Pai de 9 divorcia da esposa após descobrir que ele foi estéril a maior parte de sua vida

Recentemente eu participei de um brainstorm sobre sexualidade que acabou descambando para o assunto "infidelidade", tanto feminina quanto masculina. A maioria dos participantes homens se combinou com a ideia de que, assim que os testes de DNA se popularizarem (já não custam mais de 300 reais), teremos um aluvião de divórcios e de casamentos duradouros desfeitos, devido ao fato de que seja possivelmente viável que, em uma enredada realidade, 10% dos homens desconhecem que não são os pais biológicos de seus filhos.

Vejam por exemplo o que aconteceu recentemente com uma marroquino, que entrou com uma ação contra sua esposa, acusando-a de adultério. Depois de passar por um exame de rotina, o homem descobriu que fora estéril durante a maior parte de sua vida, então não poderia ter tido nenhum dos 9 (no-ve) filhos.

O homem, professor da pequena cidade de Sidi Slimane, supostamente viu seu mundo virar de cabeça para baixo por um urologista, após o exame. Aparentemente, ele tinha um pequeno cisto no testículo direito, que segundo o médico estaria ali há muito tempo.

Foi assim que o médico decidiu fazer alguns testes e, embora os resultados tenham mostrado que o cisto não apresentava risco de morte, eles também mostraram que sua presença tornava o homem totalmente estéril. O único problema era que ele vivia um casamento feliz de 35 anos, e teve nove filhos durante esse tempo.

O jornal marroquino Al-Massae reporta que o homem não se apressou em pedir o divórcio imediatamente depois de ouvir o diagnóstico do urologista, de fato resolveu fazer uma outra série de testes com outros profissionais e a diagnose foi pior do que a encomenda: ele não poderia ter tido filhos nos últimos 50 anos. Chocado com essa revelação, o homem contatou um advogado e entrou com uma ação contra a esposa, acusando-a de adultério e exigindo o divórcio e o repúdio a todos os seus nove filhos.

Ele alegadamente pediu ao Presidente do Tribunal de Primeira Instância para nomear uma equipe de especialistas médicos para confirmar que ele havia sido realmente estéril por mais de cinco décadas, e não poderia ter sido pai de nenhum dos filhos.

O tribunal juntou uma equipe jurídica para investigar todos os resultados dos testes que o homem já havia feito, e acabaram por confirmar que suas alegações eram apoiadas por evidências científicas. A análise seminal mostrou a completa ausência de espermatozóides, e o laudo do urologista, assim como a análise biológica, confirmaram que o cisto que estava no testículo direito há mais de 50 anos foi a causa de sua esterilidade.

O que me pareceu mais chocante nesta história é que depois de confirmar que não era o pai biológico de nenhum dos nove filhos que ele criou com sua esposa, o homem escolheu cortar todos os laços com eles e pediu para ser absolvido de quaisquer responsabilidades parentais.

É complicado, mas a favor dele podemos dizer que, afinal quando chega ao mundo o fruto de seu amor, a felicidade transborda e o homem se transforma totalmente. O tempo vai correndo e a felicidade só faz aumentar quando você vê seu filho engatinhando, rindo, andando, dizendo "Papai" pela primeira vez...”.

Eis que de repente, porém, você fica sabendo que o filho não é seu, que todo o seu orgulho não tinha a razão de ser. É um balde de água fria que balança a personalidade mais fleumática. E o pior disso tudo é que essa maldita descoberta não é um fato tão incomum.

Segundo conta o cientista evolutivo inglês Robin Baker, em seu ótimo livro "Guerra de Esperma", mais de 10% dos filhos não são biológicos dos pais que os criam. E este número pode ser ainda maior se levarmos em conta os pais que descobrem, resignam-se e condescendem em favor do amor pelo cônjuge ou dos próprios filhos e que ninguém continua sabendo pois evidentemente preferem levar este segredo para o túmulo.

A realidade é que não são poucos os casos de homens que, mesmo sabendo da "pulada de cerca", não apenas continuam a relação senão que também assumem todas as incumbências e responsabilidades da criação, ainda que possivelmente deva sempre pairar a ideia de que ele [filho] é o símbolo de uma traição.

Então, mesmo sabendo que a paternidade muitas vezes evolui mais em função do vínculo do que pelo DNA, não dá para julgar as atitudes do marroquino. Seria muito leviano nesse momento dizer que "Pai é quem cria!", já que toda a sua vida foi um engano.

Sua esposa também não está em bons lençóis. O adultério é um crime passível de punição no Marrocos, portanto, se ela for considerada culpada, enfrentará uma potencial grande pena de prisão.

Fonte: Saida.