Uma busca elementar no Google revela o problema: ao digitar "Amazon" os primeiros resultados intercalam menções à gigantesca companhia fundada por Jeff Bezos e descrições do Amazonas. Em português não existe o conflito, dado que seus nomes diferem, mas em inglês ambas asa instituições, Amazon a empresa e Amazon a selva tropical, competem por um mesmo nome. Uma batalha que também chega aos domínios da web. |
A empresa americana estaria há sete anos tentando adquirir o domínio ".amazon", uma compra que lhe permitiria estabelecer espaços digitais para promover seus crescentes serviços (travels.amazon, hotels.amazon, etc.). O problema? Os "amazonenses" não concordam. Oito governos latino-americanos estão em meio da disputa.
A encarregada de resolver o desencontro é a Corporação de Internet para a Atribuição de Nomes e Números (ICANN), um organismo de caráter internacional e sem fins lucrativos. A ICANN surgiu no final dos noventa com objetivo de limpar e melhorar a web. Em sua origem os critérios para acessar um domínio eram estritos. Habilitaram nomenclaturas nacionais baseadas em o código ISO 3166-1 alpha-2 (em essência, o padrão global para resumir o nome de qualquer nação em dois caracteres: .br, .pt, .uk) e uma série de domínios globais como .com, .net, .org e um longo etcétera.
Aquele sistema tinha suas limitações, e foi sendo ampliando ao longo do tempo. A ICANN hoje permite registrar um monte de domínios personalizados, destinados tanto a cobrir necessidades culturais específicas quanto questões empresariais (.gov, .aero, etc.).
Os registradores devem contratar seus serviços com uma série de provedores e escolher sua nomenclatura. Durante os últimos anos sua extensão cresceu (.london, .photo, .museum, .travel) com objetivo de dirigir-se a públicos específicos com maior eficiência.
E .amazon? Conquanto os conflitos existem, tendem a serem resolvidos com dinheiro. Não será o caso de .amazon: a companhia ofereceu mais de $5 milhões em Kindle para os oito países amazônicos que discordam se suas intenções, sem sucesso. Os políticos locais julgam a questão em termos simbólicos e identitários. Para Brasil, Equador ou Colômbia ninguém deveria possuir a palavra "Amazon", pese a que esteja em inglês, para além do povo da Amazônia.
Com a economia e política entram em jogo outros fatores. Se a Amazon registrasse hotels.amazon deixaria em uma evidente desvantagem competitiva às agências de viagens locais. ICANN está há anos tentando resolver este tipo de desacordos, mas este não se moveu nem um milímetro na balança em favor do gigante digital. A organização acha que Brasil ou Peru, entre outros, simplesmente estão atrasando o processo sem oferecer propostas concretas. Mas a Wikipédia da palavra em espanhol é bem clara:
- "Bezos escolheu o nome Amazon com um olho no dicionário, optou pelo nome porque Amazonas era um lugar 'exótico e diferente' tal como ele planejava sua loja; o rio Amazonas, era o 'maior rio do mundo', e planejava fazer da sua loja a maior do mundo."
A própria legislação de ICANN favorece os países, dado que a organização prioriza o interesse e a opinião das nações soberanas quando se trata de questões geográficas. No entanto, Bezos, agora, ainda espera que lhe dêem a razão quando diz que essa palavra é só sua para fazer negócios com ela.
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