Hoje mais cedo vi algumas fotos do missionário John Allen Chau, de 27 anos, morto a flechadas pelos sentinelenses, e me pareceu uma rapaz bom, de bem com a vida, mas logicamente sem nenhuma noção de perigo. O jovem possivelmente acreditava ter alguma investidura divina que lhe salvaria das flechadas. Não era a primeira vez que ele mergulhava em uma aventura perigosa e seu desejo maior era pregar pra os sentinelenses. Segundo seu diário, em uma tentativa de aproximação, em outra ilha, a flecha teria acertado sua Bíblia. |
- "Gritei: 'Meu nome é John, te amo e Jesus te ama'", escreveu Chau. - "Vocês podem pensar que estou loco por tudo isto, mas creio que vale a pena levar a palavra de Jesus a estas pessoas."
Segundo mais detalhes contados por pescadores que levaram Chau à ilha, ele tentou se aproximar da praia em um caiaque oferecendo peixes e pequenos presentes e quando notou que estava com problemas, falou algumas palavras que tinha aprendido no idioma nativo, mais flechas. Por fim começou a cantar hinos religiosos. Sem sorte.
A história da Ilha Sentinel do Norte é tão assustadora quanto fascinante. Ainda que ontem tenhamos afirmado que ali vive uma população de aproximadamente 300 habitantes, os números são tão incertos que variam entre 50 e 500. As ilhas de Andamã e Nicobar, que estão dispersas na conjuntura da Baía de Bengala e o Mar de Andamã, foram colonizadas pelo Reino Unido na década de 1850 e usadas como colônia penal, inclusive para dissidentes indianos e rebeldes envolvidos no levante de 1857 contra o governo britânico.
Em 1880, os colonizadores britânicos sequestraram seis sentinelenses, dois dos quais morreram pouco depois, possivelmente devido ao contato com doenças que não tinham imunidade. Os estudos do genoma sugerem que as quatro tribos nativas nas ilhas, das quais a dos sentinelense é a mais isolada, têm ao menos 60.000 anos, e que eles são provavelmente descendentes diretos das primeiras pessoas que se estabeleceram no Sudeste Asiático durante o início do Paleolítico.
Mas a novidade que nos levou principalmente a retornar ao assunto hoje é o fascinante vídeo de um indiano chamado Shan, que decidiu pesquisar a história dos sentinelenses. De forma surpreendente descobrimos que houve uma exceção na recepção sempre agressiva do povo sentinela. Em 4 de janeiro de 1991, 28 mulheres, homens e crianças se aproximaram amigável e voluntariamente de um cara chamado Pandit, possivelmente achando que era o Papai Noel (você vai entender ao ver o vídeo). De qualquer forma é um pouco assustador como eles apalpam as gordurinhas do homem.
A família de Chau publicou em sua página do Instagram um post dizendo que perdoava seus assassinos pedindo que libertem os pescadores que o ajudaram a chegar na ilha. A família descreveu o rapaz como um "filho, irmão e tio querido", bem como um missionário cristão entregue ao que fazia.
- "Ele amava Deus, a vida, ajudando os precisados e não tinha nada mais do que amor pelos sentinelenses. Perdoamos os supostos responsáveis por sua morte."
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Comentários
interessante, tenso e bizarro ao msm tempo!