Este será um post curtinho e talvez curioso e útil para muitas pessoas. Penso que todos conhecem estes pequenas frutas chamadas lichia. Se não, se parecem muito externamente com os morangos e por isso são também conhecidos como morangos-chineses. Possuem casca rugosa, de cor avermelhada e a polpa é gelatinosa, translúcida suculenta, lembrando um pouco o sabor da pitomba, só que mais doce e até enjoativa. Com alto índice de vitamina C, a fruta pode ser consumida ao natural ou para fazer sucos e doces. |
Via: Wikimedia
Há muitas lichieiras na China, Bangladesh e Índia, entre outros. Neste último, durante anos muitas pessoas, especialmente crianças, foram parar no hospital com um diagnóstico de intoxicação, algumas em péssimas condições. No início da década de 90 os surtos inexplicáveis eram considerados pelos médicos como uma espécie de encefalopatia.
Até que um dia, em 2013, alguém percebeu que os surtos da doença coincidiam com o período de maturação do fruto, entre os meses de maio e junho. Foi quando um grupo de pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano, na Índia, acabou descobrindo que os casos estavam realmente relacionados ao consumo da lichia.
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Apesar de que desde 1962 já sabiam que as sementes de lichia continham metileneciclopropilglicina, um homólogo da hipoglicina A, foi necessário chegar até 2013 para chegarem a conclusão que o fruto também tem e pode causar uma encefalopatia hipoglicêmica, resultante do excesso de metilciclopropano, uma substância que induz a um estado de baixo nível de açúcar no sangue, que pode levar ao coma e a morte.
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As crianças indianas que comiam as lichias eram desnutridas e provavelmente aproveitavam a época da colheita para enganar o estômago. Duas variáveis que não se misturam bem: estomago vazio e hipoglicemia, resultando em um desfecho desfavorável que cobrou a vida de 44% das crianças afetadas.
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No Brasil é difícil que se repita uma situação similar, não porque não tenhamos crianças desnutridas, senão porque é improvável que comam grandes quantidades, já que aqui não há extensas plantações. No entanto, há algo que pode servir de lição desta história dramática: se for dar estes deliciosos frutos a seus filhos, limite a quantidade e assegure-se que tenham comido algo antes, para evitar a diminuição da glicose no sangue.
Outros testes indicaram que a lichia contém alguns aminoácidos incomuns que afetam a gliconeogênese e a β-oxidação de ácidos graxos, contribuindo para doenças agudas. Nunca mais como este troço!
Fonte: Current Science.
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