A conversa sobre o primeiro transplante de cabeça no mundo vem atormentado os pesadelos de cirurgiões preocupados desde que o neurocirurgião italiano Sergio Canavero descreveu seus planos em 2013. Embora a notícia tenha ficado em silêncio na cirurgia frankensteiniana há algum tempo, a CNBC relata que Canavero e cirurgião chinês Xiaoping Ren estão planejando os próximos passos em seu feito controverso e sensacional. Inclusive os dois já teriam feito uma experiência com um cadáver. |
Uma revisão do plano por cientistas independentes foi publicada no Current Translational Reports este mês, levantando a grande questão:
- "Estamos prontos para um transplante de cabeça humana?"
A resposta é um rotundo não. Eles argumentam que a cirurgia tem que primeiro superar alguns obstáculos científicos gigantescos antes que se torne uma realidade, isso sem contar o campo minado de dilemas éticos e morais.
Por um lado, o novo relatório explica que o destinatário do novo corpo poderia "decair em loucura" do estresse psicológico imprevisível. Eles também apontam que outros cientistas chegaram a prever que os receptores de transplante corpo-cabeça (BHT, por suas iniciais em inglês) experimentariam uma dissonância de corpo e mente de tal magnitude que a insanidade e a morte seriam possíveis.
- "Pacientes que sobrevivessem ao BHT poderiam se sentir sortudos por estarem vivos. Os custos da sobrevivência, no entanto, podem ser altos", acrescentam.
- "Como a mente se ajustará a um novo corpo é desconhecida. A cognição humana não se origina nem está localizada exclusivamente no cérebro, e como o sistema nervoso simpático funcionará depois que o BHT é igualmente desconhecido."
As consequências podem ser catastróficas
Além disso, existem enormes obstáculos cirúrgicos e imunológicos para resolver. A rejeição é um dos principais problemas com transplantes de qualquer tipo. Com um transplante de corpo-cabeça, o corpo provavelmente enfrentará uma resposta imunológica colossal, exigindo uma enorme quantidade de tratamento imunossupressor.
De fato, há grandes dúvidas se a operação é realmente possível, já que a reconexão bem-sucedida da medula espinhal em humanos ainda precisa ser comprovada, embora Canavero tenha reconectado as medulas espinhal de 16 camundongos e um cão com sucesso variável.
Em 2017, Canavero realizou um teste de cirurgia em dois cadáveres ao lado de Ren. Inicialmente, eles haviam anunciado que a cirurgia seria realizada em dezembro de 2017 com um jovem voluntário russo, com um distúrbio genético raro chamado Werdnig-Hoffman. Isso, evidentemente, não aconteceu.
No entanto, Canavero é caprichoso e turrão. Seus detratores o rotularam como um grande "propulsor de fake news", como "louco como um morcego" e "fora da casinha". Na maioria das vezes, ele parece se deleitar com o ceticismo do establishment médico.
Por enquanto, Canavero continua tão confiante como sempre que a operação irá adiante e, mais importante, será um sucesso.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
Sinistro.
Quando conseguirem isso, não será mais preciso usar.
A consciência já estará implantada em máquinas...
artigo muito bom, parabéns
O correto seria transplante de corpo, uma vez que a consciência fica na cabeça. Então se eu transplanto minha cabeça, ela vai embora com o outro corpo e meu corpo fica com a cabeça transplantada. E aí? Eu fico ou vou?
Torcendo para que o transplante dê resultado positivo ou que esses dois malucos morram de uma vez, porque só assim pra acabar com o sofrimento dos animais que são sacrifícados nessas experiências.