fragmentação e chamarizes.
Link de Permissão de Lançamento
No entanto, uma parte das forças aéreas ressentia da presença de McNamara. O que ocorreu? Que depois da instalação no arsenal ICBM dos Estados Unidos, os generais das forças aéreas mudaram quase imediatamente os códigos LAP à senha "00000000" para se assegurar de que os mísseis estivessem prontos para serem usados, independentemente de se o presidente estivesse disponível para dar a autorização.
O filme de medo não acabou aqui. No caso de que realmente esquecessem do código, este foi escrito a mão em uma lista de controle entregue aos soldados. Portanto, o simples código que todos sabiam garantia o uso a qualquer momento.
Em definitiva, durante quase 20 anos fizeram todo o possível para que o lançamento de um míssil nuclear fosse o mais fácil e rápido possível. Incluindo na equação que os soldados tivessem acesso direto ao arsenal nuclear com o, ridículo e extravagante, código de 8 zeros. E hoje em dia qual seria este código? Eu provavelmente apostaria em "YOUREFIRED123"
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