Um estudo publicado em 2018 na revista Trends in Cognitive Science, parece confirmar o que disse Samuel Beckert: "Todos nascemos loucos. Alguns permanecem.", jogando por terra o mito da normalidade, tanto no caso das pessoas como no dos animais. "O mito da otimalidade na neurociência clínica" de Avram Holmes e Lauren Patrick, do Departamento de Psicologia da Universidade de Yale, se vale de anos de estudos da evolução para mostrar que a uniformidade em nossos cérebros é uma condição totalmente anormal. |
Durante estes 3,5 bilhões de anos em que travamos guerras, a variação e a mudança é o traço mais comum tanto em criaturas como em habitats. Resumindo: a única coisa que todos os seres compartilhamos é nosso constante processo de mudança.
Para que serve saber isto? Para repensar nossa maneira de entender o que é uma doença mental e para colocar em xeque a categorização binária (lúcido/louco) que praticam os psiquiatras à hora de avaliar os pacientes.
Holmes e Patrick propõem que não vejamos cada particularidade psíquica como uma condição absolutamente perniciosa ou benéfica, senão que, dependendo de nosso contexto interior, cada característica pode sustentar ou desequilibrar nossas vidas.
Como por exemplo: variações nas regiões do cérebro que controlam nossa inibição podem implicar comportamentos compulsivos -vícios, hipersexualidade, abusos ou uma busca constante de sensações novas; mas essas mesmas variações podem se manifestar em forma de motivação para fazer mais exercícios físicos ou em um maior grau de sucesso social ou reprodutivo.
Tudo depende da quem e como é apresentada essa variação. A ansiedade é algo que para a maioria serve como impedimento para tornar melhor uma vida social, mas para outros é um empurrão em sua motivação para melhorar seu trabalho.
De acordo com o estudo, uma condição ou comportamento não é nem bom nem mau por si só. Como, então, devemos distinguir o que é o normal? Para nós a normalidade é a média, o que aparece com maior frequência, e está relacionado com a ideia de adaptação social. Este é um dos critérios utilizados para delimitar a normalidade tanto a nível social como psicológico.
Por uma questão de sobrevivência, a sociedade estigmatiza o que se sai da norma. Por medo à mudança e também por medo que seja uma ameaça. Mas as espécies precisam de uma variedade de opções para permitir a adaptabilidade da espécie a novos meios.
Desde um ponto de vista biológico e parafraseando Raul em "A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal", podemos razoar que aquela pessoa, que parece um louco absoluto, reserve para amanhã a sobrevivência da raça humana.
Fonte: Quartz.
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