Esta é uma ilusão bem famosa em psicologia pois expressa o impacto que a natureza das percepções do ser humano têm na conformação da realidade. Ela expressa como existe um "diálogo" entre nossos múltiplos sentidos e como, a partir desse, é estabelecido um estado das coisas que, como veremos, nem sempre corresponde com o real. Mas há que entender que a ilusão da mão de borracha não indica que nossos sentidos mintam normalmente, senão que, por assim dizer, podem ser enganados. |
A ilusão da mão de borracha é um exemplo da percepção exterior e interior do ser humano. O teste que nos confunde consiste no seguinte: a pessoa deve se sentar em uma mesa com os braços estendidos de forma que uma de suas mãos fique semi-encoberta ao lado de um outro braço de borracha também com campo visual reduzido, como nesse vídeo enviado pelo amigo Zé Roberto Isabella.
Para realizar a ilusão, a mão de borracha e a mão real são estimuladas ao mesmo tempo no mesmo ponto pelo experimentador. Devido a somente isto, o voluntário começa a perceber que a mão de borracha é sua mão real. De fato, quando pedem que indique com a mão esquerda sua mão direita (considerando que o experimento é feito na direita), ele assinala de imediato a mão de borracha.
Acontece que comumente sabemos que o ser humano tem cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. Não obstante, estes são os cinco sentidos que utilizamos para perceber a realidade que nos rodeia, a realidade "externa" a nós. Não obstante, o ser humano também tem sensores internos de muitos tipos e alguns deles são conhecidos como propioceptores.
Estes sensores informam sobre a posição de nosso corpo, de nossos membros, enrijecem nossos músculos e permitem "estarmos informados" sobre onde estão. Se o ser humano não contasse com este sentido interno, você consegue imaginar o desastre de nossas execuções? Este tipo de sensores internos permitem-nos reagir de forma efetiva inclusive a nível inconsciente, por exemplo, evitando uma bolada ou levar um tombo quando tropeçamos.
Mas, por que confundimos nossa mão com outra que não tem nada a ver, se o ser humano é perfeitamente capaz de saber quando uma de nossas mãos está colocada em um plano superior ou inferior ou quando uma de suas pernas está mais alçada que a outra? Ocorre porque nossos sentidos "confluem" em determinadas áreas de nosso cérebro denominadas de associação parietal, que é dedicada a processar a informação recebida de múltiplas partes do corpo para elaborar um "relatório consciente" de como está nosso corpo com respeito ao espaço.
Devido ao experimento, estas áreas juntam uma informação contraditória: os olhos dizem que a mão está onde deve estar a mão direita (porque vê a de borracha), mas os propioceptores informam que está em outro lugar. Apesar disto, dada a importância da informação visual para o ser humano, "ganha" a informação visual, de modo que a última sensação que tem nosso cérebro é a de que a mão de borracha é a mão real porque vemos que está sendo estimulada no mesmo sentido em que notamos que está sendo estimulada a mão oculta ainda que nossos propioceptores informem de que esta mão oculta está situada abaixo do nível em que percebemos a mão de borracha.
A crença de que a mão de borracha é nossa passa a ser tão real que inclusive quando o experimentador diz ao voluntário que vai golpear a mão de borracha com um martelo, é ativado o córtex cingulado anterior, área que tem a ver com o processamento da dor. Inclusive a sensação pode ser levada além conseguindo fazer o voluntário crer que tem três braços.
Outro achado interessante é o que foi realizado por um grupo de cientistas da Universidade de Oxford, que quiseram saber o que ocorria a mão escondida durante o experimento. Se o cérebro reage à mão de borracha, também reage à mão que está escondida? Pois parece ser que, quando o cérebro falsamente reconhece a mão de borracha como sua, a temperatura da mão autêntica, que se encontra escondida, desce. Em mudança, o resto do corpo segue com a mesma.
Ademais, quando o experimentador estimula a mão escondida, o cérebro do voluntário demora mais em responder que quando se toca a outra mão autêntica. Estes resultados parecem demonstrar que, quando o cérebro pensa que a mão de borracha é uma mão autêntica, se esquece da outra mão. Isto foi realmente interessante para a medicina porque demonstra que a regulação térmica do corpo também depende do cérebro.
Este tipo de ilusões é uma boa amostra de que a realidade em que vivemos o dia a dia é variável e está sujeito completamente a nossos sistemas perceptivos.
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Comentários
Muito interessante...!
O cérebro pode ser enganado facilmente!
Isto é só mais um exemplo...
:-)