"Viagens pela Ciência", assim é anunciado o controverso canal DrugsLab onde três apresentadores, Nellie Benner, Bastiaan Rosman e Rens Polman, maiores de idade, se dedicam a provar todo tipo de drogas recreativas com o fim de divulgar sobre seus efeitos químicos no corpo humano. O canal, que é patrocinado pelo próprio governo holandês, recentemente celebrou uma meta: atingiu mais de 500.000 assinantes no YouTube, dito de outra forma, seus números indicam um alcance global impressionante. |
O conceito por trás do DrugsLab é bastante simples. Os espectadores deixam comentários nos vídeos do trio, em realidade sugestões de drogas que querem que a equipe prove. A cada semana, a equipe escolhe uma substância e depois um deles a experimenta diante das câmeras, enquanto está ligado a uma série monitores da pressão arterial e medindo sua temperatura corporal.
Até agora, os jovens provaram todo tipo de drogas, incluindo cocaína, maconha, speed, MDMA, LSD, cogumelo ou peyote. Ademais, publicam junto um vídeo correspondente sobre "o que fazer e o que não".
Curiosamente, e como dizíamos no começo, o canal é patrocinado pelo Ministério de Educação, Cultura e Ciência da Holanda, e faz parte do programa chamado "Spuiten em Slikken" da BNN, uma redes de televisão a cabo pública no país. Os primeiros episódios foram transmitidos em 2005, desde então, o programa só aumentou sua audiência.
Quanto a forma que têm de realizar este insólito programa, como vemos nos vídeos, em cada episódio os youtubers analisam a droga que vão experimentar para saber os efeitos secundários, os possíveis riscos e se é bom evitar outras substâncias enquanto a provam.
Ainda que possa soar certamente alarmante em muitas partes do planeta, DrugsLab se molda (ligeiramente) à própria cultura holandesa, que tradicionalmente adotou leis bem laxas e pró legalização de algumas drogas recreativas.
De fato, são vários os estudos e dados recentes que indicam que este tipo de iniciativas quanto a leis menos severas, podem ajudar à prevenção de mortes relacionadas com as drogas. Segundo um relatório do Observatório Europeu das Drogas e Toxicomanias, os Países Baixos têm uma das taxas mais baixas de mortalidade induzida por drogas e consumo de opioides, sobretudo em comparação com seus vizinhos da UE.
Esses números estão respaldados pelo próprio diário The Guardian, onde explicam que o país desfruta de taxas muito baixas no uso de drogas pesadas em comparação com outras partes de Europa como o Reino Unido.
Para Jelle Klumpenaar, o sujeito por trás da produção, o objetivo do programa é educar as pessoas sobre as drogas:
- "Em muitos países, as drogas são tabu, mas inclusive nesses países há jovens que experimentam. Também querem saber como usá-las de maneira segura."
No entanto, o programa causou uma grande indignação no Reino Unido (um dos países onde o canal tem mais sucesso). Ao que parece, a avó de um adolescente de 16 anos, Daniel Ferguson, que morreu no início deste ano após tomar um coquetel de cocaína, êxtase e LSD, criticou o programa por "proporcionar glamour" ao uso das drogas.
Para os donos do canal, qualquer crítica a sua divulgação é não entender o problema. Como diz Nellie Benner, a garota que cheira pó diante das câmeras:
- "Não estamos dizendo para ninguém: 'Ei cara, você tem que experimentar isso!' Só damos conselhos. Acho que é importante que as pessoas entendam como funcionam em caso que alguma vez tenham a tentação de experimentá-las."
Evidente também que há uma diferença gritante que o canal não aborda: uma coisa é ser um jovem que usa drogas em um país do primeiro mundo, com altos índices de igualdade social e desenvolvimento humano, como recriação e distração; outra totalmente diferente é ser um jovem, em um país do terceiro, que vê nas drogas a fuga para sua rotina maldita e que acaba mergulhando a própria família e toda a sociedade em todo um caos social.
O problema chega quando temos canais famosões nas redes sociais -acho que não preciso citar o nome dos apologéticos das drogas- misturando as duas coisas e se travestindo com peles de cordeiro ao publicar matérias politicamente corretas com agendas problematizadoras, como forma de cooptar jovens incautos.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
É como diz um velho amigo meu: "depois que comecei a usar a Internet descobri que sou normal".
É tanta banalização que eu já não me surpreendo como mais nada. Já existem vídeos no próprio youtube ensinando aborto, como fabricar bombas e até mesmo como realizar um suicídio.
Os vídeos desse canal são claramente uma forma de glamourização das drogas, como disse a senhora. Querer dizer que servem para outro propósito é pura balela.