Há tantas igrejas e tão poucos crentes na Itália, que os edifícios são agora livrarias, restaurantes e discotecas

A religião majoritária de uma sociedade costuma ser uma característica em que se refletem ditas mudanças. Na história da humanidade, a religião teve o duplo papel de instituição que congrega, mas que também concentra e administra o poder. No Ocidente, este é o caso do cristianismo -e sua variante principal, o catolicismo-, que poucos anos depois de seu surgimento se transformou em uma companhia habitual do poder político. Foi bem assim como, desde tempos do Império Romano até a entrado no século XX, o catolicismo foi a religião predominante na Europa.

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No entanto, os tempos mudaram. Nos países europeus a afiliação a uma instituição religiosa decresceu notoriamente. Segundo algumas estatísticas, cerca do 50% da população européia diz crer em Deus, mas ao mesmo tempo não se declaram pertencentes a uma comunidade religiosa.

Nesse contexto, o repórter fotográfico Andrea Dei Martino empreendeu um projeto a partir de um achado que topou em seu país natal, Itália: igrejas, em sua origem católica, que atualmente funcionam como restaurantes, escritórios ou livrarias, entre outros usos.

Dei Martino teve seu primeiro encontro com este fenômeno em 2008, quando um pouco por acaso parou na frente da Igreja da Madonna della Neve à Côme, na Lombardia, e para sua surpresa viu o edifício sacro ocupado por latas de óleo, graxa e automóveis sendo consertados. Ao pesquisar soube que O Vaticano tinha vendido o recinto na década de 1950 e que, com o passagem dos anos, este terminou virando uma oficina automotiva.

Ao aprofundar no assunto, os casos se multiplicaram. Em toda Itália encontrou igrejas que nos últimos 50 anos tinham passado por um processo similar de compra e transformação. Os lugares onde antes as pessoas rezavam e participavam de cerimônias religiosas, agora têm as mais diversas funções, todas elas laicas: salas de cinema, como a igreja de Santi Faustino e Giovita em Vicenza, ao norte do país; pizzaria, como a igreja de Redentore e dei Tutti i Santi Viareggio, em Lucca; discoteca, como a de San Giuseppe della Paca em Milão.

"A messa è finita" ("A missa acabou"), é o nome que Dei Martino deu a esta série fotográfica que dá conta da crise da Igreja Católica na Itália, que ao perder paroquianos perdeu também rendimentos financeiros, motivo pelo qual empreendeu a venda de alguns destes imóveis.

O projeto completo pode ser visto no site do fotógrafo.

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Fonte: Andrea Dei Martino via Dagospia.