Entre os muitos fenômenos surpreendentes que nos proporciona o espaço exterior -muitos deles ainda incompreensíveis e alguns inclusive desconhecidos-, astrônomos do Observatório de interferometria laser de ondas gravitatórias (LIGO, por suas siglas em inglês), testemunharam um que sem dúvida excede nossa imaginação e nos recorda a magnitude das forças que circulam a cada instante no cosmos. |
Tratou-se da colisão de duas estrelas de nêutrons, um dos fenômenos mais violentos que podem ocorrer no universo e que, pela energia implicada no choque, culmina com o colapso de ambas estrelas em um buraco negro.
Entre as estrelas conhecidas pelo ser humano, as de nêutrons são as de menor tamanho, com um diâmetro que costuma oscilar entre os 20 quilômetros. Em parte suas dimensões devem-se a que as estrelas de nêutrons são o núcleo colapsado de uma estrela maior, que por sua vez, ainda que pequenas, as torna também as mais densas dentre as conhecidas, com uma massa que pode chegar a ser o dobro da de nosso Sol. Por outro lado, são chamadas de nêutrons porque essa é quase a única partícula subatômica que as compõe, depois do efeito combinado da explosão de supernova de uma estrela em massa que lhes dá origem e o degradação gravitatória sobre seu núcleo.
No caso da colisão observada, as protagonistas foram duas estrelas de nêutrons localizadas a 130 milhões de anos luz da Terra, com uma massa ligeiramente superior à do Sol e, no momento em que iniciou a observação, com pouco mais de 300 km de distância entre si.
Os astrônomos receberam a alerta sobre o acontecimento porque ambas as estrelas que começaram a girar a tal velocidade, que o espaço-tempo começou a ser alterado. No princípio, os astros giravam 20 vezes por segundo ao redor um do outro; 100 segundos depois, os giros eram de 2.000 vezes por segundo, aproximando cada momento cada vez mais, em uma espécie de dança fatal e inesperadamente bela em sua destruição iminente. Um par de segundos depois, o telescópio espacial Fermi da NASA registrou uma rajada intensa de raios gama e restos de matéria cósmica. Esta animação da NASA ajuda a ilustrar o fenômeno:
Segundo diz Hannah Devlin no Guardian, não sem verdadeiro laconismo, - "O que aconteceu depois é incerto!". Até agora a teoria dita que quando duas estrelas de nêutrons colidem, ambas desapareçam no buraco negro criado por seu choque. No entanto, desta vez dito buraco negro tem um tamanho menor que o esperado. De qualquer maneira, esta é também a primeira ocasião em que testemunham o surgimento de um buraco negro, que também não é um fato menor, segundo dimensionou David Shoemaker, porta-voz de LIGO.
Por outro lado, os instrumentos de observação detectaram a presença de elementos pesados como o ouro e a platina após a colisão, com o qual se confirmou a ideia -até agora só teórica- de que a criação deste tipo de metais requer de um choque com suficiente energia para acrescentar nêutrons a um núcleo atômico.
Os resultados destas observações foram publicadas no passado 16 de outubro em diferentes revistas especializadas. O evento é considerado um dos mais importantes na história da astrofísica moderna, com o acréscimo poético de que dita explosão mostrou também como é produzido o elemento ouro em uma explosão cósmica.
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