Os casamentos deveriam começar com um contrato de cinco anos em que qualquer um dos cônjuges poderia terminar ou renovar com um novo contrato de 5 ou 10 anos e, se tudo der certo após isso, um contrato permanente. Isto foi proposto faz alguns anos como algo razoável, ainda que a ideia tenha se extraviado. Ocorre que o amor romântico é difícil de definir e inclusive até os poetas trataram de fazê-lo como algo muito pessoal. No entanto, nos últimos tempos há pesquisadores sérios que tentam dar uma explicação a este sentimento. |
Um é o psicólogo Robert Sternberg, que fala da Teoria Triangular do Amor. Ele diz que há três componentes: intimidade (proximidade emocional), paixão (tesão) e o compromisso (o de ficar juntos). Mas existe o verdadeiro amor?
Sim existe. É precisamente aquele que tem os três elementos integrados. O casal torna-se cúmplice como melhores amigos, se deseja e sobretudo se compromete a ser exclusivamente um do outro e a realizar planos futuros. Desta maneira a relação dura por toda a vida.
Lamentavelmente, as pessoas terminam equivocando-se, porque confundem o verdadeiro amor com a paixão. Este só é um elemento que libera algumas drogas naturais como as endorfinas, a oxitocina, a vasopressina, a feniletilamina e a dopamina, que provocam uma série de reações químicas que fazem com que a pessoa tenha esse estado de êxtase delicioso. Mas é como pular de paraquedas, uma vez que você chega no chão, tudo acaba.
Como disse o psicanalista Jacques Lacan em "A Transferência", de 1961: - "O amor é dar o que não se tem (para alguém que não o quer)". Que quer dizer: amar é reconhecer sua falta e doá-la para o outro, colocá-la no outro. Não é dar o que se possui, os bens, os presentes: é dar algo que não se possui, que vai além de si mesmo. Mas não, procuramos no outro a perfeição, buscando complementar as nossas próprias carências.
Então quer dizer que o amor tem prazo de vencimento? Na maioria dos casos, parece que, sim, segundo alguns estudos e foi daí de onde surgiu a proposta de um contrato temporário de relacionamento.
- "Ah, mas o contrato temporário já existe; é o namoro e o noivado", poderia alguém obviar. Tá "serto!" Tente então completar nos dedos das mãos, ou melhor de uma só mão, contando os casais que você conhece que mantiveram uma relação de conhecimento que tenha durado não menos que seis meses e logo juntaram as trouxinhas.
Os casamentos temporários, em verdade, não são grande novidade; foram praticados com sucesso durante séculos, entre os índios peruanos nos Andes, na Indonésia do século XV, no antigo Japão e no mundo islâmico. Mas como enfrentaríamos psicologicamente algo assim hoje em dia?
Vivemos mais anos do que antes, também as mulheres têm maior independência econômica, e ademais é mais simples do que nunca conhecer outros potenciais casais através das redes sociais e aplicativos de encontros visando apenas um encontro fortuito. Match!
Eu passei três anos "bolinando" a minha primeira namorada para na primeira oportunidade ela sair com o meu melhor ex-amigo. Sério! Namoro certinho, noivado, saco roxo, enxoval, cunhado segurando vela na sala... E a disgramada fazendo o maior doce. Hoje você vai para a balada e quase é "engolido". Aliás, só não é se não quiser. O sexo banalizou (necessidade fisiológica apenas) e junto com ele os relacionamentos. Parece que o casamento se tornou uma figura jurídica que começa a resultar démodé nestas novas circunstâncias.
Em uma pesquisa recente, muitos milênicos indicaram que estariam abertos a um "casamento beta", em que os casais se comprometeriam entre si durante um certo número de anos, após o qual poderiam renovar. Não em vão, em 2015, 40% dos recém casados americanos tinha casado ao menos uma vez antes, segundo o grupo de especialistas da Pew Research Center. Dado que 20% dos primeiros casamentos nem sequer chegam aos cinco anos, um contrato de casamento renovável faz mais sentido do que nunca.
O casamento de "até que a morte nos separe" é um forte símbolo de vontade, mas não se ajusta em absoluto à realidade. É verdade que muitos casamentos são para toda a vida, mas também que uma percentagem deles são sem amor e sem sexo, e às vezes cheios de ira. 15 minutos de amor e sexo na hora de fazer as pazes não vale uma vida de ressentimentos.
Em vez de permanecer em casamentos "até a morte", os casamentos renováveis permitiriam aos sócios modificarem seu contrato matrimonial em consequência do que está rolando. Antes que cheguem as brigas, o divórcio e as altercações judiciais, que nos deixam nus com a mão no bolso e, pior, com o coração aos pedaços. Ou como assinalou o ganhador do Prêmio Nobel de Economia Gary S Becker, se cada casamento pudesse personalizar seu contrato matrimonial em função do que o par considera importante, não existiria mais estigma social ou julgamento sobre o que são essencialmente decisões particulares.
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Comentários
Meu primeiro casamento--- 10 anos
Meu segundo casamento---- 10 anos
Meu terceiro casamento---??????
Eheheheheheheheheh
Recomendo para quem for casar, como ainda bem que não é o meu caso, um contrato de 5 MESES, pois é o tempo certo do SACO EXPLODIR !
Cinco anos de experiência, renováveis por mais cinco e só e tão somente só saber se a coisa engrena ou não.
Meu recorde foi de 9 anos e 10 meses, coisa que não pretendo melhorar.
Não nasci pra isso.