Academia literária espanhola reprova a linguagem inclusiva

Nos últimos anos, com a popularização de movimentos de igualdade e inclusão, algumas pessoas começaram a utilizar uma linguagem que consideram que reflete melhor a diversidade e, segundo eles, não prioriza o sexo masculino e nem o "patriarcado". No entanto, estas inovações não são avalizadas pela Real Academia Espanhola, homóloga a nossa ABL, segundo deixou bem claro esta instituição na última semana.

Expressões da histeria ideologia de gênero como meninxs, filhxs (na Espanha usam o @ em vez de x) e demais são incorretas, de acordo com a RAE. As razões têm a ver com a economia da linguagem e alguém poderia argumentar que são razões também estéticas, pois como disse Darío Villanueva, diretor da RAE, se seguirmos desta forma, em algum ponto teremos que fazer estranhas variações ou "desdobramentos artificiais" (para não dizer concessões estúpidas), como chamar os braços de "membros" e as pernas de "membras".

Segundo a Academia:

São desnecessários desde o ponto de vista linguístico. A menção explícita do feminino só se justifica quando a oposição de sexos é relevante no contexto. (...) A atual tendência ao desdobramento indiscriminado do substantivo em sua forma masculina e feminina vai contra o princípio de economia da linguagem e fundamenta-se em razões extra-linguísticas. Portanto, devem ser evitadas estas repetições, que geram dificuldades sintáticas e de concordância e complicam desnecessariamente a redação e a leitura dos textos.

- "O problema é confundir a gramática com o machismo", diz Villanueva. Isto é, fazer uma hermenêutica do poder e da opressão sobre a língua. E explica que a mudança deveria vir na percepção de ver a terminação de uma palavra como exclusivamente de um gênero, quando gramaticalmente não é assim necessariamente.

Ainda segundo Villanueva, podem ser feitas certas "boas práticas" como deferências, sempre voluntárias, a grupos que dizem se sentir ofendidos pelos costumes da linguagem; talvez tentar, por exemplo, ao falar de homens e mulheres dizer "o ser humano" em vez de "o homem", ainda que estritamente "homem", no sentido de homo, a espécie, engloba ambos os gêneros, exceto se cairmos na esparrela dilmesca da mulier sapiens.

Fonte: Confidencial.