Os criadores de Game Of Thrones explicam a decisão de Daenerys

O surto psicótico de Daenerys no meio do penúltimo episódio de Game Of Thrones dividiu os fãs. Há os que pensam que Dany fez o que sempre disse que faria, recuperar o que foi lhe arrebatado ainda que tivesse que queimar cidades inteiras. Outros não conseguem entender que a mesma pessoa que chorou a morte de uma criança, a mesma pessoa que mandou matar os escravagistas "sem ferir as crianças", agora se torne uma rainha louca que queime inocentes durante horas.

Daenerys manteve o tipo depois de perder metade de seus homens, depois de descobrir que não era a herdeira legítima do trono, depois de assumir que não a queriam em Westeros. Mas a execução de Missandei e a traição de Jon transbordaram o copo. Essa foi a explicação dos criadores da série a sua decisão de arrasar Porto Real: ficou sozinha.

- "Dany é uma pessoa incrivelmente forte", explicou David Benioff. - "Mas teve amigos e assessores muito próximos durante todo seu percurso na série. Se prestarmos atenção, quase todos os próximos a ela lhe deram as costas ou morreram e agora está sozinha. E sentir-se tão isolada é perigoso para alguém que tem tanto poder. No momento em que mais precisa de um guia, todos se foram."

Dany acha que Jon a traiu ao revelar a suas irmãs sua verdadeira identidade, mas ademais está apaixonada por ele, e ele já não é capaz de devolver seu afeto. Chegados a este ponto, dá conta de que só lhe resta uma opção para sentar no Trono de Ferro: que Westeros tenha medo dela.

Segundo Benioff ainda resta um vislumbre de moral nesta Daenerys Targaryen que ignorou os sinos de rendição. À hora da verdade, Dany aperta a mandíbula, treme de medo (um medo misturado com raiva) e duvida alguns segundos antes de lançar-se a queimar inocentes. Tudo o que fez em sua vida a trouxe até este ponto, e tem que decidir.

Grande parte da polêmica em torno da decisão de Daenerys é que esta personagem heroica, que prometia acabar com os tiranos, reinar com misericórdia... seja malvada. Mas o poder e a ambição corrompem, e neste mundo de fantasia nem tudo é 8 ou oitenta, tal e como ocorre no mundo real. Por isso, ao final do episódio, os bons são os maus. Os bons comportam-se como os maus. As linhas morais que Jon desenhou para si mesmo, para sua vida, não podem ser estendidas a todo mundo em todas as situações.

Mas isso é precisamente o que definirá o último episódio da série: pode ser que Jon seja um Targaryen, mas foi criado pelos Stark. Daenerys já não é "sua rainha", não do mesmo modo. Não pode ser, após isto.