A política é um assunto polêmica pelo fato um tanto simples (ainda que nem sempre óbvio) de que a convivência humana é conflitante por definição. A nuance , no entanto, é que nessa convivência necessária entre seres humanos, há conflitos que podem "ser resolvidos" na intimidade ou a urgência e outros que, por nosso próprio desenvolvimento como espécie, com o tempo requereram de métodos um tanto mais complexos: eleições, representatividade, governos... |
Há quem dirá que tudo isso é desnecessário -e desde certa perspectiva, é-, mas por desgraça, coletivamente não atingimos o ponto de nossa evolução em que sejamos capazes de conviver entre nós sem a mediação de uma figura de autoridade que nos indique como nos conduzir, que marque os limites, mas talvez sobretudo que nos permita ignorar a responsabilidade de nossas próprias decisões.
Em certo sentido, esse é o fundamento da política moderna: ceder nossa autonomia e nossa liberdade e, com elas, a responsabilidade que implica assumir as decisões ou omissões que façamos e as consequências que derivam delas. Bem mais simples que ser livres é permitir que alguém mais eleja por nós.
Particularmente nas últimas décadas século XX, o comediante George Carlin foi uma voz crítica do estilo de vida predominante nos Estados Unidos, sobretudo em seus aspectos econômicos, sociais e políticos. Carlin se transformou em uma das principais figuras da contracultura ocidental, se servindo do humor e da eloquência para assinalar essas verdades das quais muitos percebemos, mas nem sempre atinamos a articular ou inclusive temos verdadeiro temor de aceitá-las conscientemente, por diferentes motivos.
Os vídeos mostram Carlin falando sobre um contexto estadunidense, mas se você notar eventuais semelhanças com a nossa realidade deve saber que não se tratam de pura coincidência, já que muitos dos temas que toca não se limitam unicamente ao contexto de um país pois podem facilmente serem extrapolados a outros.
Os vídeos mostram também que teve uma época em que, sobretudo nos Estados Unidos, o espetáculo conhecido como stand-up servia para deslizar opiniões que usualmente se consideram incômodas e que no entanto são necessárias. Dito de outro modo, tratava-se de um humor que inesperadamente apelava à reflexão do público, ao desafio das correntes e colocar em dúvida das crenças estabelecidas.
Hoje em dia o stand-up tornou-se uma moda, mas a maioria dos comediantes que o encabeçam costumam fazer justamente o oposto que faziam outros como George Carlin: suas rotinas são baseadas em piadas fáceis -do tipo tiozão do pavê-, na reprodução de clichês culturais e outras formas de humor instantâneo e cômodo para não causar "constrangimentos" nesse mundo dos ofendidos.
Ao menos desde a Grécia antiga, rir também sempre foi uma forma de reflexionar sobre a existência e criticar o que damos por estabelecido. Como seres humanos, talvez não deveríamos nos conformar com menos que isso... se o politicamente correto deixar, lógico.
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