Se você costuma ser prolixo quando escreve, certamente odeia o Twitter. Desde os 140 caracteres até os 280 atuais, sempre vai chegar aquele momento que o usuário tem que escolher que tipo de assassinato ortográfico vai cometer para transmitir a sua ideia dentro de um tweet. Há as "threads" (quando você emenda um tweet no outro) para escrever textos maiores, mas é um formato horrível de se ler e os puristas da rede social também não gostam muito. |
Há inclusive sites, como o Thread Reader, que servem para organizar estes textos abreviados. Foi nele que encontrei a história do tuiteiro sixthformpoet. O relato é bem curioso e até engraçado. Por isso decidi traduzi-lo e postá-lo no MDig.
Meu pai morreu. Um clássico começo para uma história engraçada. Ele foi enterrado em uma pequena aldeia em Sussex (Inglaterra). Eu era muito chegado a meu pai, então costumava visitar muito o seu túmulo. De fato, eu ainda faço isso.
Eu sempre levava flores e minha mãe visitava muito também e sempre levava flores; meus avós ainda estavam vivos e sempre levavam flores. O túmulo de meu pai costumava assemelhar-se a um sólido terceiro lugar no Chelsea Flower Show (um concurso de flores local).
Bom, mas eu me senti mal pelo cara enterrado ao lado do meu pai. Ele nunca tinha flores. Morreu no dia de Natal aos 37 anos, ninguém deixava flores para ele e agora há um florista no túmulo ao lado. Então comecei a comprar flores para ele. Comecei a comprar flores para um homem falecido que nunca conheci.
Fiz isso por um bom tempo, mas nunca mencionei isso a ninguém. Era uma piada particular comigo mesmo, eu estava fazendo do mundo um lugar melhor, um ramo de flores de cada vez. Eu sei que soa estranho, mas cheguei a pensar nele como um amigo.
Certo dia me perguntei se havia uma conexão oculta entre nós, algo secretamente me atraindo. Talvez tenhamos estudado na mesma escola, jogado pelo mesmo clube de futebol ou qualquer outra coisa. Então googlei seu nome, e dez segundos depois o encontrei.
Sua esposa não lhe deixou flores, porque ele a matou. No dia de Natal. Depois que assassinou sua esposa, também matou seus pais. E depois disso pulou na frente do único trem que passava pelo túnel de Balcombe naquela noite de Natal.
Foi por isso que ninguém deixou flores no seu túmulo. Ninguém, exceto eu, claro. Eu deixei flores para ele. Depositei flores a cada duas semanas. A cada duas semanas por dois anos e meio.
Caraca, véio! Me senti péssimo por sua esposa e seus pais. Agora, eu não ia deixar flores a cada duas semanas por dois anos e meio, mas senti que devia algum tipo de desculpa a essas pessoas.
Descobri onde eles estavam enterrados, comprei flores e me dirigi para o cemitério. Quando estava lá de pé em frente as suas sepulturas resmungando desculpas, uma mulher linda apareceu atrás de mim, boquiaberta. Ela queria saber quem eu era e por que estava depositando flores nos túmulos de sua tia e avós.
Eu expliquei a situação vexatória, tudo que tinha transcorrido até então e ela disse
- "Ok, isso é estranho, mas muito fofo."
Ainda constrangido pela situação, agradeci:
- "Obrigado, sim, é um pouco estranho. Eu sou estranho às vezes. A propósito, que tal a gente sair daqui e tomar uma bebida."
Incrivelmente, ela disse sim. Dois anos depois, ela disse sim novamente quando pedi que se casasse comigo, porque foi assim que conheci minha esposa.
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