A estranha obsessão do professor Voronoff

Em várias oportunidades falamos da fascinação de alguns cientistas à hora de pesquisar a relação entre os humanos e outros primatas: O Dr. Kellog expôs seu próprio filho recém nascido a crescer junto a um chimpanzé, para assim pesquisar as diferenças na aprendizagem; Stalin ordenou criar um exército de soldados metade homem metade macaco e Oliver, o macaco que chegou a ser declarado como o cruzamento entre um humano e um chimpanzé. Este é outro daqueles casos realmente sem paralelos.

Nascido na Rússia, Serge Abrahamovitch Voronoff, cresceu na França depois que seus pais emigraram quando ele era criança. Prontamente desenvolveu um gosto pela ciência, que desembocou numa carreira em biologia e depois na cirurgia. Interessado em transplantes, mudou-se no final do século XIX para o Egito permanecendo ali até 1910. Em sua nova terra, e depois de fazer várias amizades com os mesmos interesses, descobriu grande quantidade de eunucos e outros castrados, e passou a estudar o assunto com obsessão.

Por alguma razão, não muito afastada das teorias de sua época que acreditava que a chave do envelhecimento se encontrava nas glândulas sexuais, e que a atrofia ou desgaste das mesmas levavam ao desgaste físico, já que o corpo "perdia seu sentido biológico ao não poder se reproduzir", Voronoff desenvolveu uma técnica de rejuvenescimento realizando xenotransplantes de "glândulas de macacos jovens" em escrotos humanos. Conquanto atualmente os xenotransplantes são vistos como viáveis num futuro próximo, naquele tempo, com as teorias sem sentido e os erros absurdos que açoitavam a medicina, era realmente uma loucura submeter-se a uma dessas terapias.

Desenvolver sua técnica não seria fácil, utilizando seu próprio corpo em suas experimentações, Voronoff injetou-se com diferentes tipos de tecido proveniente de cães e ratos. Ao não notar um progresso, teorizou que as injeções não eram eficientes, motivo pelo qual procedeu a pesquisar a maneira de transplantar a glândula tiróide de um chimpanzé para humanos e, devido à frouxa legislação egípcia, posteriormente tecido testicular de criminosos executados a clientes milionários.

O sucesso
De volta a Europa, não conseguiu permissão para conseguir sua "matéria prima", mas nada lhe impedia encontrar uma fresca provisão de testículos de macacos nos zoológicos. É assim que chegamos em 12 de Junho de 1920, dia no qual Voronoff realizou o primeiro xenotransplante de tecido testicular de chimpanzé num escroto humano.

O problema todo é que sua teoria carecia de rigor científico, e as observações posteriores de acompanhamento de seus pacientes eram todas embasadas em variáveis empíricas ou interpretativas de duvidosa credibilidade. Mas eram outros tempos, e Voronoff seria
laureado por seus colegas e inclusive a revista Time o louvaria.

Mas como tudo sobe...
Passaram os anos, Voronoff escreveu um livro, atendeu a centenas de milionários e famosos do mundo inteiro, só na França realizou mais de 550 intervenções cirúrgicas, abriu sua clínica especializada e sua fazenda de criação de macacos na Itália. Mas aos poucos, alguns clientes começaram a reclamar que a intervenção não resultava no êxito esperado; e médicos famosos começaram então a falar sobre o suposto efeito "placebo" do tratamento de Voronoff.

Voronoff viu a onda de louvores virar-se rapidamente contra ele. Deprimido e derrotado, morreu no final de 51 na Suíça por causa das sérias complicações acarretadas por um tombo.

Em meados dos anos 90, vários autores ventilaram, através de psudônimos, que a causadora da AIDS teria iníciado nas polêmicas terapias de Voronoff. Será?

Fonte: Wikipedia.