O homem que predisse o apocalipse no sábado passado explica por que o mundo não acabou

No último 23 de setembro a Terra deveria ter sido destruída depois de colidir com o hipotético planeta X, também conhecido como Nibiru, segundo predisse em agosto David Meade, o embusteiro australiano, que vinha faturando com a venda de um livro baseado na mesma teoria sem nenhum fundamento de números bíblicos perfilados sugestivamente com fenômenos astrológicos recentes. No entanto, dado que ainda seguimos vivos, é evidente que algo impediu a chegada do fim do mundo.

David, como já havíamos previsto, não retirou suas palavras, mas modificou sua postura quanto à predição, afirmando que em realidade no passado sábado começou algo mais catastrófico. O farsante disse algo que já lemos muitas vezes na sessão de comentários por acólitos das conspirações:

- "Não é que o mundo esteja chegando a seu fim, mas sim está tornando o mundo tal e qual conhecemos. Uma parte importante do mundo jamais será a mesma no início de outubro".

Podem notar, é "batata": todas as vezes que conspiranoicos se veem constrangidos e sorumbáticos com suas teorias mirabolantes -com base em ilusões visuais, auditivas e até cognitivas-, em vez de mudar de opinião inventam novas histórias que possam explicar suas lacunas de conhecimento, ainda que essas explicações sejam incoerentes. Isso explicita o motivo do ser humano ser racional por um fio. De fato, a maior parte do tempo, somos mais estúpidos do que racionais.

Para justificar sua teoria, David diz ter se baseado em diversos furacões, terremotos e inclusive no eclipse solar que aconteceu recentemente. Sua predição baseia-se em um versículo da Bíblia e um código numérico que encontrou no Apocalipse de São João, especificamente o número 33.

- "É um número bíblica e numerologicamente muito significativo. Estou falando de astronomia. Estou falando da Bíblia... e no fundo de ambas as coisas", afirmou o fabulista, cuja predição para o 23 de setembro se baseava no fato de que neste sábado seria o trigésimo terceiro dia após o grande eclipse solar observado nos EUA.

Como é possível inferir, e como já demonstramos em diversos outros artigos, estas teorias sempre tem base em uma sopa de bobagens misturadas todas juntas com alguma evidência real (ou bíblica) que lhes confere um ar de autenticidade, mas que são desmontadas com o mais simples argumento.

Entretanto, nem sequer o melhor argumento racional serve para que estas pessoas se dêem conta das tolices em que acreditam. O problema parece residir em nossos neurônios, pois, ao que tudo indica, nascemos para ser assim... tontos.

Um estudo, mediante ressonância magnética, realizado recentemente pelo Brain and Creativity Institute da Universidade do Sul da Califórnia, analisou as regiões cerebrais associadas com a resistência a mudar de opinião. Os cientistas descobriram que a amígdala e o córtex insular (as mesmas regiões que se ativam ao recebermos ameaças a nossa integridade física) estão implicadas nisso. Quando estas regiões são ativadas é menos provável que uma pessoa mude a sua forma de pensar.

Acontece que os conspiranoicos formam grupos muito coesos e parecidos aos religiosos e, para eles, mudar de crença, pois, parece ser um processo mais emocional do que cognitivo ou racional. Ou o que é o mesmo: não é necessário ter razão, basta que alguém acredite e pronto.