Este é, sem dúvida, um dos candidatos ao pior projeto de restauração de arte na história, ainda que será difícil aparecer um que supere a senhorinha do Ecce Homo. Trata-se de uma escultura de madeira de 500 anos de antiguidade de São Jorge de Estella que foi "restaurada" por um "especialista do artesanato", na cidade espanhola de Estella-Lizarra. O resultado final não é agradável à vista, e deixou muitas pessoas muito chateadas e se perguntando quem é que contratou o tal "mestre". |
A efígie de madeira de 500 anos de São Jorge de Estella se encontra na capela homônima, parte da Igreja de São Miguel. A clássica pose mostra São Jorge montado em um cavalo, pisoteando um dragão, e só pode ser vista em celebrações solenes no local.
A restauração em si, encarregada por um dos sacerdotes da paróquia, foi realizada por Karmacolor, uma escola no povoado de Navarra. Desde então, a escola eliminou sua página de Facebook, que continha imagens e vídeos do processo de restauração em curso, segundo ArtUs.
A nova aparência de São Jorge de Estella elimina por completo as características sutis do desenho original -como suas bochechas e lábios rosados, ou o desgaste da armadura-. Seu rosto restaurado sem dúvida que tem cor, mas faz com que São Jorge pareça mais um personagem de desenhos animados dos anos 40 e não um cavaleiro em conflito com uma gigantesca criatura mítica.
Também mudaram a cor de algumas partes da escultura, segundo a experiente em restauração de arte Carmen Usua, que falou com o jornal espanhol ABC. Ela explica que, após isto, talvez seja impossível restaurar a obra, já que a madeira foi lixada de forma incorreta e fizeram um péssimo trabalho com o gesso.
Tomando em conta esta e outras catástrofes anteriores, a Espanha não tem um bom histórico quanto à restauração de arte. Basta recordar do quadro Ecce Homo ("Eis o Homem") do século XVIII, que foi apelidado de Ecce Mono ("Eis o Macaco"), depois do fiasco de sua restauração.
No caso anterior foi difícil criticar com verdadeiro rigor a gafe, pois foi realizada por Dona Cecília, um senhorinha cheia de boa fé que acreditava que podia realmente melhorar a imagem arrasada pela ação do tempo. A coitadinha ficou até doente com a humilhação que sofreu on-line.
Curiosamente, o tempo recompensou os "esforços" de Dona Cecília e hoje a cidade de Borja, onde está localizada a pintura, entrou para a lista turística religiosa internacional, onde milhares de visitantes curiosos querem ver o trágico fiasco, e saem com lembranças, como canecas e camisetas impressas com o novo e melhorado "Ecce Mono".
Mas o caso atual já é um pouquinho mais difícil de condescender, mesmo que a escultura antiga não fosse lá uma primazia de obra de arte, a restauração deveria se focar nos danos provocados pelo tempo, mantendo as mesmas características. Afinal foi restaurada por um "especialista" de uma escola, certo? Provavelmente o mesmo tipo de especialistas que costumam ser entrevistados nos programas da GloboNews.
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Comentários
Na verdade só precisa de uma pintura a nível profissional. Tá faltando contrastes, luz e sombra nos detalhes.
Ehehehehehehehehe
Sempre tem um pra divertir...
E sempre é um "entendido"...