Um vídeo de um pescado dando saltos e se retorcendo em um forno se tornou viral depois de dois anos despercebido no Youtube. Defensores dos animais, veganos e conspiranoicos do misticismo tergiversam de indignação, raiva e assombro, respectivamente, sem saber que se trata apenas de uma reação química que nada tem a ver com o sofrimento nem com tortura e muito menos com eventos paranormais. O vídeo mostra o que parece ser um filé de linguado que salta no forno enquanto é assado. Tanto que o autor tende a fechar a porta para se proteger. |
Parece a prova da tortura perfeita ou de que o peixe fez um trato com o coisa-ruim para fugir dali. Nada mais longe da realidade. Ainda que assuste, o peixe está mortinho da silva.
De fato é um clássico da Internet: um vídeo repousa no ostracismo do youtube até que uma rede de opinião (nesse caso o Reddit) descubra o conteúdo, que se torna viral e as visualizações disparam.
O espectro dos comentários explica por que o vídeo se tornou viral. A apreensão gerada no espectador é mais forte que qualquer capacidade analítica. O próprio autor comenta que o choque produzido pela situação lhe impediu ao final se comer o peixe.
Um pouco de ciência
Os espasmos musculares e movimentos reflexos post-mortem estão documentados na medicina faz muito tempo. 39% dos cadáveres humanos experimentam, as contrações originam-se na medula espinhal e não no cérebro pelo que não é necessária atividade cerebral para que os mortos se movam.
Estes espasmos são muito normais em peixes porque são mais frequentes quanto mais fresco é o peixe e seus neurônios. Quando qualquer criatura morre, seus neurônios motores -aquelas que transmitem seu impulso nervoso até as fibras musculares- não deixam de funcionar de imediato. Ademais, estes neurônios morrem polarizadas, isto é, a concentração de átomos carregados do fluído que as contêm têm diferente cargas que as do fluído que está fora deles. Esta energia potencial chama-se "potencial de membrana". Enquanto tenha suficiente energia para mantê-la e não apodreçam, os neurônios funcionarão.
Os músculos, ademais, estão ainda cheios de trifosfato de adenosina o nucleotídeo responsável pela obtenção da energia celular. Se o peixe é fresco, está carregado de potencial de membrana e de trifosfato de adenosina. É como uma pequena bateria que só precisa um estímulo externo para ser ativada.
Basta um pequeno fator detonador para que estes neurônios liberem o impulso elétrico que vai até os músculos e geram os espasmos, tenha cabeça ou não.
Para liberar a energia do potencial de membrana bastam uns poucos íons de sódio. Sim, o sal e também o molho de soja são ótimos catalizadores. Esta overdose de íons é suficiente para desencadear o impulso elétrico que chega até os sarcômeros musculares. Ademais, o ácido cítrico (limão) acua também como acelerador nesta reação. Se a isto unirmos o papel de alumínio que atua como condutor... temos uma reação parecida a esta.
Este efeito é muito utilizado na cozinha oriental para gerar um espetáculo que alguns consideram sinônimo de qualidade porque só é possível quando o pescado, o polvo ou o marisco são muito frescos.
Também é normal ver nas peixarias lombos de peças se retorcendo após serem descabeçados. Estão tão frescos que não é necessário o sal para desencadear a reação elétrica. O simples reflexo de estar fora da água basta para gerar a resposta automática.
Se você viveu (ou vive) no interior e já caçou rã, sabe que o teste para verificar que a rã não foi mordida por cobra é verter sal na carne. Se ela não tremer e, pior, ficar com manchas roxas, pode jogar no lixo.
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Comentários
Ehehehehehehe
Aì vem os retardos veganos e protestam pela bárbarie de assar o peixe vivo...
Rsrsrsrsrsrsrs