Em 12 de junho de 1972, o voo 96 da American Airlines decolou do aeroporto de Los Angeles rumo a LaGuardia, Nova Iorque. A explosão que aconteceu pouco depois faz parte da história da aviação. Um incrível acidente conhecido como o incidente de Windsor, cujo voo tinha planejado duas escalas intermediárias em Detroit e Niagara. No comando do avião estavam o capitão Bryce McCormick, o primeiro oficial Peter Whitney, e o engenheiro de voo Clayton Burke. Em Detroit, a maioria dos passageiros desembarcou, ficando o avião com 56 passageiros e 11 membros da tripulação. |
O avião do “incidente”. Via: Wikimedia Commons
Cinco minutos após a decolagem e enquanto o McDonnell Douglas DC-10 subia a três mil metros, um rugido na parte de trás do avião silenciou os passageiros. Começou a voar tudo pelos ares, uma súbita descompressão com os passageiros tentando se desviar como podiam das malas, bolsas e restos de comida do avião.
O som que escutaram veio da porta traseira de carga. Rompeu-se por completo e soltou-se em pleno voo. Para piorar um pouco mais as coisas, a descompressão também fez com que parte do piso na parte traseira da cabine cedesse parcialmente. Quando os passageiros, aterrorizados pela cena, olharam para trás, viram um grande um buraco no piso, a mais de três mil metros de altura.
No entanto, a tripulação não sabia claramente o que estava acontecendo desde o princípio, pensaram em algo muito pior. De fato, o capitão Bryce achou que tinham sofrido uma colisão no ar e que as janelas da cabine não aguentaram. Ademais, os pedais de controle moveram-se completamente à direita, e os controles do motor começaram a responder com atraso e lentamente.
Alguns segundos depois, um auxiliar de voo explicou o que ocorreu. Bryce passou imediatamente ao controle manual. Os motores 1 e 3 responderam bem, mas o motor 2, na cauda, não permitia movimento porque os cabos de controle foram cortados quando o piso cedeu.
Finalmente, o capitão conseguiu nivelar a nave e estabilizar a velocidade. Ao mesmo tempo, Peter declarou emergência à torre de controle e solicitou uma rota de regresso a Detroit.
Representação do voo sem a porta traseira de carga. Via: Wikimedia Commons
Na área de passageiros a cena era um autêntico caos, com uma espécie de nevoeiro cobrindo tudo devido à descompressão. Cydya Smith, uma das aeromoças, foi a primeira a dar-se conta do buraco que abriu no final do corredor (à altura dos banheiros). Aterrorizada pelo viu, a jovem avançou como pôde para alertar à cabine. Ao chegar, entre gritos comunicou o seguinte:
- "Capitão, há um enorme buraco no corredor de passageiros, na parte traseira!" Ao que respondeu Bryce:
- "O que? Um buraco? Tem certeza" Cydya respondeu:
- "Sim, capitão, um buraco, o que fazemos?"
Bryce avisou o restante da tripulação. Deviam realizar uma aterrissagem de emergência em muito pouco tempo antes de que o avião se transformasse em uma massa de ferro incontrolável. Os auxiliares tentaram aplacar as cenas de histeria entre os passageiros enquanto instruíam os procedimentos de uma aterrissagem de emergência.
Entre as cenas dantescas e surrealistas que marcaram aquela jornada histórica da aviação, centenas de malas terminaram espalhadas sobre o solo canadense (estavam perto de Windsor), ainda que sem dúvida, o momento mais perturbador aconteceu quando um caixão e o corpo da mulher que se encontrava em seu interior caíram do compartimento de carga no DC-10, aterrorizando ainda mais (se é que isto era possível) os passageiros.
Simulação do voo sem a porta traseira de carga. Via: Wikimedia Commons
Finalmente, o avião conseguiu dar a volta e se aproximar do aeroporto de Detroit. Com o motor 2 sem resposta, Bryce apostou tudo nos ailerons e nos demais motores. Assim foi como conseguiu nivelar e aterrissar de emergência para salvar as 67 pessoas a bordo do voo.
O problema que causou o acidente era bastante óbvio, faltava a porta traseira do compartimento de carga que tinha causado os danos ao estabilizador horizontal esquerdo quando saiu disparada. Os investigadores estudaram o histórico de manutenção e descobriram que em 3 de março de 1972, três meses antes do acidente, os encarregados de transporte e organização das malas informaram que a porta não se fechou através de seu sistema elétrico e tiveram que fazê-lo de forma manual.
Um exame posterior descobriu que a causa se devia ao modelo das comportas de carga, que se abriam para fora. Isto significava que a pressurização as forçava em cada voo uma vez e outra. Por que foram desenhadas assim? Para otimizar o espaço de armazenamento, com isso conseguiam incluir mais bagagem.
Depois do incidente, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos publicou uma série de recomendações -basicamente, que as portas se abrissem para dentro- com o objetivo de incrementar a segurança. Infelizmente, a advertência não foi suficiente. Dois anos depois ocorreu o mesmo tipo de acidente no voo 981 de Turkish Airlines, quando faleceram todos os passageiros. Então sim, o alerta passou a ser uma norma obrigatória para todos os DC-10.
Fonte: Aviation Safety.
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