Um famoso argumento filosófico que debocha da causalidade diz que o mundo é sustentado por uma fileira de infinitas tartarugas, cada uma sustentando a outra. Esta extraordinária imagem parece ilustrar este argumento de maneira surpreendente e, quem sabe, talvez alguns filósofos antigos alguma vez encontraram uma tartaruga fazendo algo similar: acordando de seu longo sono de brumação. |
Trata-se de uma tartaruga-mordedora, uma espécie de tartaruga de água doce da mesma família da tartaruga-aligator. Estas tartarugas estão sendo monitoradas pelo projeto Task Force Turtle que estuda, entre outras coisas, a migração e brumação, a peculiar técnica que os répteis utilizam para sobreviver ao inverno.
Como a temperatura corporal doas répteis, em geral, varia de acordo com a temperatura do ambiente eles são conhecidos como animais de sangue frio. Essa temperatura é a responsável por ativar e manter as funções vitais do organismo, como a respiração, batimento cardíaco e metabolismo em geral. No período de brumação (dormência) eles diminuem sua atividade em um processo biológico que reduz seu metabolismo.
As tartarugas-mordedoras percorrem todos os anos o mesmo caminho no inverno para encontrar os seus buracos de lodo onde aguentam o frio do inverno. E usam o mesmo lugar lamacento a cada ano, com precisão de um relojoeiro suíço.
Neste caso, a tartaruga que carrega seu próprio mundinho da imagem acabava de emergir de um espaço barrento próximo de um lago que recém tinha secado. De fato, haviam deixado de rastreá-la e perguntavam que tinha ocorrido a ela. Ao que parece, essa tartaruga perdeu a hora em seu processo migratório anual.
De modo que não é que a tartaruga esteja carregando sua própria casa para se proteger -ou terraformar um novo planeta reptiliano-, senão que ainda não acordou direito.
De qualquer maneira, estes animais são bastante extraordinários por este fenômeno de migração que faz com que durmam a cada ano no mesmo lugar com uma precisão de centímetros.
Os cientistas experimentaram ministrando-lhe escopolamina -um alcalóide obtido a partir de plantas como a petúnia- a estas tartarugas para ver como afetava sua rota, já que a substância costuma bloquear a memória. E efetivamente, as tartarugas que receberam esta substância não conseguiram regressar a seu nicho de lodo sob os efeitos da droga e, em vez disso, ficaram vagando e dando voltas por horas.
Ainda que certamente questionável desde um ponto de vista ético, isto não é tão cruel como parece, pois 6 horas depois, quando a substância é eliminada naturalmente, voltam a tomar seu caminho e chegam a seu destino.
Fonte: LiceSci.
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Comentários
Eu perdi uma hora da minha vida na fila do banco e achei péssimo! Imagino que 6 horas na vida da tartaruga, dando voltas sem rumo, sejam uma década perdida. Cientistas sem noção....